Artigo Sobre o Embrapa no The Economist
29 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: as atuais limitações dos recursos, inovações obtidas no passado, papel das inovações do setor privado
Apesar de reconhecer a importância da contribuição da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a revista The Economist lamenta a atual limitação dos recursos que está deixando a inovação do setor rural brasileiro exageradamente dependente do setor privado.
Embrapa promovendo o desenvolvimento do cerrado, combinando a pecuária com a lavoura e o reflorestamento
Muitos brasileiros conhecem as contribuições da Embrapa, criada em 1973, que estabeleceu centros de pesquisas especializadas espalhadas por todo o Brasil e chegou a 46 unidades regionais. Hoje, diante das limitações de recursos do governo, está se fundindo 17 unidades da Embrapa em seis, fechando quatro, com 70% do seu orçamento destinado somente para o pagamento do seu pessoal. Seu presidente Maurício Lopes está de saída, com o seu pessoal técnico envelhecido, deixando muito espaço até para empresas estrangeiras que estão fornecendo sementes de produtos que devem provocar as inovações indispensáveis ao setor rural.
São incontáveis as contribuições que a Embrapa deu para que o setor rural se tornasse um dos principais sustentáculos da economia brasileira, permitindo que sua produção agropecuária fosse a fonte de muito abastecimento interno como o suporte da exportação, como no caso dos cerrados. É evidente que a presença do setor privado nestas inovações seja importante, mas existem segmentos onde os riscos são exagerados e de prazos de maturação longos, incapazes de interessar os investimentos privados, notadamente nas pesquisas adicionais.
Todos sabem que a biodiversidade brasileira é das mais ricas do mundo. No entanto, ainda poucos são os produtos que se tornaram comercializáveis no mercado interno e externo, havendo um vasto campo para inovações. Muitos investimentos terão que ser realizados para ajudar no aperfeiçoamento do abastecimento interno e na ampliação das exportações brasileiras, inclusive com industrializações e novas formas de manipulação.
Nas últimas décadas, com a participação importante da Embrapa, muitas atividades que eram extensivas passaram a ser mais empresariais e intensivas em tecnologia. O cerrado era pouco aproveitado, agora se tornou um tapete verde de produção de variados cereais, inclusive com o uso da irrigação. Virou rotina a combinação da pecuária com a lavoura e o reflorestamento, com sensível melhoria da produção de carnes de variados tipos, inclusive da piscicultura.
Muitas parcerias foram estabelecidas com empresas privadas para multiplicação de sementes de maior produtividade e resistências às pragas, ajudando na revolução verde que agora passa por uma inovação no mundo. Não existem limitações para a introdução de novidades e aproveitamento comercial da biodiversidade brasileira, que ainda dependerá de pesquisas adicionais e formação de pesquisadores em grande número.
As mudanças climáticas estão exigindo esforços para o aumento de variedades que possam ser produzidas mesmo com elas, quer seja de excesso de chuvas como suas carências, ou picos de elevadas temperaturas. As condições regionais no Brasil são variadas exigindo que conhecimentos nacionais sejam adaptados aos locais, tanto em cooperação com outros níveis da administração pública, ou entidades privadas, como está se fazendo notadamente nos países emergentes.