Poder Exagerado da Indústria do Petróleo no Mundo
1 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: o cartel da OPEP conseguiu nova elevação do patamar dos preços do petróleo, produções do xisto e de antigos poços decadentes, produções fora do controle | 1 Comentário »
Todos sabem que mesmo que o cartel chamado OPEP tenha o seu poder reduzido, a indústria petrolífera mundial consegue, mesmo por um prazo relativamente curto, elevar os preços com a diminuição de suas produções, como acontece agora. No entanto, existem as que não podem ser controladas, como a produção a partir do xisto e dos poços que estavam sendo desativadas, mesmo que só possam ter efeitos limitados, principalmente em longo prazo, e causam apreciáveis danos ambientais.
Gráfico constante do artigo no Valor Econômico que deve ser ligo na íntegra
A grande dificuldade é que interesses das empresas petrolíferas que não se prendem somente aos dos seus países, ainda que provoquem danos para toda a humanidade, também provocam turbulências nas economias, como vem ocorrendo na Arábia Saudita, com grandes consequências na estabilidade do Oriente Médio. Não se compreende, também, que a exploração do xisto que vem causando graves problemas nos Estados Unidos, principalmente em suas águas como nas áreas que estão sendo danificadas para outros usos, não sofram restrições de suas autoridades, dentro da orientação liberal de sua economia.
Parece indispensável que, além dos interesses em seus países, estas empresas petrolíferas necessitem considerar os danos que estão causando ao mundo, tanto pelas doenças que disseminam entre as populações quanto os danos materiais, como os desastres climáticos, inclusive para as produções agropecuárias de alimentos vitais para os seres humanos.
Mesmo que se aceite que as indicações do mercado sejam relevantes para promover o desenvolvimento econômico e mantenham condições para o aperfeiçoamento democrático, não se pode continuar permitindo que façam estragos tão profundos para todo o mundo, alimentando até conflitos armados de grandes dimensões.
Tudo indica que a humanidade ainda não conseguiu que os efeitos de curto prazo se diferenciem dos de longo prazo. Fica difícil controlar algumas situações emergenciais, mas quando os danos se prolongam e aprofundam ao longo do tempo, há necessidade de mecanismos para controlar os exageros que afetam tantos de forma tão profunda. Mesmo que alguns custos sejam necessários, parece indispensável que se tenha consciência da existência de alternativas razoáveis que sejam sustentáveis.
Lamentavelmente, até os que conseguem ser eleitos democraticamente possuem interesses comerciais que se estendem por outros países. As turbulências no Iraque e atualmente na Arábia Saudita sofrem efeitos dos interesses econômicos de familiares de governantes como dos Estados Unidos.
Lamentavelmente, não se consegue capturar estas ações como corrupções, ainda que estejam beneficiando alguns grupos. Ninguém é ingênuo para imaginar que isto faça parte da dura realidade, mas para tudo existem limites. Quando os problemas se restringem ao campo de um país, pode-se considerar que sejam de administração interna, mas quando ocorrem de forma internacional afetando a economia mundial, parece que surge a necessidade de algumas formas de regulamentações.
Sabe-se que isto não ocorre somente com as fontes de energia, que são importantes, como armamentos e atividades financeiras internacionais que são altamente rentáveis e que ampliam seus efeitos fora das fronteiras de um país. Imaginar que a imagem deixada por estas empresas no mercado seja suficiente para coibir suas ambições, não parece corresponder à realidade. Mesmo que as ações políticas de qualquer país também envolvam considerações dos interesses econômicos de suas empresas, não parece que seja indispensável que deva se respeitar as liberdades de todas elas. Existem valores indispensáveis a serem considerados quando imaginamos que todos somos seres humanos.
Tendo em vista que praticamente qualquer resíduo agropecuário pode ser processado para dar origem a ao menos um biocombustível, bem como recentes avanços no uso de substratos de origem vegetal em substituição a insumos petroquímicos, me parece possível ao menos diminuir a extensão do poder político dos sheiks do petróleo e de outros ditadores que sustentam seus regimes pela exploração do petróleo como é o caso do Nicolás Maduro.
Diga-se de passagem, por mais que eu seja favorável ao biodiesel e até nutra alguma simpatia pelo etanol de milho (que por incrível que pareça não é de todo ruim, nem mesmo no âmbito da segurança alimentar), de uns tempos para cá tem aumentado meu interesse pelo biogás/biometano.