Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiras Impressões Sobre a Copa do Mundo Deste Ano

19 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: algumas tendências que se fortalecem, necessidade de reduzir a dependência a alguns destaques, o uso de técnicas eletrônicas para esclarecer alguns incidentes

imageCom sete dias do jogo inaugural da Copa do Mundo de Futebol de 2018 já é possível expressar algumas tendências que estão se observando na primeira rodada das partidas dos grupos, que caminham do futebol arte para o de força, salvo raras exceções. Disputa-se para determinar quais países passarão para segunda etapa com os colocados em primeiro e segundo lugares nos seus respectivos grupos.

Neymar Junior do Brasil sendo caçado pelos jogadores suíços

Todos os apreciadores do futebol obsevam que está havendo uma tendência para o uso de mais força física no futebol europeu que influencia fortemente o que vai se generalizando em todo o mundo. Os jogadores, notadamente da defesa, tendem a serem mais altos e fortes, começando pelo goleiro e se estendendo entre os defensores, pois, além da importância do jogo aéreo, tornou-se geral o uso da força física, sendo que somente em casos extremos são considerados jogadas faltosas. Nem todos os brasileiros estão acostumados com estas tendências e muitos jogadores que estão atuando na Europa tendem a ganhar mais peso para resistir aos empurrões que os tiram das jogadas. Ronaldo, quando foi para a Holanda, passou por uma fase de engorda e aumento de força física.

Empurrões, mesmo com o uso dos braços, não chegam a ser considerados faltas, como ficou caracterizado mesmo com o uso de meios eletrônicos, quando os jogadores não são derrubados. O caso do suíço que empurrou um defensor brasileiro, tendo marcado o seu gol, não foi considerado faltoso nem pelo juiz em campo nem por aqueles que de forma incógnita observaram eletronicamente o que aconteceu. Parece que os principais dirigentes da FIFA concordam com esta lamentável orientação que tende a destruir o futebol arte. Notou-se em outras partidas que jogadores abraçavam os adversários para que eles não pudessem se deslocar como desejavam, o que parece exagerado para os brasileiros. Os casos de punição foram menores e se abusa da força para machucar os adversários mais talentosos.

Mesmo que o uso dos meios eletrônicos seja para esclarecer algumas dúvidas, o que deve ser considerado um avanço, há que se considerar que os que os julgam possuem seus critérios, aos quais os brasileiros ainda não estão acostumados. Nem todos os critérios ainda estão claros, podendo haver aperfeiçoamentos adicionais no futuro próximo, que corrijam as distorções.

No caso do voleibol, as cenas são repetidas para o conhecimento de todos, o que reduz a possibilidade de erros como as bolas que tocaram nos braços dos jogadores. Algo parecido acontece com o tênis, pois as bolas se tornaram cada vez mais rápidas. Espera-se que todas estas informações sejam amplamente divulgadas também no futebol e a solicitação da medida, em número limitado, deve ser do capitão das equipes em disputa, não ficando a critério do juiz principal, que é um ser humano, sujeito a muitos erros. A troca constante do capitão, praticada pelo Brasil não é compreensível, pois se imagina que a sua função é orientar a equipe no campo, bem como representar toda a equipe.

O gol é o grande espetáculo do futebol, na minha modesta opinião. Mas, salvo a rara exceção do jogo entre Portugal e Espanha, o número deles está diminuindo, com vitórias minguadas da diferença de um gol, ou empates com o mínimo deles. Como esporte de maior divulgação no mundo, não se devia estimular a violência no futebol, pois os que os apreciam contam com outras modalidades que enfatizam esta característica. Daqui a pouco, o futebol não poderá ser mais recomendado para crianças e os meus netos terão que ser retirados de frente da televisão, ainda que estejam uniformizados e empolgados por serem brasileiros.

Sempre resta a esperança que, nas fases seguintes da Copa do Mundo, as melhores seleções sejam as qualificadas e as violências reduzidas. Não parece que o predomínio da força seja indispensável, mas se caminhe mais no sentido do uso da inteligência e do talento, que deveriam ser os critérios para os nos diferenciar os seres humanos dos demais animais.

Quando a seleção de um pequeno país como a Islândia empata com a Argentina, que tem uma longa tradição, deixa-nos a esperança de que a inteligência seja utilizada no futebol. O seu goleiro informa que estudou profundamente como um artista como Messi chuta um pênalti para aumentar a sua chance de defesa.

Parece que também a chuteira deve merecer um aperfeiçoamento, pois muitas das faltas estão sendo cometidas por atingir o pé dos jogadores. É claro que existe tecnologia para um calçado flexível e leve, que também proteja adequadamente o pé, como já se faz com a canela e a perna que sempre estão mais sujeitas a acidentes. A indústria de material esportivo ganha muito com suas atividades, tanto que são os principais patrocinadores do futebol e está qualificada para produzir uma chuteira segura.

As penalidades sobre as violências deveriam ser mais severas, na minha modesta opinião. Os russos estão mostrando que é possível contar com um bom gramado e estádios de qualidade e, mesmo com deslocamentos a grandes distâncias, tanto as seleções como os frequentadores dos espetáculos de futebol estão descobrindo as qualidades da Rússia, que investiu muito para tanto.