Competição Acirrada na Tecnologia de Ponta de Chips
16 de maio de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: entendimentos entre os EUA e a China, posicionamentos para as próximas décadas das principais empresas envolvidas, poucos concorrentes de tecnologia de ponta na produção de chips de alta tecnologia | 2 Comentários »
O desenvolvimento de ponta na produção de chips de tecnologia avançada conta com poucos participantes e, para se chegar às tecnologias competitivas, as pesquisas exigem décadas, não havendo garantia de sucesso. Ainda que os norte-americanos tentem bloquear os chineses, foram obrigados a rever a política anunciada, que consistia num tiro no próprio pé, pois não contavam com um mercado suficiente para a continuidade de suas atividades. Os chineses, por sua vez, investem para se tornar competitivos neste mercado, o que pode demandar ainda décadas, mesmo com suporte governamental.
A Semiconductor Manufacturing International Co., a 1ª chipmaker da China, e a rival menor leader do setor, a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co., estão em negociação
Os chineses desejam encurtar o prazo para se tornarem competitivos no mercado de chips de alta tecnologia e, para tanto, é estratégico conseguir uma empresa que forneça os equipamentos para litografia de ponta que todos estão adquirindo, inclusive a Intel, a Samsung Electronics e a Taiwan Semiconductor Manufaturing. Ainda que os Estados Unidos tenham revisto o seu boicote para o fornecimento de chips de alta tecnologia para os chineses, por intermédio da ZTE, todos pretendem ter suas produções competitivas para não depender de outras multinacionais sujeitas às pressões das autoridades.
O equipamento de litografia EUV é crucial para o futuro desenvolvimento de tecnologia de chips. O sistema pode emitir luz com comprimento de onda de um 15º do tamanho do equipamento atual, permitindo a gravação de circuitos mais finos em um chip, segundo as informações técnicas.
O assunto está exposto num artigo de Cheng Ting-Fang publicado no Nikkei Asian Review com todos os detalhes técnicos, devendo ser um problema para as próximas décadas. As pesquisas exigem tempo e não existe garantia de resultados positivos, havendo poucas empresas no mundo que conseguiram sucesso.
Os investimentos para as pesquisam exigem das empresas do setor investimentos anuais estimados entre US$ 1,9 bilhão a US$ 2,3 bilhões, entre equipamentos e construções. Os chineses estão aumentando estes investimentos em cerca de 20% ao ano. Trata-se de competição entre cachorros grandes.
Quando se toma conhecimento do que está sendo feito em tecnologias como estas, entre multinacionais nos Estados Unidos e na Ásia, constata-se o Brasil está muito distante do que vem acontecendo nos países de tecnologia de ponta, exigindo uma posição mais realista dos próximos governos. E isto não ocorre isoladamente somente nos setores de tecnologia de ponta dos chips, mas de uma série de outros que precisam acompanhar as necessidades destas atividades de alta tecnologia industrial.
Com certeza, é bastante interessante ver a China crescer cada vez mais, competindo com os EUA e Europa na produção de tecnologia de ponta para todas as finalidades possíveis. Monopólios são sempre ruins.
No entanto, tenho um pé atrás com a China, assim como em relação à Europa, a Rússia e os EUA. Nenhum império é camarada, todos estão em busca de controle sobre regiões, recursos naturais e populações.
Espero que o Brasil e a América Latina, tomem os devidos cuidados com todos eles e não se deixe dominar, encontre um espaço de troca e conivẽncia com soberania.
Nesse aspecto, a melhor referência de soberania e autonomia é a França, não se submete aos EUA nem a qualquer outro poder global, tem seu caminho próprio, ao menos do meu ponto de vista.
Caro Alyson do Rosário Junior,
Obrigado pelos seus comentários. Realmente, sempre que possível qualquer país deve ter a sua independência, dependendo menos possível de qualquer potência. No atual mundo globalizado, parece que um razoável equilíbrio é o mais recomendável, mas seria interessante que o Brasil contasse com tecnologias que fossem competitivas, para servir de moeda de troca para as negociações daqueles que não dispomos. Isto está difícil de se conseguir, sem uma expectativa de prazo mais longo.
Paulo Yokota
Paulo Yokota