O Futebol Continuará Como um Grande Negócio no Mundo
10 de julho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: como esporte a força física aumenta sua influência, esporte com capacidade de atrair muitos no mundo, mudanças na FIFA, necessidade de ajustamento à realidade
É evidente que, com a desclassificação do Brasil na Copa do Mundo deste ano pelos belgas, a maioria dos brasileiros, analistas como simples cidadãos, esteja frustrada. No entanto, observando o noticiário, poucos destacam algumas evidências importantes do que está se alterando neste esporte, como o uso da força e altura dos atletas ao que os brasileiros terão de se ajustar, mesmo preservando o drible, que é uma marca do futebol arte. Os poucos que estão se dedicando ao ensino do futebol no Brasil necessitam considerar também estes fatores.
Brasil desclassificado pela Bélgica na quarta de final da Copa do Mundo de 2018
É evidente que o futebol, como qualquer esporte profissional, envolve também o acaso, que é um dos motivos pelo qual atrai tantos fãs em todo o mundo, que acompanham os jogos pela televisão. No entanto, o Brasil, considerado o país do futebol, necessita optar se vai continuar se destacando pelo número de seus praticantes ou pela sua qualidade. Como um paralelo, este país continua sendo o maior produtor de café no mundo, mas existem muitos outros que se destacam pela sua qualidade, considerada superior, inclusive nas técnicas para a produção confortável da bebida que agrada a muitos.
Diante da corrupção em que foram envolvidos muitos dirigentes da CBF – Confederação Brasileira de Futebol, a sua influência na FIFA – Federação Internacional de Futebol, que não é composta de anjos, tornou-se quase nula, apesar da sua importância mundial neste esporte. As decisões dos critérios das arbitragens estão dominadas pelos europeus, fazendo que sua força física e altura dos atletas, inclusive na velocidade, tenham as características do futebol praticado na Europa que tem maior influência. Mesmo com o emprego dos meios eletrônicos, como em outros esportes como tênis e voleibol, os critérios dos juízes, que os brasileiros são em pequeno número, acabam sendo relevantes. Não se costumava ver no passado empurrões e abraços usando os braços como na atual Copa do Mundo, que antes eram considerados faltosos e agora estão sendo tolerados.
O número de gols aproveitando as bolas altas aumentou significativamente, como a velocidade dos atletas ganhou maior importância e a maioria dos goleiros é alta e ágil. É evidente que treinamentos adequados aperfeiçoam tanto o jogo de equipe como as cobranças de faltas. As pontarias das bolas de grande distância dos brasileiros não é um destaque, quando no passado haviam alguns cobradores de falta que passavam horas praticando, o que não exige grande esforço físico, mas disposição para tanto.
A economia do futebol não é somente importante pelos jogadores, mas dos patrocinadores com destaque nos produtores de material esportivo. Já mencionamos que faltas que excluem jogadores brilhantes das competições como a Copa do Mundo são praticados visando os pés dos atletas que não contam com os cuidados adequados dos calçados, que, mesmo sendo leve, pode ter maior resistência e oferecer mais proteção.
Observa-se que o nível do futebol praticado em várias partes do mundo está melhorando. Quando a China, que conta com uma população astronômica, implanta mais de 30 mil escolas de futebol para estudantes, a possibilidade de selecionar os que possuem talentos aumenta, além de contar com alturas e forças físicas, o que pode ser acompanhado por outros países asiáticos com grandes populações e forte disposição para treinamentos intensivos. Não seria surpresa se eles vierem ganhar importância no futuro.
Como já ocorreu em casos isolados no Brasil, as decisões fundamentais não devem ficar somente com a responsabilidade de um técnico e sua equipe de auxiliares, mesmo respeitada a hierarquia. Uma coisa é recomendar um esquema tático outra é executar em campo o que está sendo recomendado. Não parece que o rodízio dos capitães seja uma boa ideia, pois os jogadores sabem quem possui a qualidade de liderança e precisam ser adaptados de acordo com as circunstâncias de uma partida.
Dados os diferentes cronogramas dos principais campeonatos nacionais e regionais, há que se considerar os desgastes físico dos jogadores. Ainda que os responsáveis por este aspecto na seleção brasileira sejam considerados competentes, os fatos estão mostrando que jogadores que não puderam atuar parecem exagerados.
Estes e outros aspectos precisam merecer a devida atenção, mais do que apontar os eventuais responsáveis pela desclassificação. O que pode proporcionar alguma alegria aos brasileiros exige providências de longo prazo.