Avaliações Duvidosas Pela Carência de LÍderes no Brasil
23 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: comparações com outros países emergentes, insuficiências de comparações internacionais, riscos de conformismos com opções limitadas
O Brasil era considerado até alguns anos passados como um país emergente com elevadas potencialidades e, com as atuais modestas recuperações insustentáveis num prazo mais longo, dá sinais políticas que pode se conformar com opções com dirigentes de visões limitadas. Esta instabilidade nas avaliações política-eleitorais não é bom sinal para o país.
Depois da intervenção militar na segurança pública do Rio de Janeiro, com boa aceitação popular, Michel Temer revela intenção de disputar a reeleição, que, se não for possível, abriria espaço para Henrique Meirelles
Ainda que as pesquisas de opinião pública continuem negativas para o atual governo, a intervenção militar na segurança do Rio de Janeiro, que ainda pode apresentar muitos problemas, já desperta o interesse do Michel Temer candidatar-se à reeleição. Henrique Meirelles, no caso de impossibilidade do atual presidente, apresenta-se como interessado nesta disputa. Este tipo de instabilidade política revela aspectos inconvenientes no atual sistema eleitoral, mostrando a precariedade das avaliações populares que continuam sendo influenciadas pelas intensidades de publicidades governamentais.
Parece evidente que o atual presidente exagerou no sistema presidencial com a participação dos parlamentares, desviando recursos fundamentais para o país como na Educação, na Saúde, na Segurança Pública e na Pesquisa, que criariam condições para a eficiência brasileira de competir com países como a China e a Índia, que apresentam também grandes desafios e estão se saindo bem melhor, quando estavam abaixo do que conseguia no Brasil.
As reformas prometidas como da Previdência Social já estavam reduzidas a um mínimo e nem serão sequer votadas, deixando um quadro preocupante do ponto de vista do equilíbrio fiscal. O mesmo acontece com outras mudanças indispensáveis. Se a inflação está em baixa, a população não consegue avaliar que está se sacrificando as exportações que poderiam alavancar a firme recuperação da economia brasileira. A falta de um programa consistente e uma equipe de governo competente faz com que somente arremedos de soluções de curto prazo possam ser cogitados, quando o país conta com reconhecidas potencialidades para resultados mais expressivos.
A opinião pública não consegue efetuar comparações desejáveis com o que acontece no resto do mundo, pois as modestas recuperações que estão se registrando não decorrem das medidas do atual governo, mas do cenário mundial que melhora de forma geral, mesmo de forma modesta, por ora. Não se trata no Brasil de um processo sustentável com o aumento da eficiência que está se observando até em outros países emergentes.
A exagerada ênfase que está se dando ao setor financeiro e bancário evidencia que, mesmo quando o resto da economia e a população amarga pesados sacrifícios, os bancos continuam usufruindo lucros fabulosos. A redução dos juros se limita ao da Selic, quando continuam altos em outros setores quando comparados com outros países emergentes.
Um dirigente de um banco que atuava no país e acabou sendo absorvido acaba merecendo destaque no Brasil. Ele escolheu uma estratégia inconveniente quando atuava no exterior dando prioridade para as economias latino-americanas que conseguiram resultados modestos, com o encerrando as atuações nos países asiáticos que cresceram significativamente. O banco no exterior também acabou sendo absorvido. Estes e outros dados não parecem que cheguem à avaliação de sua compreensão adequada do que acontece no mundo. O mesmo entende que pode aspirar por posições políticas mais relevantes no Brasil, fazendo uso de seu patrimônio pessoal.
Já era hora do Brasil perceber que não serão figuras isoladas que não contam com uma equipe eficiente contribuir para a melhora consistente do país. Há que se perseguir uma reforma partidária e eleitoral que resulte em verdadeiros partidos que não sejam aluguéis de legendas para as eleições. Há que se ajustar os gastos de custeio da administração pública aos recursos arrecadados, reservando uma boa parcela para os investimentos indispensáveis. Não se pode estimular o consumo utilizando as reservas que foram acumuladas com sacrifícios.
O Brasil conta com condições para formular um programa mais sério para enfrentar os seus problemas tirando proveito dos seus ricos recursos humanos, dos recursos naturais do que dispõe e da criatividade para formulação de soluções mais inteligentes, considerando as experiências passadas, incluindo seus fracassos.