Instabilidades Provocadas Pelos EUA Afetam o Brasil
14 de maio de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a necessidade de mercados que possam apresentar perspectivas de longo prazo, ainda que o alvo principal dos norte-americanos seja a China, o Brasil acaba sofrendo instabilidades em mercados de diversos produtos
O Brasil vinha exportando aços semiacabados para os Estados Unidos e sofreu diretamente o estabelecimento de uma cota para estas comercializações, tendência que se estende também para o alumínio. Indiretamente, o comércio brasileiro de produtos agrícolas com a China, que complementava a dos norte-americanos para aquele país, como na exportação da soja e suínos principalmente, fica na dependência do que vai acabar se consolidando no difícil entendimento daqueles dois países, ainda que o Brasil aparente pudesse ser beneficiado, não se sabendo até quando.
O mundo continua assustado com as precipitadas medidas com as quais o governo de Donald Trump deseja equilibrar suas relações comerciais com o resto do mundo, onde o alvo principal acaba sendo a China, mas acaba provocando uma perigosa tendência de redução do comércio internacional em todo o mundo. Uma das medidas norte-americanas foi o impedimento que empresas do seu país fornecessem chips de elevada capacidade que pudessem beneficiar a economia chinesa, o que provocou uma reação que envolve até o corte da importação da soja norte-americana. Isto, momentaneamente, beneficia a exportação brasileira que, segundo os japoneses, resulta num custo de cerca de 20% acima para os chineses. Os dados recentes já indicam esta redução do fornecimento norte-americano e aumento do brasileiro. Como consequência, todos os produtos que consomem rações de suínos e frangos tendem também sofrer elevações de custo, até que a produção chinesa aumente para atender toda a sua demanda, o que ainda é difícil de estimar o tempo necessário, além das limitações chinesas de solos rurais como águas disponíveis para tanto.
Estes tipos de incertezas não beneficiam ninguém, pois os produtores agrícolas, por exemplo, necessitam ter uma razoável ideia da tendência futura, por um prazo razoável, para promoverem seus investimentos. Benefícios temporários podem provocar flutuações indesejáveis, além das naturais variações das commodities agrícolas que dependem fortemente do clima em diversos países.
De outro lado, do ponto de vista geral, a exagerada dependência da economia brasileira à economia chinesa aumentam os riscos, até porque o elevado crescimento chinês ainda depende de muitas reformas indispensáveis naquele país, que podem reduzir as taxas de expansão que estão sendo observadas recentemente. A tendência natural é que as necessidades internas da economia chinesa tenham maior prioridade para suas autoridades e empresas, quando comparada com a do Brasil, que fica geograficamente bastante distante, provocando eventuais restrições.
Portanto, as manifestações bombásticas de Donald Trump afetam o Brasil, em aspectos importantes relacionados principalmente com o comércio internacional, não provocando nem benefícios para os Estados Unidos.