Atividades Privadas em Regimes Autoritários
8 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: assunto tratado no artigo no Nikkei Asian Review, fortes dependências do governo nos grupos privados em ascensão na Rússia e na China, o combate à corrupção na China prejudicou o grupo Anbang Insurance na manutenção do Waldorf Astoria em Nova York
Recentemente, foi noticiado que o grupo Anbang Insurance, acionista importante da Daimler (que controla a Mercedes Benz) e proprietária da Volvo, comandada por Wu Xiaohui, tinha adquirido o famoso hotel Waldorf Astoria, em Nova York, numa operação de US$ 1,95 bilhão. Mas com o grupo envolvido no processo de combate à corrupção da China, a propriedade se tornou agora do governo chinês.
Grupo chinês Anbang Insurance, com importantes investimentos no exterior, atingido pelo processo de combate à corrupção na China
O que se tem observado com certa frequência é que regimes autoritários, como da Rússia e da China, favorecem tanto a ascensão de grupos econômicos chegados aos que estão no poder como também suas perigosas restrições sob a acusação frequente de corrupções. Na Rússia, muitas das antigas estatais, notadamente as que operam no exterior, acabaram sendo controladas pelos amigos de quem está no comando do país. Parece que isto acontece agora na China, mostrando que nem tudo se deve à competência ou não para operações internacionais, exigindo dos seus parceiros um cuidado adicional nos seus relacionamentos.
Um artigo escrito por Katsuji Nakazawa e publicado no Nikkei Asian Review relata o que está acontecendo com grupos privados chineses que estavam uma rápida expansão, como o Anbang, comandado por Wu Xiaohui, que agora está sendo relacionado com grupos rivais do atual presidente Xi Jinping, com investimentos como no Waldorf Astoria se tornando do governo chinês.
Este grupo já tinha uma longa história no passado envolvido com o poder político numa região específica da China, a região de Zhejiang, e estava recentemente com elevada agressividade nos investimentos efetuados no exterior. Esta mistura de política com atividades econômicas privadas não parece algo recomendável.
O artigo informa com detalhes muitos dos antigos relacionamentos do grupo, sabendo-se que até Xi Jinping, para chegar a atual posição, também recebeu apoio de grupos chineses que atuavam no exterior. Este grupo de Zhejiang parece manter, inclusive, relacionamentos com familiares do presidente Donald Trump, mostrando o que também acontecia com as atividades políticas-empresariais de antigos presidentes norte-americanos.
Como o Brasil veio intensificando os relacionamentos com a China, principalmente nos projetos de infraestrutura de transportes como de geração e distribuição de energia elétrica, há que se considerar as devidas cautelas para não ser apanhado de surpresa.