Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Safra Brasileira de Café 2018/2019

23 de agosto de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Valor Econômico, aumento das produções de boa qualidade, excelente clima no Brasil para o café

Como é do conhecimento dos leitores que estão informados sobre a cafeicultura brasileira, o clima é extremamente importante para uma boa safra de café. E este ano, com chuvas adequadas na época certa, o produto está não só com uma boa safra prevista em elevada quantidade, mas principalmente pela qualidade para a produção de cafés finos, cuja oferta no Brasil está aumentando de forma significativa. A cafeicultura vai ajudar novamente a economia brasileira.

clip_image002

O clima está favorecendo o café brasileiro da safra 2018/2019, permitindo o amadurecimento homogêneo das chamadas cerejas, além de ajudar na sua quantidade, como consta do artigo publicado no Valor Econômico que vale a pena ser lido na íntegra

Os brasileiros que entendem um pouco de café sabem que o amadurecimento homogêneo das chamadas cerejas reduz os chamados “defeitos” que pioram a qualidade do café, por incluírem grãos ainda verdes. Isto ocorre notadamente dos destinados para as bebidas finas, que estão aumentando no Brasil recentemente de forma significativa. No passado, só havia preocupação com a quantidade, sem disputar o mercado de produtos finos que proporcionam melhores preços.

Um artigo escrito por Alda do Amaral Rocha foi publicado no Valor Econômico, estimando-se que a safra atual pode atingir um recorde de 58 milhões de sacas. Espera-se que sua qualidade esteja entre as melhores, pois as chuvas ocorreram na época certa. A produção das variedades arábicas representam 76% da produção nacional, notadamente do Estado de São Paulo, Sul de Minas, chegando até a Bahia. Os demais são os chamados conillon, como do Espírito Santo, que sendo um pouco mais ácidos, podem ser destinados para a produção do café solúvel, ou para os “blends” que necessitam de um pouco de acidez. Mas muitos produtos dos mercados desenvolvidos são “blend”, ou seja, misturas de algumas variedades para proporcionar bebidas apreciadas pelos especialistas, notadamente nas cápsulas hoje muito utilizadas em todo o mundo.

As chamadas cerejas produzem também grãos maiores, informando-se que 55 a 60% desta safra estejam entre as chamadas peneiras 16 ou acima, que são as que alcançam melhores preços no mercado internacional. Há quase uma unanimidade entre os empresários que trabalham com café que esta safra 2018/2019 esteja entre as melhores que já ocorreram no Brasil.

É preciso entender, também, que o café chegou a ser produzido em quantidade no Paraná, onde ocorrem geadas que prejudicam os pés, sendo de baixa qualidade. Nas últimas décadas, as produções se deslocaram para Minas Gerais e até a Bahia, onde não ocorrem estes fenômenos e as técnicas de plantio são todas dos chamados renque confinados, que permitem a colheita mecânica com custos mais baixos e todos os cafés são colhidos simultaneamente. No Brasil, são mínimas as produções que já selecionam as frutas na colheita e que permitem lavagens como as feitas na Colômbia ou outros países da América Central, que trabalham com quantidades limitadas, mas oferecem boas qualidades.

Os cafés desta safra, na maioria, serão destinados para as bebidas finas chegando a 65 a 70%, que conseguem preços bem mais elevados, quando o normal girava em torno de 60%. Estas melhorias não ocorrem somente pelo clima, mas também porque os produtores estão melhorando sensivelmente as técnicas aplicadas na colheita, na secagem como todos os demais cuidados indispensáveis até que estejam prontos para o mercado.

Pode-se dizer, novamente, que os criativos empresários agrícolas brasileiros estão superando as dificuldades que enfrentam. Com o câmbio atualmente vigente, pode-se esperar um novo aumento de empreendedores que venham a se destacar na parcela mais alta da sociedade brasileira, apesar de todas as mazelas dos políticos.

O que poderia se incentivar é a produção de cápsulas que são muito utilizadas no mundo, pela facilidade do seu manejo para a elaboração do café. Com a quantidade de café que o Brasil fornece para o mercado internacional, estranha-se que ainda não tenha expressão nas atividades que proporcionam maior valor adicionado e que dependem de muitos investimentos em marketing.