Marajás da República Brasileira
6 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: declarações como do novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo sobre o auxílio moradia, escárnio sobre as diferenças na distribuição de renda, o mundo dos marajás e dos brasileiros médios
Quando todos estão fazendo sacrifícios e a dura situação atual pode ser suportável, mas quando os privilegiados fazem escárnios sobre os brasileiros que ganham pouco, está se aumentando perigosamente a péssima distribuição de renda no Brasil e suas consequências.
Declaração do novo presidente do TJ de São Paulo afirmando que o auxílio moradia é modesto. Foto publicada na Folha de S.Paulo
Quando os marajás da República entendem que um auxílio moradia de R$ 4.378,00 mensais é pequeno, fica-se com a impressão que eles moram noutro universo, pois a grande maioria dos brasileiros não conta com esta renda para sustentar toda a sua família. Até Sérgio Moro entende que, como os juízes ganham pouco, ainda que chegando ao teto existente na legislação, que o auxilio moradia é um artifício para aumentar subrepticiamente suas remunerações. Estes escárnios mostram que eles vivem numa outra realidade, não entendendo que a justiça numa sociedade começa com uma razoável distribuição de renda, sem a qual sempre existem justificadas insatisfações das camadas mais pobres da sociedade brasileira.
O governo federal brasileiro não entende porque existe uma resistência da população à reforma da Previdência Social. Se os privilegiados tiverem que pagar por suas aposentadorias gritantemente altas, não sobrecarregando os modestos, todos aceitariam a elevação das idades. Mas todos sabem que poucos recebem substanciais aposentadorias no setor público, enquanto os mais honestos são prejudicados, agravando a péssima distribuição de renda. No caso do sistema elétrico do Estado de São Paulo, os funcionários de salários mais altos contribuem pesadamente para contar com suas aposentadorias, havendo mecanismos para tanto, não havendo necessidade de nenhuma violência sobre os direitos adquiridos.
O que parece absurdo é que recursos do orçamento fiscal acabem subsidiando aposentadorias privilegiadas de muitos dos empregados nas estatais que contam com remunerações elevadas, quando objetivos políticos acabam suprindo os déficits, numa situação semelhante do que acontece agora nos Correios.
Há uma urgente necessidade de que os sacrifícios sejam distribuídos de forma justa, no mínimo proporcionalmente às rendas que são usufruídas pelos marajás,