O Problema do SUS no Brasil
8 de maio de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: Canadá, Conass – Conselho Nacional de Secretários da Saúde, experiências internacionais, observações do Banco Mundial e organismos internacionais, pesquisadores do Brasil, Portugal e Costa Rica, Reino Unido
Uma matéria elaborada por Claudia Collucci sobre o evento foi publicada na Folha de S.Paulo. Ainda que a aspiração da assistência médica universal seja um ideal, há que se estabelecer regras para o que realmente pode ser oferecido gratuitamente à população.
O Conass em Brasília reuniu representantes brasileiros e estrangeiros para discutir a assistência médica no Brasil
Os problemas de saúde no mundo são de extrema complexidade, pois envolvem grandes populações a serem atendidas, exigindo organizações monstruosas, difíceis de serem administradas com razoável eficiência. Mas pode-se colher das experiências internacionais sugestões para o aperfeiçoamento do que vem sendo feito no Brasil, que pode melhorar significativamente a sua eficiência, pois os recursos indispensáveis para o futuro estão estimados em R$ 701 bilhões em 2030, em termos reais.
Os dispositivos constitucionais como o atendimento universal da população de forma gratuita são um sonho que precisa ser contido dentro da realidade das duras disponibilidades de recursos. Em muitos países que também possuem sonhos semelhantes, a coparticipação simbólica, como de 10% dos pacientes, acaba impondo limites para eventuais exageros no seu uso.
O que se verificou neste evento internacional é que os primeiros atendimentos são feitos, geralmente, por clínicos gerais que, quando necessário, encaminham os pacientes para especialistas. Há necessidade de hierarquizar os hospitais, para que procedimentos mais complexos sejam efetuados em estabelecimentos especializados com volume para um atendimento mais racional, inclusive na aquisição dos medicamentos e equipamentos para, por exemplo, cirurgias de alta complexidade.
Algumas experiências internacionais acabam gratificando os médicos pelas suas produtividades. Também estabelecimentos de dimensões exageradas acabam ficando difíceis de serem administrados. Os países que efetuam atendimentos gerais, como o Reino Unido, especificam o que pode ser oferecido pelo setor público. Estas trocas de ideias sempre são interessantes, pois sempre se pode aprender com boas experiências em algum lugar do mundo.
O Banco Mundial sugere que no Brasil seria possível se economizar cerca de 16,5% com algumas medidas no SUS para um mínimo de racionalidade. Evidentemente, os conjuntos das medidas para estes aperfeiçoamentos com gastos monstruosos exigem técnicas que são diferentes dos pequenos problemas e necessitam ser acompanhados ao longo do tempo, dentro de um plano estável perseguido por diversas administrações. Mas a intensificação destas discussões acaba sendo útil, para identificar as mais prioritárias e práticas.