Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Possível Mudança da Política na Coreia do Norte

23 de abril de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a nova posição política da Coreia do Norte, necessidades de volumosos recursos para uma corrida armamentista, negociações com a Coreia do Sul

Os chineses sempre ensinaram que subestimar a capacidade dos adversários pode ser um erro. É o caso do atual ditador norte-coreano Kim Jong-un e a nova primeira-dama Ri Sol-ju, pouco conhecidos no Ocidente, que vêm se demonstrando mais preparados do que muitos imaginavam. Agora, mudando sua política externa, anunciam a paralisação dos seus programas de armamentos atômicos e foguetes para o seu transporte, iniciando longas negociações que podem conduzir à reunificação das duas Coreias, cujos conflitos nunca tiveram um acordo de paz.

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O ditador norte-coreano Kim Jong-un e sua primeira-dama Ri Sol-ju que, paralisando seus programas nucleares, iniciam as negociações para a reunificação com a Coreia do Sul

É sabido que, quando do fim da Guerra da Coreia, o Norte dispunha de mais recursos naturais e o Sul só podia crescer economicamente pelo apoio maciço dado pelos Estados Unidos e seus aliados, dentro da guerra fria com a antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Ainda que seja difícil, a reunificação das duas Coreias é inevitável, mesmo demorando muito, o que vem sendo proposto pelo atual presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Todos sabiam que a Coreia do Norte não teria recursos para prosseguir no seu programa custoso de foguetes e armamentos nucleares. Quando os Estados Unidos forçaram a antiga URSS para uma corrida armamentista, acabou praticamente falindo a Rússia, dissolvendo a URSS com a saída de muitos dos seus membros. Os coreanos do Norte são realistas suficientes para admitir que não contam com recursos para o seu desenvolvimento, mesmo sacrificando sua população, ao mesmo tempo em que teriam que investir muito na sua corrida armamentista.

O exemplo da unificação da Alemanha que estava dividida desde o fim da Segunda Guerra Mundial entre a Ocidental e a Oriental, que custou uma barbaridade, mas era uma necessidade, pois antes do conflito mundial era somente uma sociedade, ainda que com diferenças econômicas acentuadas entre o Norte e o Sul do que entre o Leste e o Oeste.

Com o que a Coreia do Norte dispõe hoje, as duras negociações para a reunificação poderão lhe proporcionar algumas vantagens, custando para o Sul e seus aliados gigantescos esforços para novo reequilíbrio das diversas disponibilidades, como da infraestrutura indispensável no seu sentido mais amplo.

É preciso entender que do ponto de vista econômico, a reunificação proporcionará economia de escala. As dificuldades maiores devem ser as políticas, pois muitas décadas de diferenças de regimes deixam arraigados interesses grupais diversos.

Para quem não vive pessoalmente estas difíceis situações, a compreensão de algumas reações chega a ser não entendível. Por exemplo, alguns japoneses foram sequestrados pelos coreanos do Norte, para o ensino do idioma nipônico. Hoje, alguns se recusam a retornar ao Japão, preferindo continuar a viver na Coreia do Norte, apesar dos intensos apelos dos seus familiares.