Suplemento Setorial Saúde do Valor Econômico
19 de junho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ações para redução dos custos, exame de todas as alternativas disponíveis, importância da gestão em períodos de carência dos recursos
Todos sabem que as necessidades de recursos para atender a saúde da população são crescentes, enquanto as disponibilidades de recursos para tanto são cada vez mais limitadas. Para minorar esta situação crítica, somente gestões mais eficientes em sistemas de grandes dimensões poderiam ajudar, ao lado de mecanismos que ajudem a melhorar a eficiência dos recursos humanos e financeiros disponíveis. O uso dos bons exemplos parece vital, evitando a redução das medidas preventivas e das vacinações que estariam ocorrendo.
Capa do Suplemento Setorial Saúde do Valor Econômico
O problema da saúde não é somente brasileiro, ocorrendo em países desenvolvidos e emergentes, apesar de todos os esforços desenvolvidos. Os novos equipamentos e medicamentos disponíveis exigem custosas pesquisas e todos aspiram que todas as descobertas possam ser rapidamente utilizadas com todos que necessitam destas assistências. A Constituição brasileira de 1988 explicita o desejo de que atendimento seja universal, mas não existe milagre, exigindo que os recursos disponíveis sejam utilizados com a maior eficiência possível. A gestão deste gigantesco sistema exige pessoal qualificado e conhecimento dos bons exemplos que proliferam mundo afora, inclusive no Brasil.
O problema é demasiadamente sério para ser decidido somente pelos parlamentares, que são motivados pelas questões políticas, enquanto a saúde é mais uma questão técnica. Se alguns setores, como o controle do sistema monetário e creditício, ficam reservados somente para funcionários de carreira, com os dirigentes aprovados pelo Legislativo, parece que a saúde merece tratamento equivalente. Seria reduzida a importância dos cargos de livre nomeação dos administradores, conhecidos como DAS.
Mas é indispensável que a carreira destes profissionais de saúde seja determinada pela meritocracia, o que não é fácil de ser implementada dada a resistência dos funcionários pouco empenhados no seu aperfeiçoamento. Exemplos de como consegui estabelecer no Banco Central e no INCRA, com a ajuda do pessoal técnico do Instituto de Administração da FEA-USP, mostra o que é possível se aperfeiçoar. A ascensão nas carreiras dependia de fatores indicativos dos seus méritos, dividindo em duas etapas que só poderiam ser superadas por tipos de concursos. O simples concurso de ingresso tende a provocar a falta de empenho no aperfeiçoamento de velhos funcionários.
Também a importância do setor privado parece estar se reduzindo, quando deveria ser o contrário. Existem mais flexibilidades para aperfeiçoamentos neste segmento que não está sujeito às regras complexas do setor público. Ainda que sejam difíceis, alguns exemplos estão mostrando maior eficiência, notadamente nas moléstias mais comuns e generalizadas. Existem redes privadas que estão conseguindo custos bastante razoáveis nos seus atendimentos.
O sistema de medicamentos genéricos, que começou na Índia, vem mostrando que, com adequado controle, pode provocar quedas dos seus custos. Parte importante da população já se acostumou a usar estes medicamentos.
Os centros de pesquisas e ensino de medicina devem ficar reservados para os problemas mais complexos de saúde e os especialistas indicam que os hospitais precisam ser hierarquizados, de forma que os casos mais simples fiquem com as unidades locais.
Parece que a volta do tipo de médico de família funciona de forma adequada, promovendo uma primeira peneirada dos pacientes, com o encaminhamento dos casos mais complexos para as instituições especializadas. O debate amplo de todas estas questões parece que pode melhorar de forma substancial o que se faz na saúde no Brasil, com destaque para as medidas preventivas.