Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist e o Problema das Coreias

4 de maio de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades que afetam imprensa mundial, o pessimismo do The Economist considerando a desmontagem dos controles dos armamentos nucleares em nível global, os esforços para a reunificação das Coreias não podem ser desprezados

A leitura de alguns artigos do número desta semana do The Economist deixa transparecer o elevado pessimismo da revista sobre a real possibilidade de desarmamento nuclear que clip_image002possa ocorrer no mundo, atribuindo à Coreia do Norte o não cumprimento de promessas passadas. Com razão, refere-se à falta de avanço no Oriente Médio, onde Israel continua enfatizando o problema com relação ao Irã, ainda que as situações econômicas das duas regiões sejam totalmente diversas.

Ilustração do The Economist sobre a tentativa de desnuclearização da península coreana, constante do artigo que vale a pena ser lido na íntegra

Este site vem insistindo que a Coreia do Norte está propondo o congelamento dos seus programas de armamentos atômicos bem como dos foguetes que seriam seus portadores diante do reconhecimento que a corrida armamentista agravaria a sua difícil situação econômica, política e social, a ponto de provocar uma ruptura no seu regime. Algo como o que aconteceu com a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas diante das limitações dos seus recursos, que provocaram a sua dissolução sob pressões dos norte-americanos. Kim Jong Un se tornou de repente um apaixonado pela paz e Moon Jae In está sorridente por ajudar a provocar a unificação das duas Coreias, uma velha aspiração dos povos que foram divididos pelos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e seus aliados, com relação à Rússia de então que era o seu polo dialético, hoje substituído pela China.

Há que se considerar que o processo deverá ser demorado, exigindo negociações que não tenham total garantia de sucesso, mas como aconteceu na reunificação das duas Alemanhas deverá ser extremamente custosa e lenta, não exigindo somente empenhos da Coreia do Sul, como de todos os seus aliados.

Compreende-se que muitos continuem apegados aos interesses do complexo militar-industrial, inclusive no reinício da recuperação econômica mundial. Sempre foram as tensões políticas internacionais que ajudaram o clima de parte da recuperação, ainda que também existam riscos com relação à manutenção da atual globalização. Mas, como a própria revista registra em sua sua lide, “dê uma chance à paz”.

A história do mundo registra que muitos sonhadores como Moon Jae In conseguiram avanços significativos, ainda que em termos regionais. Ele tinha afirmado na Alemanha a esperança de entendimentos começando pelas Olimpíadas de Inverno, que acabaram ganhando um ritmo alucinante, a ponto de uma já cogitada reunião de cúpula de Donald Trump com Kim Jong Un para muito breve, mesmo com todas as reservas que possam ser mantidas. Muitos, como os japoneses, estão sendo atropelados pelos acontecimentos, tentando que seus pequenos interesses também sejam considerados.

Não se pode subavaliar as forças que atuam em direção à unificação das duas Coreias, que foram ao longo da história um só povo, artificialmente divididos por interesses externos que diferenciam os sistemas econômicos e políticos. Estes tipos de diferenças existem em muitos países, mas não provocam rupturas numa nação, que decorrem mais de interesses externos.

Um pouco de otimismo deve ser estimulado. Os laços que ligam muitas famílias artificialmente separadas são fortes, não havendo diferenças étnicas, culturais ou religiosas. As poucas décadas da separação precisam ser superadas. As duas Coreias juntas podem gerar um novo país, que certamente será um poderoso tigre asiático no mundo globalizado.