Pérsio Arida e o Programa do Candidato Geraldo Alckmin
20 de fevereiro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: estudos com objetivos de prazo mais longo, necessidade de estudos do lado real da economia, o economista Pérsio Arida coordenando o programa do potencial candidato Geraldo Alckmin, semelhante ao de Armínio Fraga
Sempre é interessante que se acumulem estudos de melhor nível técnico sobre os problemas brasileiros da economia e política, comandados por reconhecidos especialistas, ainda que estejam somente nos seus estágios iniciais. Mas precisamos estar conscientes que estamos somente a seis meses da próxima eleição presidencial. Ao lado das experiências de política monetária e creditícia, seria interessante que estudos com as atenções voltadas ao lado real da economia também fossem elaborados, notadamente sobre as dificuldades de gestões com as limitações políticas existentes, que se somam às difíceis execuções de uma política fiscal adequada.
Pérsio Arida foi um dos criadores do Plano Real, mas posteriormente ficou atuando no setor bancário, sem resultados brilhantes
Como no Brasil e no mundo as atividades monetárias e creditícias tiveram uma grande expansão nas últimas décadas, proporcionando remunerações atrativas, acabaram incorporando muitos talentos que se dedicaram a estas atividades. Por mais importantes que elas sejam, não atendem todas as necessidades do lado real da economia que costuma exigir prazos mais longos para proporcionar efeitos, pois depende das tecnologias e das demais restrições que costumam afetar as economias, notadamente decorrentes das atividades políticas. Mas suas experiências podem ser utilizadas para a coordenação de planos para o futuro.
Um mínimo de conhecimento de desenvolvimento econômico parece indispensável, pois a economia não é como Matemática e Física, que são mais exatas, exigindo a participação de seres humanos cujos comportamentos não são somente racionais, mas influenciados pela psicologia coletiva, onde a comunicação social e política ganham importância. As boas ideias necessitam ser disseminadas por muitos que estejam convencidos das vantagens de participar destes programas, inclusive para benefício próprio como dos que os cercam. Hoje, existem estudos de antropologia organizacional que mostram as resistências que possam ocorrer de alguns grupos, que impossibilitam uma gestão adequada de qualquer programa, como os estudados pela London School of Economics.
Mesmo que muitas legislações possam ser alteradas, pela atual Constituição de 1988 a interpretação final do que está nas suas disposições depende do Supremo Tribunal Federal, percebendo-se que existem diferentes tendências entre os seus membros. Tudo isto acaba exigindo uma política com fortes características de uma arte, mesmo baseado em dados históricos e experiências acumuladas em outros países com semelhanças com a brasileira.
A economia brasileira está inserida no mundo globalizado, podendo usufruir dos benefícios que advêm do exterior, como dificuldades que possam ocorrer em outros países, que estejam fora da alçada das autoridades locais. Isto exige também a capacidade de melhor aproveitar os recursos disponíveis, incluindo os humanos bem como os naturais – minerais e solos agriculturáveis -, além da geração de energias não poluentes. Seria desejável que o bem comum mereça maior prioridade do que benefícios restritos a poucos grupos, agravando a disparidade do patrimônio e das rendas.
O desejável era que as pesquisas estivessem mais ativas para a geração de tecnologias que permitissem o aumento da eficiência de toda a economia brasileira, que vai competir com outros concorrentes que estão organizados de forma mais eficiente. Também a educação como a saúde deveria estar contribuindo para o melhor aproveitamento dos recursos humanos. Mas é preciso aproveitar do que se dispõe, mesmo com suas limitações existentes.
O quadro político como o administrativo público com que se conta apresentam deficiências que precisam ser corrigidas. Não contando com tantos empresários agressivos, parece que há necessidade de contar com suplementações de empresas estrangeiras, tanto para aproveitamento do mercado interno como as oportunidades que aparecem no exterior. O mundo globalizado em que o Brasil está inserido, é bem conhecido por muitos dos profissionais brasileiros que estão colaborando no acúmulo de estudos técnicos.
Não parece que tudo esteja estudado com todos os detalhes, mas as linhas básicas parecem merecer maior qualidade, de forma que os que estiverem responsáveis pelo comando do país possam tirar o melhor proveito, pois não parece que estes líderes qualificados estejam disponíveis como todos desejariam.