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The Economist Aponta as Dificuldades da Agricultura na Índia

16 de julho de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: apesar dos subsídios a exportação é difícil, as propriedades estão ficando menores, os agricultores continuam endividados

imageApesar dos intensos esforços do governo indiano em conceder subsídios aos agricultores, as dificuldades para suas exportações proporcionam baixas rendas para eles, provocando uma acentuada deterioração deste setor, que não conta com um sistema eficiente de agroindústrias.

A agricultura indiana vem sendo prejudicada pelos problemas climáticos que reduzem as águas mesmo no subsolo

Quando se lista tudo que o governo indiano vem proporcionando aos seus agricultores, eles deveriam ser os mais felizes do mundo. No entanto, o que lhes é concedido não compensa as dificuldades para as suas exportações, o que os deixam com uma renda mínima insuficiente para suportar mesmo os juros subsidiados para o custeio, fazendo com que a dimensão da exploração venha se reduzindo ao longo do tempo. O assunto está sendo veiculado num artigo publicado pelo The Economist.

Durante décadas, os governos concederam isenções fiscais, subsidiaram fertilizantes, sementes, energia e água para irrigação, concederam financiamentos de custeio a juros baixos, os seguros rurais são baratos, as tarifas para a importação de alimentos são elevadas e existe uma política de preços mínimos para cerca de 20 culturas. As dívidas dos agricultores foram perdoadas, representando cerca de US$ 25 bilhóes, e, como as eleição se aproximam, Narendra Modi, que é candidato à reeleição, prometeu dobrar a renda dos agricultores até 2022. Para os cafeicultores, prometeu aumentar os preços a 150% dos custos dos insumos, garantindo um lucro saudável.

Mesmo com todas estas medidas, os agricultores continuam protestando. Os crescentes rendimentos fizeram da Índia a maior produtora mundial de leite, leguminosas, algodão, juta, banana e manga, bem como a segunda na produção de arroz e do trigo. Os riscos são elevados na agricultura indiana e poucos conseguem retorrnos positivos. Noventa milhões de indianos ainda trabalham na agricultura, mas sua participação no PIB vem se reduzindo, bem como a dimensão de suas explorações, como se pode ver nos quadros abaixos.

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Gráficos constantes do artigo publicado no The Economist, que deve ser lido na íntegra

Desde 1950, a reforma agrária acabou com as grandes fazendas e as leis de herança continuam reduzindo as dimensões das explorações, que passaram de 2,6 hectares médios para 1,1 atual, o que certamente não é uma dimensão mínima do ponto de vista econômico, principalmente com a ocorrência das monções. Com as burocracias para as exportações, os preços dos produtos agrícolas na Índia são baixos, mesmo com o incentivo para uso dos celulares para optarem o que produzir. Uma das sugestões era a pimenta-do-reino, mas que também não proporcionou os resultados esperados.

Alguns pequenos países asiáticos, como o Vietnã, estão conseguindo bons resultados, mas suas propriedades são um pouco maiores, em torno de 5 hectares, explorando produtos de alto valor como o café, do qual se tornou o segundo produtor no mundo. Os subsídios dos fertilizantes na Índia intensificam os seus usos, prejudicando a fertilidade natural da terra e esgotando as águas. Os empréstimos rurais são de curto prazo, principalmente de custeio, não ajudando na melhoria de sua produtividade. O conjunto dos incentivos governamentais para os agricultores não estão proporcionando os resultados esperados, principalmente pela volumosa burocracia para a exportação.

Para a venda ao governo dos produtos incentivados, como o arroz, o trigo e o açúcar, também existem muitas exigências, fazendo com que muitos produtores tenham que se socorrer dos intermediários, que tambem proporcionam os créditos indispensáveis. O governo, mesmo com a ajuda externa da OCDE, não está conseguindo superar estas dificuldades.

Todos sabem que na Índia o consumo de carne é mínimo por questões religiosas. Mas também não se consegue um sistema eficiente para a sua exportação, pois não possui grandes rebanhos. Mesmo com todos os subsídios estimados em US$ 30 bilhões, as rendas que os agricultores conseguem está estimada em US$ 40 bilhões, pelos baixos preços praticados naquele país, não proporcionando um retorno estimulador.

Lamentavelmente, este conjunto de circunstâncias acabam provocando uma migração dos indianos do setor rural para o urbano, mostrando que, mesmo com sua gigantesca população, a melhoria da produtividade de sua agricultura exige um amplo conjunto de medidas de longo prazo que não é fácil de ser formulado com eficiência. Inclui um sistema de agrobusiness e possibilidade de exportação mais alta, com produtos de alto valor comercial.