A Complexa Associação Renault-Nissan-Mitsubishi
16 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: compartilhando componentes, desafios que apresentam tensões criativas, primeiro grupo automobilístico do mundo | 14 Comentários »
Um artigo publicado no The Economist informa que a associação da Renault e Nissan com a Mitsubishi Motors apresentou em 2017 o número mais elevado de produção de automóveis no mundo, sendo apenas superado pela Volkswagen se incluídos os caminhões.
Carlos Ghosn, presidente da Renault, na Feira de Genebra, apresentando o EZ-GO, o robô táxi
Pelos dados estatísticos de 2017, o grupo Renault-Nissan-Mitsubishi tornou-se o maior produtor em número de automóveis com 10,6 milhões de veículos, superando a Volkswagen que ficou em segundo sem os caminhões e a Toyota, em terceiro. O grupo continua atuando de forma separada, utilizando componentes e plataformas comuns, ingressando tanto nos mercados dos carros elétricos como dos taxis que funcionarão sem motoristas, num arranjo com a japonesa DeNA, uma empresa de software.
Mas nem tudo são rosa para o grupo. A Renault conta com 20% de participação do governo da França, onde o presidente Emmanuel Macron gostaria que os seus dirigentes tivessem as remunerações das estatais daquele país. Carlos Ghosn entende que o governo não deveria interferir no assunto, pois suas remunerações seguem o que acontece na indústria automobilística mundial. A força da Renault na França complementaria a da Nissan na China e nas Américas. Ghosn trabalha no sentido de que a aliança entre as atuais empresas seja irreversível, mesmo com novos dirigentes.
O grupo Renault-Nissan-Mitsubishi apresentou nos últimos 10 anos o crescimento mais expressivo, com relação aos seus concorrentes. Gráfico do artigo no The Economist, que vale a pena ser lido na íntegra
Gerenciar os atritos normais de três grandes empresas é certamente um desafio, mas eles entendem que existe uma tensão positiva. As empresas que trabalham em diversos países e com culturas empresariais diferentes costumam enfrentar problemas de antropologia organizacional, pois acabam sendo organizados em grupos que possuem naturalmente os seus interesses.
Nos próximos anos, suas atenções devem estar voltadas para a expansão dos carros elétricos e autônomos, que funcionam sem motoristas. A constante renovação tecnológica deverá ser transmitida pelas três empresas que acabam atuando como um grupo no mundo, usando componentes e plataformas comuns.
O que Carlos Ghosn acertou com o governo brasileiro é que haveria no Brasil um centro de desenvolvimento tecnológico para permitir o uso local de inovações que estão utilizadas em outras partes do mundo, até porque as condições brasileiras apresentam diferenças substanciais com de outros países mais avançados.
Yokota, a Renault é dona da Nissan e da Mitsubishi? Dizem que ela é dona da Nissan e como esta e dona da Mit….
Caro Mário de Aguiar Neto,
Existem outros acionistas, mas do ponto de vista técnico e de gestão, a sua influência é dominante.
Paulo Yokota
Paulo, na Wikipédia consta o seguinte:
“Besides being part of the Renault–Nissan–Mitsubishi Alliance, it is also a part of Mitsubishi keiretsu, formerly the biggest industrial group in Japan, through the corporation’s majority 66% stake in Mitsubishi Motors, and the company was originally formed in 1970 from the automotive division of Mitsubishi Heavy Industries.”
Caro Olavo Alvez,
Estes grandes aglomerados já tiveram maior importância no passado. Antes da Segunda Guerra eram chamados zaibatsu, mas com a derrota japonesa, foram se aglutinando em grupos, que possuem cada vez menos importância. A Mitsubishi Motors, quando precisou da ajuda de outras do grupo, não contou com o apoio indispensável, sendo obrigado a contar com a ajuda da Renault e Nissan. Também uma grande empresa de cerveja do grupo acabou de perder cerca de US$ 3 bilhões no Brasil, não ouvindo os conselhos de outras empresas que conheciam a Schincariol.
