Política é Muito Difícil em Países Complexos como a China
4 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a segunda geração vermelha, falta a transparência de informações políticas da China, importância da lealdade à ascendência, tendência de Xi Jinping prestigiar o hong er’dai
Ainda que a compreensão da evolução política seja difícil em qualquer país, quando se trata da China, com uma imensa diferença regional e não sem muita transparência nas informações, suas análises acabam mais complexas.
Há indícios que o presidente Xi Jinping esteja se cercando de fiéis plebeus que conheceu na sua trajetória pelas províncias rurais da China. Foto publicada no Nikkei Asian Review
A imprensa japonesa costuma dedicar-se à analise das informações políticas da China, tanto pela sua ascendência mundial recente quato por ser o principal parceiro comercial do Japão. Um artigo de Katsuji Nakazawa, publicado no Nikkei Asian Review, sugere que o presidente Xi Jinping, mais do que se cercar de pessoas como ele que tiveram ascendentes de importância no passado da China, estaria procurando se cercar de fiéis colaboradores considerados plebeus, que promoveu para posições de grande importância futura que chamam de hong er’dai. Portanto, mais que as possíveis elites, seriam os que já revelaram competência e que, além de fiéis, teriam condições de manter o desenvolvimento do país por décadas, ainda que isto também possa gerar reações perigosas de algumas outras facções políticas chinesas.
Dos recentemente escolhidos para postos estratégicos na China, somente ele, Xi Jinping, e o general Zhang Youxia fogem a esta regra fazendo parte do Politburo de 25 membros. Entre os exemplos de plebeus, figura Chen Min’er de 57 anos, que já trabalhou no passado com o atual presidente, podendo ser considerado como totalmente fiel. Outro seria Li Xi, 61 anos, que foi nomeado o principal funcionário na importante província de Guangdong.
Chen Min’er, 57 anos é considerado um exemplo de plebeu escolhido por Xi Jinping pela sua fidelidade. Foto constante do Nikkei Asian Review
Informa-se que Xi Jinping, quando escolhido para assumir o poder, desapareceu por alguns dias, quando se encontrou com a chamada segunda geração vermelha, garantindo a execução dos seus planos com um novo grupo de promissores executivos, inclusive no exército. Alguns contrários foram expurgados, acusados de corrupção.
A estratégica Guangdong estava sob o comando de membros do grupo do ex-presidente Hu Jintao há uma década, escolhido por Deng Xiaoping. Passou agora para o comando de Li Xi, também considerado fiel a Xi Jinping, sem que tenha ascendência de destaque, mas que já demonstrou competência quando trabalhou com o atual presidente.
Não está assegurado que não hajam reações, mas parece que o presidente Xi Jinping atua no sentido de que os preteridos tenham recebido a honra de visitas do presidente, a fim de neutralizar as possibilidades de reações.
Li Xi foi escolhido como o principal funcionário na estratégica Guangdong após a limpeza dos considerados corruptos. Foto constante do artigo no Nikkei Asian Review
Tudo indica que Xi Jinping vem tomando as devidas cautelas quando reduz o poder dos grupos ligados aos ex-presidentes Jiang Zemin e Hu Jintao, mas não existe total segurança de que não hajam reações. Como sempre, serão os resultados com a manutenção do desenvolvimento econômico num nível elevado, ainda que inferior ao que se veio obtendo recentemente.
Observa-se que todos os setores da China vêm recebendo a devida atenção, mas a área militar, que no passado tinha alguma liberdade do poder político, hoje parece totalmente controlado, o que permite supor que sua posição na Ásia se fortalece mais acentuadamente, com a fragmentação dos Estados Unidos e seus aliados. Os atuais dirigentes parecem bastante conscientes do que aconteceu na China durante a Revolução Cultural e estão avançando para novas gerações, sem deixar espaço para grandes retrocessos.