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Discussões Radicalizadas Sobre Política e Sexo

10 de janeiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias, Política | Tags: diversos tons de cinza, exageros em discussões políticas, o problema do assédio sexual, posições que não são somente em preto e branco, radicalização | 2 Comentários »

clip_image002Nas discussões recentes que se observam no mundo, tanto quando se trata de assuntos políticos como de assédio sexual, tudo parece estar colocado em posições extremadas, quando, em vez de branco e preto, o que parece predominar são muitas tonalidades de cinzas, dos mais escuros aos mais claros.

Catharine Deneuve e um grupo de francesas tiveram a coragem de publicar um artigo no Le Monde criticando o excesso de puritanismo na atual onda de denúncias sobre assédio sexual, que muitos já estão radicalizando

Este site vem defendendo a posição que as atuais discussões estão radicalizadas, possivelmente pela superficialidade com que os diversos assuntos estão sendo tratados nos meios de comunicação social que privilegiam a velocidade do que a profundidade da análise, que começou na política e ganhou repercussão até com os problemas recentes do assédio sexual.

Não nos parece que nestes e outros assuntos, uma radicalização de posições seja a mais conveniente, pois a maioria dos problemas envolvendo os seres humanos não está definida claramente, havendo nuances que também precisam ser consideradas. Uma posição política pode ser liberal, mas não significa necessariamente que toda ação governamental seja dispensável, deixando todas as decisões com o chamado mercado, onde o poder econômico cria uma situação de domínio dos privilegiados. Mesmo nos atuais países chamados socialistas, não existe uma total ausência de iniciativas privadas, havendo, isto sim, graus diferentes de interferência da ação governamental.

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Xi Jinping, de quem todos esperavam que ajudasse na descentralização da China, parece estar concentrando mais o poder político

Onde estaria a posição razoável, será sempre difícil de ser estabelecida, pois abusos sempre acabam ocorrendo de parte a parte, havendo percepções diferentes entre os componentes de uma coletividade, que também mudam com tempo e as circunstâncias. De forma semelhante, se as mulheres desejam legitimamente condições de igualdade, inclusive para o terceiro sexo, mesmo admitindo que existam exageros no uso do poder para conseguir facilidades sexuais não consentidas reciprocamente, inibir totalmente aproximações para constatar as reações possíveis da outra parte parece não ser realista mesmo entre seres humanos, que possuem instintos como os demais animais. Como tudo isto é discutível, mesmo uma colocação supostamente branda como esta deverá suscitar reações exageradas, pois não se trata de uma questão totalmente racional, mas que envolvem emoções.

Ainda que existam legislações sobre estes assuntos, interpretações diferentes sobre o que está estabelecido exigem julgamentos em variadas instâncias, como costuma prevalecer nas democracias. Nestas, supostamente, todos são iguais, mas os privilegiados parecem contar com maior poder de persuasão, inclusive dos que vão ser os julgadores. A igualdade absoluta é uma utopia, portanto, e o que se pode esperar é um razoável equilíbrio, para que abusos evidentes sejam evitados. São questões difíceis que dependem de um grande número de circunstâncias, que tendem a mudar também com o tempo.

Há apenas algumas décadas, os que não se definiam como de um sexo ou outro eram totalmente marginalizados. Hoje, a maioria das sociedades aceita casamentos até de pessoas do mesmo sexo, ainda que não haja possibilidade de procriação de filhos, que teriam que ser adotados ou se socorrer ao aluguel de um útero.

Nos países asiáticos, as influências de pensamentos como de Confúcio não definem a democracia como a igualdade de todos os cidadãos. Os pais são mais considerados que os filhos, os professores do que os alunos, os idosos mais do que os jovens, o que é diferente do que se estabeleceu nas revoluções francesa e americana, onde os privilegiados possuem evidente poder maior do que os humildes.

Com todas estas diferenças, parece que temos que conviver numa sociedade com pessoas que pensam diferentes de nós, com o devido respeito. Uma discussão mais profunda sempre permite encontrar um mínimo de pontos comuns, ajudando a tornar aceitáveis as diferenças existentes. A suposta maioria teria o poder das decisões, mas que tipo de maioria?


2 Comentários para “Discussões Radicalizadas Sobre Política e Sexo”

  1. Maurício
    1  escreveu às 23:45 em 12 de janeiro de 2018:

    Puxa. Paulo bom comentário…Acho que o principal ponto da questão é do não e não..Mesmo que uma mulher fale não, mas na verdade queira algo…O homem tem que tomar como o que vale é o que ela fala deixando as subjetividades de lado.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:12 em 14 de janeiro de 2018:

    Caro Mauricio, a questão é muito difícil, e por isto está gerando toda esta controvérsia.

    Paulo Yokota