Paulo Yokota
A Mitsubishi Corporation comprou, recentemente, 20% das ações da Mitsubishi Motors Corporation.
https://www.mitsubishicorp.com/jp/en/pr/archive/2018/files/0000034112_file1.pdf
Cara Leila Fraga,
Ainda que existam resquícios do antigo grupo Mitsubishi, cada grupo decide independentemente os investimentos a serem feitos. havendo somente uma reunião de tempos em tempos para troca de ideias sobre a evolução da economia japonesa.
Paulo Yokota
Dr. Yokota:
Recomendo a leitura das seguintes matérias:
https://www.reuters.com/article/us-renault-nissan-m-a-exclusive/exclusive-nissan-in-talks-to-buy-frances-renault-stake-in-merger-prelude-idUSKCN1GJ2A7
https://www.japantimes.co.jp/news/2018/03/08/business/corporate-business/nissan-talks-buy-frances-renault-stake-merger-prelude/#.Wq-nsH9G3IU
http://www.autonews.com/article/20180307/OEM/180309574/nissan-renault-france-acquisition-merger-ghosn
http://www.autonews.com/article/20180308/OEM/180309552/france-nissan-renault-partnership-government-japan
Caro Lucas Capez,
Obrigado pelas suas sugestões.
Paulo Yokota
Yokota, incrível mesmo é a aliança Toyota-Daihatsu-Hino-Yamaha-Isuzu-Mazda-Suzuki-Subaru-J-BUS-Terra Motors. Aprendo muito com os SEUS comentários e de outros leitores do Ásia Comentada.
Caro Igor Junqueira,
Obrigado pelo comentário. Acredito que associações entre empresas complementares sempre são importantes, mas as japonesas apresentam muitas semelhanças, sendo interessante envolverem estrangeiras.
Paulo Yokoa
Prof. Dr. Yokota:
Desculpe-me por voltar ao tema, mas acho difícil afirmar que a Mitsubishi seja uma subsidiária da Nissan. Basta observar o capital social da primeira, ainda que a segunda seja titular de 33,99% das ações ordinárias da MMC.
A trading Mitsubishi Corp. aumentou, recentemente, a sua participação societária na Mitsubishi Motors para 20%. O banco Mitsubishi e o estaleiro Mitsubishi Heavy continuam com 2,45 % do capital votante. Juntos, os três possuem 22,45% do capital com direito a voto.
Contudo, sabemos que, provavelmente, outras empresas do conglomerado são titulares de ações da Mitsubishi Motors. Tokio Marine, Nomura, Nippon Life, Asahi Mutual Life, The Master Trust Bank of Japan etc. são, também, parte do keiretsu e costumam ter ações de diversas companhias japonesas de capital aberto.
O Keiretsu Mitsubishi, portanto, tem muito mais do que 22,45% das ações com direito a voto. A meu ver, é mais correto dizer que há um controle compartilhado entre a Aliança Renault-Nissan e o Mitsubishi Keirestsu.
Obsever-se que executivos de outras companhias Mitsubishi foram trabalhar na Nissan (após o investimento bilionário da Nissan na MMC) e executivos desta foram designados para laborar na MMC. Basta observar as notícias que se seguiram após a MMC passar a integrar a Aliança Renault-Nissan.
Caro Samuel de Oliveira,
Não considere o Japão como costuma acontecer no Brasil. No passado com cerca de 3% de capital, havia empresas que eram influentes sobre outras associadas. Não há necessidade de se contar com a maioria nas economias onde o mercado de capitais está disseminado entre muitos poupadores.
Paulo Yokota
Acho lamentável a França ter ações da Renault. O referido país deveria se preocupar com escolas, universidades, hospitais etc.
Caro João Carlos,
Não considere os outros países como se considera o Brasil.
Paulo Yokota