Uma Política de Longo Prazo Para o Petróleo Brasileiro
8 de maio de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a abundância de alternativas como solar e eólica, o preço atual do petróleo, os corais da foz do Amazonas, visão de longo prazo
Um país como o Brasil, que já enfrenta muitos problemas pela falta de uma política de longo prazo, notadamente na exploração do petróleo, conta com uma rara oportunidade para optar por uma visão, mostrando que, mesmo com as dificuldades presentes, somos realmente um país com grande futuro, contando com alternativas limpas e viáveis.
Corais na foz do Amazonas, mapa do Greenpeace
Quando se localizou o pré-sal brasileiro na região próxima do Rio de Janeiro, o Brasil entrou numa arriscada euforia que até agora só vem acrescentando dificuldades de toda ordem, com o aumento substancial da corrupção política que parece nunca acabar. Quando o mundo luta pela produção de energia renovável e não poluente, com grande potencialidade no país, os interesses de grupos nacionais e estrangeiros cogitam da ampliação da produção de petróleo, uma das atuais fontes mais poluentes que degradam o meio ambiente, além de provocar o aquecimento global.
Uma nota de Evanildo da Silveira, da BBC Brasil, publicado no site da Folha.UOL informa sobre os recifes de corais ainda pouco conhecidos na foz do rio Amazonas, com cerca de 56 mil km², equivalente ao estado da Paraíba, e que vai contar com pesquisas adicionais. Na mesma região, a Agência Nacional de Petróleo leiloou mais de 150 blocos para exploração do petróleo, adquiridos por várias empresas petrolíferas, estando prevista a perfuração de poços de prospecção em 12 deles. Do embate dos interesses dos conservacionistas do meio ambiente, onde o Greenpeace desempenha um papel vital, e as petroleiras deve ocorrer um profundo conflito ao longo de um período difícil de ser precisado.
Mesmo com a pressão mundial hoje existente consubstanciado no chamado Clube de Paris, parte da humanidade se volta ao interesse imediato das atividades petrolíferas que só visam o lucro. O petróleo atingiu a US$ 70 o barril, o mais elevado desde 2014, mas deve apresentar sensíveis flutuações, pois todos estão acelerando suas produções antes que entre num inevitável declínio futuro, com as alternativas não poluentes de outras fontes.
Todos os estudos disponíveis mostram que as produções de energia solar, eólica e outras não poluentes tendem a reduzir os seus custos, pelas dimensões das demandas dos equipamentos que estão sendo produzidos, auxiliados por grandes baterias como de íon de lítio. A China lidera o processo, mas também países europeus como a Alemanha já contam com produções de energias não poluentes competitivas com dos combustíveis fosseis.
O Brasil está relativamente atrasado neste processo, mas os projetos notadamente no Nordeste brasileiro estão se multiplicando permitindo prever que seus custos estão em nítida tendência de redução. Parece chegada a oportunidade para o Brasil provar ao mundo que é um país sério, onde a potencialidade para o futuro está já no horizonte visível. A preservação da Amazônia e todos os seus potenciais são conhecidos no mundo e, mesmo com todos os problemas, doações do exterior estão voltadas para os projetos que visam a manutenção da mais importante reserva conhecida no mundo.
Pouco se conhece ainda dos recifes de corais na foz do Amazonas. Na Austrália, os danos visíveis nos seus corais estão provocando substanciais investimentos para a sua preservação, visando também as produções de peixes e frutos do mar. Em outras localidades do mundo, onde sabidamente existem abundantes quantidades de petróleo, muitos projetos foram suspensos, pois a humanidade vem compreendendo que não se trata somente de ganhos econômicos, mas da necessidade premente de preservação da vida, notadamente para as próximas gerações.
O Brasil está diante da necessidade de definição do que pretende ser. Um mero depredador das disponibilidades naturais ou um país sério que pensa no seu futuro, contando com uma racionalidade que, associada a sua criatividade, pode ser realmente um pais emergente que terá importância no mundo.