Boa Meia Verdade Sobre o Aço Brasileiro Para os EUA
21 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: início das negociações para a redução das tarifas de importação dos EUA, necessidade de uma política mais agressiva do Brasil, notícia no site da UOL
Ainda que o governo norte-americano tenha incluído o Brasil na lista dos países que terão examinadas as possibilidades de redução das tarifas norte-americanas sobre o aço, deve-se evitar euforia antecipada.
O aço exportado pelo Brasil para os EUA são produtos semielaborados que ainda serão manipulados pelas indústrias locais e os norte-americanos incluíram o Brasil na lista dos países com os quais iniciarão as negociações para cancelamento das tarifas anunciadas
O presidente Donald Trump é considerado um dirigente precipitado e anunciou que os Estados Unidos imporão uma tarifa para a importação norte-americana do aço e do alumínio. Todos sabiam que a medida visava a China e já se anunciava que o México e o Canadá teriam possibilidade de exclusão destas tarifas absurdas que prejudicariam as siderurgias norte-americanas. Agora, Robert Lighthizer, o representante do Comércio dos EUA, anuncia que outros exportadores como a Argentina, Coreia do Sul, Austrália e União Europeia, ao lado do Brasil, também iniciarão as negociações visando a retirada desta tarifa que pode demorar ainda alguns meses. O Brasil não é competitivo para exportar o alumínio, pois o custo da energia elétrica indispensável é muito elevado.
Muitos políticos brasileiros procuram se creditar da possibilidade de redução destas tarifas, quando ainda não se concluiu o processo, que tem elevadas possibilidades de sucesso. O Brasil é irrelevante nesta exportação, ainda que para as poucas siderúrgicas brasileiras isoladas seja uma questão importante.
Sente-se uma carência de uma política clara do Brasil com relação ao assunto, pois os chineses que devem ser atingidos tendem a aumentar suas tentativas de exportação para outros países que não seja os Estados Unidos. Eles possuem capacidade para tanto e devem sofrer uma redução de sua demanda interna, com a diminuição de sua atual taxa de crescimento econômico. A siderurgia brasileira, lamentavelmente, não é mais relevante no mundo, inclusive pela falta de investimentos e introdução de novas tecnologias, como acontece também em outros setores industriais.
O Brasil vem utilizando o câmbio valorizado, que é o fator mais relevante nestes assuntos, como forma de manter a inflação baixa, mas que deixa o avanço tecnológico da indústria como das atividades exportações de todos os tipos em segundo plano, inclusive agropecuário, competitivo no mundo, induzindo níveis tecnológicos avançados e criação de empregos locais.
Os candidatos à Presidência da República necessitam explicitar o que desejam fazer para implementar políticas de comércio exterior que ajudem o desenvolvimento brasileiro.