Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Taxas de Juros no Mundo

23 de janeiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: começando pelos Estados Unidos e acompanhado pelas economias desenvolvidas, os problemas para os países emergentes, tendência para elevação da taxa de juros nos diversos países

O economista Lee Jong-Wha da Coreia do Sul que, além de professor de Economia na Universidade da Coreia, tem experiências em organismos internacionais e no governo coreano, escreve um artigo no Project Syndicate falando da tendência para a elevação da taxa de juros, que já começa a dar os primeiros sinais em alguns países. Sem a medida, o nível de endividamento das empresas tendência a elevar-se de forma substancial com o início da recuperação na economia global.

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Economista Lee Jong-Wha professor da Universidade da Coreia, com experiência em organismos internacionais

Este economista coreano prevê que os países asiáticos, tendo na liderança a China, o Japão e a Índia, tendem a contar com uma recuperação expressiva em 2018, com estabilidade na inflação. Mas, em decorrência do que está fazendo o FED norte americano, haveria uma elevação da taxa de juros, até para evitar que as empresas e os países aumentem seus endividamentos de forma exagerada.

Um fator que não vem sendo considerado por todos é que a possibilidade das condições climáticas instáveis traria um ligeiro acréscimo no processo inflacionário, no mínimo em decorrência do aumento dos riscos. Já estaria ocorrendo um refluxo de capitais para os Estados Unidos diante da redução das tributações para as empresas e privilegiados daquele país. Todos sabem que existe uma grande defasagem até que a política monetária resulte em consequências nos mercados.

Ele registra também que organismos europeus, como o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra, já se preparam para elevar seus juros. Evidentemente, as autoridades monetárias serão cautelosas promovendo uma elevação de forma gradual. Também não se comenta que a liquidez atual existente no mundo decorre da assistência que os diversos países deram para que os bancos não provocassem um risco sistêmico com os problemas que começaram em 2007/2008.

Ele menciona que as autoridades coreanas já estão preparando a cautelosa elevação dos juros, o que deve ser seguida por outros países asiáticos como a Malásia, Taiwan, Tailândia e Filipinas, o mesmo acontecendo na China, onde os fluxos financeiros internacionais são elevados. Ele considera que a resistência seria política, pois os créditos fáceis e abundantes são os estímulos mais rápidos para a expansão econômica. Em muitos países asiáticos, os responsáveis pelos bancos centrais devem ser substituídos nos próximos meses e estarão sujeitos às pressões dos políticos.

Quando se transpõem estas considerações para o Brasil, nota-se que o Banco Central do Brasil, ainda que tenha promovido a redução, esta não influi tão decisivamente nos juros efetivamente praticados pelos bancos nos seus empréstimos que possuem uma margem absurdamente elevada. Com a redução desta margem, haveria condições de ajudar na recuperação econômica que ainda é incipiente e está muito longe dos patamares do passado.

O que já vem ocorrendo é que as empresas multinacionais já estão aumentando seus fluxos de recursos para os Estados Unidos, diante da redução dos impostos naquele país. Com juros ainda que ligeiramente mais altos que os atuais, as tendências são de aumento destes fluxos, provocando uma pressão sobre o câmbio. Os recursos externos tendem a se tornar mais arriscados, com possibilidades de sensível elevação da taxa cambial. Até agora, o que veio acontecendo com a inflação não dependeu da atitude ativa das autoridades monetárias, que infelizmente tende a ficar a reboque dos interesses das instituições financeiras.

Mas a partir de um determinado momento, haverá necessidade de uma posição mais clara do Banco Central do Brasil, que também estará sujeita às irregularidades climáticas do tipo El Niño e La Niña, além de uma clara política de recuperação da economia brasileira.