Joaquim Barbosa Pode Ser Uma Esperança
19 de abril de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: combate à corrupção e sabe o que acontece com os que aproveitam os privilégios do setor público, não é um político tradicional e evita aparecer demais na imprensa, nasceu pobre e estudou muito até no exterior, pelo comportamento atual Joaquim Barbosa pode ser o candidato que muitos esperam para a Presidência da República | 15 Comentários »
Se muitos eleitores brasileiros procuravam um candidato novo que difira dos políticos tradicionais, com sólidos conhecimentos até internacionais, capaz de governar delegando poderes para a sua equipe, ele pode ser Joaquim Barbosa, que cuidadosamente costura a sua candidatura, tendo uma aceitação qualitativa com todas as condições para atender muitos eleitores que estão cansados com o que acontece atualmente no Brasil.
Nasceu pobre, estudou muito, inclusive na França onde se doutorou e nos Estados Unidos, foi presidente do Supremo Tribunal Federal, inscreveu-se no PSB e as pesquisas qualitativas indicam que ele se identifica com o juiz Sérgio Moro e Lula da Silva, principalmente para os eleitores da classe C, D e E
Muitos se preocupam que ele não tem uma grande experiência política, mas ele é precavido na preparação e está articulando cuidadosamente com especialistas que possam compor a sua equipe, tanto nas atividades políticas como econômicas, tendo um pensamento voltado para os menos favorecidos, conhecendo as limitações dos recursos disponíveis. Pode ser que acabe sendo uma surpresa, um candidato que está sendo aguardado por muitos eleitores, ainda que não seja uma unanimidade.
Sua carreira é invejável, tendo exercido funções públicas a que chegou por concursos, e mesmo sem campanha conseguiu na ultima pesquisa da Datafolha a terceira posição, atrás do Jair Bolsonaro e Marina Silva que já são potenciais candidatos há tempos, com cerca de 10% da preferência dos eleitores. Formado em Direito na Universidade de Brasília, fez o mestrado e doutorado na Universidade de Paris e foi visiting scholar no Human Rights Institute da Faculdade de Direito da Universidade Columbia, em Nova York, e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law. Domina, além do português, o francês, o inglês e o alemão.
Não procura aparecer exageradamente na imprensa, ainda que tenha exercido funções importantes no Brasil. É discreto nos contatos que vem mantendo com possíveis profissionais que possam ajudá-lo na Presidência da República, caso seja eleito. Difere de outros que chegaram ao cargo máximo sem se preparar adequadamente para tanto.
Ninguém pode antecipar como ele se comportaria se eleito, mas até agora tem sido cauteloso. Mas é um tomador de riscos, pois se candidatar por um partido que não está entre os maiores e mais tradicionais para uma candidatura desta natureza não é fácil. Muitos analistas experientes têm a opinião que ele atende a maioria das condições para um bom estadista, tendo qualificações para enfrentar situações difíceis. A opinião pública está verificando recentemente o quanto é difícil conciliar diferentes personalidades no Supremo Tribunal Federal, onde a vaidade de alguns membros parece exagerada.
Ainda que não se possam subestimar as dificuldades pela sua frente pode ser que não tendo um passado de atividades político-partidárias acabe sendo até uma condição interessante, pois todos procuram se aproximar do poder, mesmo não contando com as facilidades que muitos usufruem no momento, sendo indispensável selecioná-los, sem nenhuma discriminação.
A campanha para a eleição deste ano será curta, havendo recursos limitados para tanto. Sendo uma figura fácil de ser identificada entre os numerosos candidatos, não aparenta ser inacessível e é possível que consiga no mínimo a simpatia dos eleitores que necessita para ser eleito e fazer um governo com objetivos mais profundos do que os usuais no país, ajudando a resolver muitos problemas que existem no Brasil.
Não tendo nascido em berço de ouro, sabe das dificuldades do cidadão comum do Brasil e que é preciso lutar muito para chegar até onde já atingiu. Ele desperta uma esperança de que existe a possibilidade de dias melhores, mas que tudo exige um trabalho intenso, com um horizonte de prazo mais longo.
O senhor deveria ter ressaltado a condição de negro do ex-ministro STF Joaquim Barbosa.
Cara Simone Aparecida,
Acredito que a foto deixa claro a situação que politicamente correto seria de afro-brasileiro.
Paulo Yokota
Não estou querendo ofender o senhor, mas o fato de ser negro deveria ter sido ressaltado com imenso destaque. O Brasil, lamentavelmente, tem muitos casos de racismo (na era PT, com Lula e Dilma, os episódios de preconceito de cor eram bem menores).
Acho que o fato de não termos um descendente de japoneses, chineses ou coreanos capaz de tornar-se o líder desta nação é que está, de fato, incomodando o senhor.
Com Temer no governo, as mulheres, os negros, os índios, os homossexuais, os nordestinos, os deficientes físicos, os pobres, os travestis, os transexuais etc perderam a sua dignidade. Agora, com um negro no poder, decerto, as coisas tendem a melhorar.
Já notou a cor da pele dos políticos envolvidos com corrupção? Mesmo com as cotas nas universidades públicas e nos concursos públicos, a maior parte dos estudantes e servidores públicos não é afro-brasileiro. Vítimas do sistema, porém, é comum encontrarmos negros nas penitenciárias.
Joaquim Barbosa é a solução para um país que é, hoje, dominado por uma elite branca e opressora, por burgueses perfumados que arrotam caviar.
Ainda há tempo para corrigir o seu texto e destacar o fato do ex-minitro do STF ser negro.
