Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Que Está Acontecendo Com o Euro e o Yen

22 de janeiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a política monetária do Euro, artigo no The Japan Times, necessidade de ver o que acontece no mundo quando os Estados Unidos vão reduzindo a sua importância

Ainda que o noticiário internacional continue dando grande importância ao dólar norte-americano, o fato da redução da relevância dos Estados Unidos no cenário mundial exige que se observe o que acontece também com o Euro, onde a política monetária de Mario Draghi parece sensata. É o que acontece com este artigo publicado no The Japan News.

clip_image002

Gráfico publicado no The Japan News sobre o comportamento do euro diante da política do Banco Central Europeu

Muitos analistas econômicos no mundo continuam concentrando suas atenções ao que acontece com o dólar norte-americano, quando os Estados Unidos estão reduzindo a sua liderança mundial, havendo outros grupos como a Comunidade Europeia que, apesar da saída do Reino Unido, continua sendo um bloco relevante no mundo atual. Mário Draghi, considerado uma autoridade dos mais competentes em política econômica, expressa suas preocupações e adota uma política sensata com uma visão de prazo mais longo.

O gráfico acima mostra que o BCE – Banco Central Europeu desvalorizou o euro nos anos 2015 e 2016 para recuperar a economia europeia, o que está conseguindo apesar dos muitos problemas com seus países membros. Agora, passa por um período de sua valorização que parece ter atingido o seu limite, havendo uma necessidade de, no mínimo, provocar a sua estabilização, que no caso está sendo comparado com o yen japonês. O que acontecerá ainda este ano é uma incógnita, mas tudo indica que a política europeia acompanha a evolução que acontece no mundo, procurando depender menos do que está acontecendo nos Estados Unidos que, com sua recuperação e elevação da taxa de juros, tende a valorizar exageradamente o dólar.

É evidente que o valor de uma moeda de um país ou de uma região depende do comportamento de sua economia. Mas em alguns países como os Estados Unidos e o Brasil parece que isto caminha ao seu reboque, não havendo uma política clara que está sendo perseguido. No caso da Europa, tudo indica que o BCE sabe claramente a estratégia que persegue, ainda que fatores imponderáveis como o climático possam afetá-la. Não parece que nem os Estados Unidos nem o Brasil avaliam devidamente o que está acontecendo com o El Niño e La Niña, segundo os dados mais recentes, que podem criar problemas na inflação e na balança comercial, sem que os agentes econômicos considerem todos os seus riscos. Quando a inflação brasileira acabou ficando em 2017 abaixo da meta, só os ingênuos podem imaginar que estava nos planos do Banco Central do Brasil.

O artigo que está sendo discutido informa que Mario Draghi está já preocupado com a exagerada tendência de valorização do euro, devendo tomar medidas para que fique dentro de um patamar perseguido. Todos sabem que as medidas monetárias possuem um prazo para provocar seus efeitos e elas precisam ser tomadas com a devida antecedência. Existem muitos problemas em 2018 que ainda podem provocar mudanças, que ninguém sabe claramente qual a sua magnitude. A política econômica necessita acompanhar de perto o que estaria acontecendo, listando no mínimo os riscos principais que existem.

Tudo indica que este tipo de preocupação deverá estar na próxima reunião de Davos. Pois declarações como do presidente brasileiro de que este ano a prioridade será a recuperação do seu prestígio pessoal são preocupantes, quando o relevante deveria ser o que acontece com o Brasil, pois seu mandato já está para ser encerrado no final deste ano, após as eleições.

Observando o que acontece na Comunidade Europeia parece que se podem tirar lições importantes. Combinando uma estratégica de prazo mais longo com o pragmatismo, sempre é possível ajustar a política econômica aos imprevistos que podem acontecer e que não estão dentro do controle das autoridades econômicas.