Jovens Japoneses Satisfeitos com a Atual Situação
16 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no The Economist, sem ambições, um conformismo budista
Um artigo publicado no The Economist apresenta um quadro um tanto desolador, mostrando que os jovens japoneses estão satisfeitos com a sua vida atual, não aspirando por grandes realizações.
Jovens japoneses aguardando o metrô, conformados com a atual situação em que se encontram. Foto constante do artigo publicado no The Economist
O artigo cita alguns casos concretos como de Koji Tanaka que trabalha em uma empresa de tecnologia, usa o seu tempo livre para outros programas fora do seu emprego ou faz uma massagem do tipo shiatsu, que o mantém relaxado. Ele gosta de jantar com os seus amigos e apreciaria vagamente de ter sua família, mas não aparenta estar empenhado para tanto. Afirma estar satisfeito com sua vida atual, como muitos outros jovens, apesar de ter uma vida monótona quando comparada com de outros países.
Por incrível que pareça, o Japão, apesar de ter reduzido seus suicídios, continua com índices bastante altos, indicando que os jovens levam uma vida monótona e são pouco sociáveis. Muitos continuam morando com seus pais, como “solteiros parasitas”, sem ficar com encargos para sustentar uma residência própria ou preparar suas refeições que conseguem facilmente nas lojas de conveniência. Existem sociólogos que admitem que a convivência com os pais está melhorando, pois eles que se tornaram menos exigentes.
O mínimo que precisam é obtido facilmente, até um vestuário padrão. Não aspiram ter um carro de luxo ou esquiar no inverno. Tudo que precisam conseguem com o uso do smartphone. Nem o sexo os atrai, havendo 40% de jovens que ainda são virgens aos 34 anos de idade.
Muitos entendem que seria bom ter namoradas, mas não se empenham para tanto. As mulheres também não se sentem desesperadas para constituir uma família, ainda que se acontecer seria algo positivo. Embora no passado houvesse mais regras e convenções, hoje os jovens estão mais relaxados. Acham que a geração dos seus pais se concentrou em ser animais econômicos, o que não acontece com os jovens de hoje. Não se preocupam muito com o futuro, pois a sociedade japonesa já conta com meios para assisti-los, ainda que se preocupem com suas aposentadorias mais do que com seus empregos.
Os empregos são fáceis no Japão atual, mesmo que as carreiras por toda a vida estejam se reduzindo. Ainda que o casamento continue sendo a base da estrutura familiar, poucos têm filhos. Os que nunca se casaram até 50 anos, que era de 5% em 1970, aumentaram em 19% em 2015.
Em muitas sociedades desenvolvidas, os jovens estão se envolvendo com trabalhos voluntários, inclusive no exterior. Ainda que isto também ocorra no Japão, sua escala não parece significativa. Não parece por acaso que a economia japonesa caminhe para um crescimento quase nulo, onde, com a população se reduzindo, o patrimônio acumulado pelo Japão seja suficiente para atender aos modestos desejos dos seus jovens, ainda que sempre existam as exceções.