Cara Simone Aparecida,
Uma das piores coisas a serem feitas é colocar seus problemas como se fossem de outras pessoas. Não me incomoda se descendentes de asiáticos entre os quais existem muitos corruptos estejam em posição de destaque ou não. Eu que fui diretor do Banco Central, presidente do INCRA tenho ficha totalmente limpa e recebo somente cerca de R$ 1.500 de aposentadoria, e continuo vivendo do meu trabalho com cerca de 80 anos de idade. Tenho parentes próximos descendentes de afro-brasileiros. Porque afirmar que algo me incomoda? Não a conheço pessoalmente e fiquei decepcionado com esta menção. Acho que deve procurar outro alvo para sugerir correções de alguns textos, pois não o faço até com pontos de vista dos quais não concordo.
Paulo Yokota
Ótimo artigo!
Cara Juliana Faria,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Caro Yokota:
Permita-me discordar do senhor, mas a leitora Simone Aparecida está coberta de razão. Será sensacional termos um presidente negro num país racista como o nosso. Só quem é negro sabe como é difícil arrumar viver no Brasil.
Em sua manifestação contra a declaração da Simone, o senhor mostra egoísmo, além de estar mais preocupado com o marketing pessoal.
“Uma das piores coisas a serem feitas é colocar seus problemas como se fossem de outras pessoas. ” Mas que frase infeliz! Os problemas dos afro-brasileiros são de todo o povo desta nação. Vamos, sim, eleger o primeiro negro como presidente da República!
Caro Manoel Pinto Siqueira,
Se V. não estiver com uma visão distorcida, poderia notar que além do que estou postando poderia “ler” o que venho sugerindo, e nem sempre convém explicitar o que estou fazendo, mais do que escrever. É preciso saber apreciar o conjunto das coisas. Tenho consciência de que toda a minha vida fiz mais pelos africanos e afro-brasileiros do que Vs. tenham feito, mas a estas alturas da campanha eleitoral, como o próprio Joaquim Barbosa vem muito bem fazendo, politicamente é mais conveniente se manter cauteloso. Esteja certo que faço muito mais que escrever ou falar. Eu sempre fiz muitas coisas objetivas nos bastidores, e suas visões restritas mostram que estamos certos. Em política, nem sempre bater direto é a forma mais eficiente de obter resultados. Digam-me o que Vs. tem feito de concreto, que me deixariam muito feliz. Por favor, estudem um pouco mais, começando por Maquiavel.
Paulo Yokota
No Brasil, mais de 50% do povo é afro-brasileiro. Todavia, a vida de um negro ou mulato é de muito sofrimento em função do preconceito étnico, ainda existente. A sociedade deve e tem de pagar a dívida para com os afrodescendentes, através de cotas para ingresso nos certames públicos e na universidade federais e estaduais.
Deveríamos estabelecer reserva de vagas para os descendentes de africanos no Congresso Nacional, nas Câmaras de Vereadoes etc. Quero cor em minha vida! Desejo os meu irmão negros ocupando espaços dominados por brancos e, algumas vezes, amarelos.
Fizemos mais pelo Brasil do que qualquer outra etnia. Disso não há dúvidas.
Joaquim Barbosa fará mais do que o Lula, a Dilma, o Collor, o FHC, o Temer e o Itamar.
Somos filhos de Zumbi dos Palmares, logo, somos guerreiros!
O Brasil será o país do futuro quando, finalmente, os negros administrarem os estados, os municípios, o DF e a União Federal.
Cara Caroline Nogueira,
Acredito que deva existir um razoável equilíbrio, e Joaquim Barbosa possui muitas qualidades, mas tenho a impressão que se deve ao seu empenho em ascender socialmente e efetuar estudos mais profundos. Não depende somente da cor da pele.
Paulo Yokota
Prezado Paulo:
Na boa, mas sou negro com muito orgulho e com muito amor. Acho que as pessoas da minha raça são, sim, batalhadoras, corajosas e a história está aí para provar. Não me estranha, portanto, o Joaquim Barbosa ter chegado ao posto de ministro do STF. Pelé, Benedita da Silva, Anderson Silva, Daiane dos Santos, Lázaro Ramos etc. mostram a força da raça negra.
Tem tudo a ver com a raça! Abraços!
Caro Jorge Henrique,
Obrigado pelo comentário. Tenho a impressão que a dura adversidade que Vs. tem encontrado ajudam a criar as condições para supera-la. Quem nasceu em berço de ouro não precisa lutar. Desde o século XVIII muitos dos mais brilhantes brasileiros eram no mínimo mulato. Começo pelo Aleijadinho, passando por Machado de Assis, Rebouças, e uma infinidade de outros. E assim vai continuar.
Paulo Yokota
Caro Prof. Paulo, frequento este seu blog faz alguns anos, esporadicamente comento alguma coisa, bem poucas vezes, mas sempre passando os olhos em muitos artigos interessantes.
Sendo afrodescendente, observo a um bom tempo que o Sr. sempre viu com bons olhos a população com ancestralidade africana, bem como as demais origens étnicas do nosso povo. Isso pode ser comprovado com uma simples pesquisa em certos artigos seus aqui.
Em especial, a surpreendente matéria sobre a Miss Japão, filha de pai afro-americano e mãe de origem nipônica, bem como seus comentários louváveis sobre o tema do racismo e miscigenação.
O Sr. tem a minha admiração e solidariedade!
Caro Alyson do Rosário Júnior.
Muito obrigado, obrigado mesmo pelas suas observações. Acredito que devemos avaliar pelo conjunto dos trabalhos, pois sempre como seres humanos temos as nossas limitações.
Paulo Yokota