As Floradas das Cerejeiras Inspiram os Japoneses
16 de abril de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: esperanças de melhores dias, fotos inspiradoras para os japoneses, no meio da desgraça de Fukushima, o anúncio da primavera para início do plantio do arroz
Duas notícias contrastantes inspiram as esperanças de melhores dias em Fukushima, atingida pela contaminação provocada pela usina atômica da região, onde 80% dos evacuados não retornaram mais para a região e sofrem também a angústia que danos psicológicos possam ser compensados por duvidosas indenizações, que apresentam injustiças marcantes entre os flagelados, dependendo de onde moravam. Suas produções sofrem discriminações dos consumidores com receio de radiações, ainda que atestados pelas autoridades que não apresentam riscos.
Uma cerejeira “Oyamazakura”, que existe há mais de um século, foi capturada em seu pico em uma deslumbrante foto tirada em 13 de abril em Fukushima, com sua imagem refletida na água, publicada junto ao The Asahi Shimbun que vale a pena ser lido na integra
Famosa a ponto de ser denominada Kagamizakura (cerejeira espelho) ela, segundo o agricultor local Masakiyo Otsuka, anuncia o início da primavera na área, quando começam os trabalhos de plantio do arroz na região.
No entanto, muitos moradores da região estão afetados psicologicamente, pois o governo e os dirigentes da Tepco, a empresa que operava a usina, encaram que as questões se resumem em duvidosas indenizações que deveriam ser pagas até 2051, mal dando para a precária sobrevivência que em média seria de cerca de US$ 1 mil por mês, por habitante, como consta de um artigo publicado no The Japan Times.
O fato concreto é que o governo não vem conseguindo efetivar um programa consistente para a total recuperação da região, cujas escolas estão com poucos alunos e as atividades econômicas não são capazes de se manter somente com a população restante. Em algumas áreas, fica-se com a impressão de se tratar de uma região fantasma que só será recuperada com algo como um plano Marshall, que se seguiu no Japão depois da Segunda Guerra Mundial. Certamente, não se trata de uma simples indenização monetária, mesmo de justiça duvidosa.
Há que se estimular os persistentes que se lançam ao plantio de arroz na região, dentro da esperança que haverão de se suceder novas épocas. Muitos pescadores da região estão conscientes que as radiações ainda persistem dos resíduos das águas não estão equacionadas, ainda que sejam em níveis toleráveis pela saúde humana. Quando os consumidores evitam produtos que potencialmente podem provocar danos, não se pode culpá-los por preferirem os de outras regiões que não apresentem problemas similares.
O Japão ainda vai necessitar de muita energia proveniente de suas usinas atômicas espalhadas por todo o seu território. Mas a prioridade para novas fontes, além das solares e eólicas, como as termais, necessitam ser consideradas com objetividade pelas autoridades nipônicas. O que está sendo considerado pelas autoridades atuais não parece atender todas as necessidades da população japonesa. Mas os anos passam e sempre resta a esperança simbolizada pelo sakura, que sobrevive por mais de um século naquela região de Fukushima.