Competição Entre a China e os EUA Ocorre em Muitas Frentes
16 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: assunto de capa do The Economist da próxima semana, era da computação quântica, frente da supremacia digital
Muitos norte-americanos, que desde a vitória na Segunda Guerra Mundial estavam acostumados a ser considerados os líderes dos avanços tecnológicos no mundo, enfrentam hoje, nervosamente, avanços expressivos dos chineses, que devem ultrapassá-los nas próximas décadas em muitos setores.
Capa do novo número da revista The Economist
Afirmava-se no passado que “projetado pela Apple na Califórnia, montado na China”. Era muito comum o que ocorria nas décadas passadas, mas não é mais a atual realidade, onde a Alibaba e Tencent tem valor de mercado de US$ 500 bilhões rivalizando com o Facebook. Os equipamentos chineses estão sendo exportados para todo o mundo, seus computadores são os mais rápidos, os centros de pesquisa de computação quântica os mais generosos no universo e o seu sistema de navegação por satélite competirá com a GPS norte-americana.
Muitos são os que admitem que a China ultrapasse os Estados Unidos em Inteligência Artificial em 2025. Não parecem ser tendências que possam ser evitadas, como pela proibição da aquisição da norte-americana Qualcomumm, de chips, pela Broadcom, de Cingapura, havendo necessidade de um novo posicionamento estratégico no desenvolvimento de novas tecnologias, segundo a revista The Economist.
A China tem um dos maiores grupos de cientistas em TI, 800 milhões de usuários da internet e os avanços que estão esperados pelos chineses beneficiarão também os norte-americanos. Não parece que, proibindo algo para padrões mais modestos, conseguirão evitar os avanços dos chineses. Não se trata mais de competitividade em brinquedos e televisores, mas nas principais tecnologias de informação. Com seu regime autoritário, estão com alternativas para a democracia liberal, notadamente na dinâmica Ásia.
Como pode responder a esta situação os Estados Unidos? Quando das décadas de 50 e 60 aos desafios da União Soviética os Estados Unidos investiram na educação, pesquisa e engenharia, conseguindo algo como o Vale do Silício, com uma competição saudável, absorvendo imigrantes de todo o mundo.
Alegar segurança nacional, sem o devido cuidado, apresenta riscos. Não se trata de proibir a China a fazer algo nos Estados Unidos, mas melhorar as perspectivas futuras de suas próprias empresas. Os cortes orçamentários para as pesquisas não são um bom sinal. Proibir a imigração de talentos estrangeiros não ajuda em nada e ignorar as mudanças climáticas não parecem boas respostas, segundo a revista.
São questões que exigem profundas reflexões, alentando para o tipo de educação de Cingapura, como ressaltado pelo criador Fórum Econômico Mundial. Para o Brasil, em nível bem mais modesto, há que se pensar em continuar competitivo, com educação e pesquisa, para ter a chance de aproveitar melhor todas as condições que se dispõe no país, com seus principais concorrentes no mundo.