Risco de Análises Acadêmicas e Burocráticas no Japão
19 de janeiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: considerações acadêmicas e burocráticas, entrevista da economista chefe do MUFG para o Yomiuri Shimbun, os problemas com a Coreia do Norte, problemas como a crise das moedas virtuais
Quando se lê a entrevista concedida por Yoko Takeda, economista chefe da Mitsubishi Research Institute, concedida ao Yomiuri Shimbun, nota-se que no Japão ainda prevalecem análises acadêmicas e burocráticas que não abordam os graves problemas que podem afetar aquela economia.
Yoko Takeda, economista chefe do Mitsubishi Research Institute, com pós-graduado nos Estados Unidos e experiência no governo Shinzo Abe. Foto publicada no Yomiuri Shimbun
A entrevista, que foi publicada de forma sintética no Yomiuri Shimbun, faz uma análise correta da economia japonesa onde a sua população diminui e envelhece, exigindo aperfeiçoamentos tecnológicos como robôs para atender aos idosos e substituir parte dos recursos humanos. Mas a realidade parece mais preocupante quando o mercado mundial das moedas virtuais do tipo bitcoin conta com cerca de 40% de aplicações dos japoneses e que começaram a apresentar quedas bruscas a ponto dos bancos japoneses precisarem imaginar mecanismos que mantenham a sua liquidez. Os mercados de aplicações em ativos financeiros costumam funcionar como vasos comunicantes, havendo possibilidade de contaminar outros, como as bolsas de ações e de títulos públicos.
Também as questões relacionadas com a segurança internacional do Japão que enfrenta os desafios da Coreia do Norte, com seus foguetes e armas atômicas mais poderosas dos que atingiram Hiroshima e Nagasaki, preocupam a população japonesa e ainda não contam com equacionamentos razoáveis. Qualquer acidente pode provocar crises profundas nas proximidades do Japão.
Mesmo que alguns entendam que o Abeconomics caminha de forma razoável, podendo tirar o Japão da longa deflação e fazer com que o consumo interno sustente um crescimento econômico modesto como de 2% ao ano. Qualquer acidente do tipo apontado neste artigo pode afetar de forma substancial aquela economia.
Parece indispensável considerar que o Japão está situado na Ásia onde gigantescos países emergentes como a China e a Índia continuam crescendo de forma substancial, ajudando a estimular os demais vizinhos do Sudeste Asiático. Tudo indica que o Japão teria que considerar a sua situação para não ficar numa situação como a do Reino Unido, que sofre por se isolar da Comunidade Europeia.
A exagerada dependência japonesa dos Estados Unidos, que conta com um governo que provoca fortes turbulências com suas manifestações bombásticas, parece que seria conveniente que fosse neutralizada com o fortalecimento das relações com outros países da região, incluindo a Austrália.
Tudo indica que seria interessante ao Japão aumentar a sua pauta de discussões dos problemas, ampliando para muitos aspectos da economia globalizada, que precisa contar com a participação ativa dos japoneses.