Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tentando Evitar o Desespero

31 de agosto de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: fora de foco, manchetes da primeira página do Valor Econômico, podemos superar as novas dificuldades normais? | 4 Comentários »

Vendo o que consta da primeira página do Valor Econômico de hoje, com todo o respeito às grandes personalidades envolvidas, fica-se com a impressão que estamos no Brasil fora do foco adequado para as questões fundamentais que preocupam a todos.

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                             Primeira página do Valor Econômico de hoje

Vamos começar de cima da primeira página para baixo. O Gilberto Gil é certamente um músico de respeito, mas não parece a pessoa mais recomendável para analisar o grave problema político que o Brasil enfrenta atualmente, que merecia uma análise profunda de um cientista político de peso, que conheça não somente o país, mas o que já se acumulou de experiência no exterior. Chama-se a atenção para a entrevista do compositor e cantor que consta do suplemento Eu & Fim de Semana.

Na coluna dos Destaques, recomenda-se a leitura da revista Época, incluída nesta edição, que tem como artigo de capa a matéria sobre o STF de Toffoli, que teria a missão de diminuir inicialmente os conflitos internos que foram conturbados na gestão de Carmen Lucia no comando do judiciário. O organismo que deveria pensar prioritariamente no Brasil começa com o reajuste das remunerações dos juízes, que vai alavancar um apreciável aumento do custeio da administração pública como um todo, despesa que terá de ser arcado pelos contribuintes, mesmo com a promessa de eliminação do auxílio-moradia.

Prossegue destacando que no Suplemento Eu & Fim de Semana há uma matéria sobre os dois chefs brasileiros que obtiveram a segunda estrela do Guia Michelin no Brasil, eles que estagiaram também em restaurantes japoneses no exterior e foram apreciar um sushi num estabelecimento de São Paulo. Para fazer um paralelo, seria recomendável ver o filme Lámen Shop, onde o simples preparo de um molho adequado requer anos de trabalho para se chegar ao caldo esperado, para este prato que aparenta ser simples.

Para não ser demasiadamente longo neste artigo, consta a triste constatação da piora da qualidade do ensino público, numa matéria elaborada por Hugo Passarelli. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) assemelha-se ao do PISA, da OCDE, valendo a pena ler a matéria publicada no The Economist sobre o que está sendo feito por Cingapura, hoje considerado como um dos sistemas educacionais mais avançados do mundo. Não se restringe à compreensão do idioma, conhecimentos de matemática e de ciências, que são importantes. Mas, acima de tudo isto, se prepara em Cingapura os alunos do secundário para as novas profissões, desenvolvimento de suas criatividades e possibilidade de se realizarem como seres humanos com seus trabalhos.

Estes não parecem motivos de desânimos, mas da consciência das distâncias que hoje temos com relação até aos mais simples países do Sudeste Asiático. Vendo o que acontece no mundo, precisamos alimentar o nosso desejo de chegar de forma pragmática mais próximo daqueles que estão realizando trabalhos importantes no exterior, de onde podemos aprender parte do que possa ser adaptado para as condições brasileiras, para que o Brasil se mantenha competitivo no mundo. São desafios que nos devem motivar para superar o marasmo e perplexidade em que estamos envolvidos, ajudando a promover o desenvolvimento que tanto necessitamos, superando o desânimo que parece se abater sobre a população brasileira com as próximas eleições.


4 Comentários para “Tentando Evitar o Desespero”

  1. Mauricio Santos
    1  escreveu às 12:00 em 5 de setembro de 2018:

    Ola Paulo, o Brasil caminha a passos largos para se tornar apenas um exportador de commodities e com industria de baixa de tecnologia com uso intenso de mão de obra barata…apenas para atender o mercado interno Sem receita não importa o quanto se corte os gasto no governo..o pais vai quebrar.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 16:24 em 5 de setembro de 2018:

    Mauricio Santos,

    Se entendi bem o seu ponto de vista, acho que é preciso uma compreensão mais geral da economia. No início do processo de desenvolvimento muitos países necessitam usar os recursos humanos de que dispõem, e muitos países asiáticos usaram os mais baratos para colocarem produtos industriais, como confecções e eletrônicos modestos para as exportações, pois necessitam de divisas para importar equipamentos de melhor qualidade. Só, que a partir de determinado momento, mais do que produtos industriais, as ampliações ocorrem no setor terciário, o dos serviços de muitos tipos. O que não estamos conseguindo é uma educação para contar com recursos humanos competitivos no exterior. O governo não cria recursos, só gasta, e parece indispensável que fique dentro das limitações orçamentárias, sem o que enfrenta problemas inflacionários, como acontece atualmente na Venezuela e na Argentina. Com o aumento do custeio do governo não há como continuar independente, pois a dívida pública vai crescendo. Necessitamos de uma disciplina que as atuais lideranças políticas não são a favor, imaginando que os recursos nascem do nada. É preciso trabalhar duro, o que a população brasileira não parece disposta. Acho que vale a pena estudar profundamente os problemas que temos, pois também podemos economizar muitos desperdícios e utilizar as qualificações que temos.

    Paulo Yokota

  3. Mauricio Santos
    3  escreveu às 18:17 em 6 de setembro de 2018:

    Ola Paulo, sim o governo deve gerenciar melhor os gastos, ter uma folha de pagamento menos distorcida em relação ao restante do pais. O Judiciário é exemplo de uma dessa distorções. Mas também temos o governo que por meio de financiamentos direcionados é o principal alavancador da indústria permitindo exportar produtos de maior valor agregado, obtendo assim mais divisas. O que acontece é que devidos a legislação os gastos em folha de pagamentos, mesmo sendo elevados, dificilmente podem ser cortados, ou seja, pode se não contratar novos funcionários, mas não pode se, por exemplo, diminuir o salário que estes já tem.
    Assim a margem para corte recai sobre investimento saúde e educação mantendo se os super salários. Só que no longo prazo são investimentos nessas áreas que modernizam a industria garantindo espaço no mercado internacional que garante o crescimento das divisas. Menos investimento gera indústria fraca e simplória que gera menos receita. Assim, mesmo que se corte na saúde e na educação, ou no investimento de longo prazo, a receita cairá devido a perda de mercado no exterior. Assim mesmo que os gastos estejam no minimo a receita ainda diminuirá e não cobrirá os gastos, ao mesmo tempo que a indústria vai ficando obsoleta. Desculpe o texto longo, mas acho que assim consigo deixar mais claro meu argumento. De qualquer maneira sempre bom conversa com alguém da sua experiência, para aprender um pouco mais.
    Obrigado

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:51 em 10 de setembro de 2018:

    Caro Mauricio Santos,

    Procurei melhor a sua consideração, mas não consegui plenamente o intento. Mas, parece que os pontos básicos foram colocados.

    Paulo Yokota