O Conceito de Osoji no Japão
29 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: limpeza onde é difícil conseguir uma faxineira, o costume de uma limpeza geral antes da virada do ano, uma cultura que induz a preservar mesmo as coisas que não são mais usadas
As residências dos japoneses costumam ser menores do que no Ocidente, tanto as casas quanto os apartamentos. Como os japoneses têm a cultura de preservar os bens que não mais necessitam, há necessidade de uma limpeza geral, que é feita antes da virada do ano, o que costuma ser feito com uma espécie de mutirão usando todos os membros destas famílias que agora são cada vez mais minúsculas.
Uma ilustração do que seria o osoji, uma limpeza geral da casa antes da virada do ano, com a participação de todos os membros de uma família
Os japoneses costumam guardar tudo, mesmo o que não mais precisa, havendo necessidade de uma limpeza geral antes da virada do ano, para deixar a casa limpa para o ano novo. Envolvem descarte das roupas de verão que não mais necessitam, dos sapatos que já estão gastos, bem com apreciáveis estoques de tudo que eventualmente seriam utilizados, mas provaram a sua pequena utilidade. Como as faxineiras costumam custar uma fortuna naquele país, um mutirão de todos os membros da família ajuda neste osoji.
Apesar de muitos ocidentais considerarem os japoneses como preocupados com as limpezas de suas residências, a falta hoje de quem possa fazê-las deixa muitas janelas, espaços onde os aspiradores não conseguem atingir, sem uma limpeza desejada como dos brasileiros mais cuidadosos. No Japão, eventuais faxineiras não podem subir uma escada ou remover os móveis de lugar porque se elas se acidentarem as famílias são obrigadas a pagar pesadas indenizações pelos danos físicos causados, que podem arruinar as finanças dos responsáveis por muitos anos.
Portanto, o osoji se torna uma medida indispensável, que no máximo se efetua duas vezes por ano, uma certamente antes da virada. No Brasil, existem muitas instituições que ainda aceitam materiais usados, mas isto é cada vez mais raro no Japão. No descarte de um aparelho doméstico, por exemplo, tipo geladeira, televisor etc., há que se solicitar um serviço oneroso dos lixeiros para que levem estes aparelhos já fora de uso para os locais de reciclagem de algumas partes que tenham materiais raros.
Muitos japoneses sugerem também formas de armazenagens das roupas, como meias e sapatos, para que sejam usados mais intensamente e descartados quando não mais utilizáveis, o que costuma acontecer com as variações acentuadas das estações do ano. As famílias de alguns descendentes de japoneses no Brasil acabam ficando com grandes estoques de materiais eventualmente usáveis, por existe também o conceito do motainai, ou seja, um desperdício eliminar o que não é mais usado. Mas deve-se constatar que tudo isto é muito difícil de virar uma prática regular neste país.