Povoamentos Entre os Anos 1200 a 1500 na Amazônia
28 de março de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: imagens de satélites comprovadas por pesquisas arqueológicas de brasileiros e ingleses, povoamentos fortificados de variadas dimensões, publicados no Nature Communications de natureza científica | 2 Comentários »
Estão sendo divulgadas informações científicas sobre povoamentos na Amazônia que teriam de 500 mil a 1 milhão de habitantes no período do ano 1.200 a 1.500, antes da chegada dos europeus ao Brasil. Haviam aldeias, algumas ligadas por estradas, fortificadas e localizadas nas cabeceiras do atual Rio Tapajós, noroeste do Estado do Mato Grosso.
Formações geométricas detectadas pelos satélites e confirmadas por pesquisas arqueológicas mostram aldeias que estavam demarcadas por valas e possivelmente cerca de madeiras, na Amazônia, entre os anos 1.200 a 1.500. Foto publicada na Folha de S.Paulo, cujo artigo vale a pena ser lido na íntegra
Estas regiões eram ocupadas por florestas e, na medida em que foram derrubadas, transformando-se em pastos, ficaram mais fáceis de serem detectadas pelos seus desenhos geométricos, confirmados por pesquisas arqueológicas em andamento.
Os trabalhos estão sendo executados por uma equipe liderada por Jonas Gregório de Souza, brasileiro que trabalha na Universidade de Exeter (sudoeste da Inglaterra), mas conta também com pesquisadores de Universidade Federal do Pará, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e da Universidade de Mato Grosso (campus de Nova Xavantina).
A região dos sítios arqueológicos, entre os rios Aripuanã (no Oeste), Juruena e Teles Pires; os maiores assentamentos antigos têm entre 10 hectares e 20 hectares. Gráfico publicado no artigo da Folha de S.Paulo
Os trabalhos executados até agora já permitem identificar cerca de 500 dos chamados geoglifos que se estendem do Alto Xingu até o atual Acre. Reformulam as ideias anteriores que admitiam que a região não comportasse grupamentos de muitos habitantes dada as precariedades da região, que não eram propícias para a agricultura que permitiria a alimentação de grandes massas. Hoje, está se evidenciando que já havia uma espécie de agricultura com aproveitamento de terras, utilizando técnicas mais avançadas.
Até recentemente, acreditava-se que as maiores populações nas Américas pré-colombianas ocupavam áreas acidentadas, como os Andes, onde havia civilizações com conhecimentos avançados. Mais recentemente descobriu-se na atual Guatemala provas de grandes populações com dezenas de milhões de habitantes, superior a da Europa, inclusive com formas de escritas usando desenhos. Agora há comprovações de significativas populações em áreas como da Amazônia, ainda que as pesquisas arqueológicas estejam em estágios iniciais. Mas já existem evidências para a existência de locais rituais de grande porte, anda que não sejam tão antigas como as do Andes.
As aldeias maiores estavam em altitudes de cerca de 300 metros o que evitava os problemas com as cheias que assolam frequentemente a Amazônia. As pesquisas ainda estão em estágios iniciais, mas com o acúmulo de mais estudos pode-se esperar mais novidades, inclusive os fatores que teriam contribuído para suas expansões e posterior decadência.
Ótimo artigo!
Caro Caio Mendes,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota