Tesouros Submersos na América Latina
9 de agosto de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: tesouros submersos em galeões espanhóis, um artigo sobre o assunto no The Economist, uma hipótese sobre o que financiou a revolução industrial
Um artigo publicado no The Economist informa que em maio de 1708, o San José, um galeão espanhol de 62 canhões, portanto de grande dimensão, zarpou de Portobelo, hoje Panamá, com destino a Cartagena, na Colômbia. Transportava 600 tripulantes e 200 toneladas de ouro, prata e esmeraldas pertencentes ao vice-rei do Peru, mas foi afundado por um esquadrão de navios britânicos, o que era bastante comum na época, na forma clássica de pirataria.
Um desenho do que seria o galeão San José, afundado pelos ingleses em 1708, cujos destroços foram localizados em 4 de dezembro de 2015 a 30 milhas da costa colombiana, segundo Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia
A revista The Economist divulgou a avaliação da carga do San José em até US$ 17 bilhões atuais, com 200 toneladas de ouro, prata e esmeraldas pertencentes ao vice-rei do Peru na época do seu naufrágio em 1708. Todos sabem que os espanhóis se apropriaram de muitos destes produtos tanto dos maias, dos incas como dos povos dos Andes e da América Central. Os ingleses, franceses e outros povos europeus praticavam abertamente a pirataria, inclusive com o apoio de suas casas reais, apropriando-se do que os espanhóis tinham tomado dos povos locais.
Mesmo hoje, os materiais deste naufrágio ainda não foram resgatados, pois existem disputas entre interessados de muitos países e atividades sobre estes valores, que excedem ao seu aspecto histórico. A revista The Economist estima, grosseiramente, que mais de mil embarcações deste tipo foram à pique, estimulando muitas pesquisas de interessados na sua localização, que proporcionam elevados lucros para aventureiros.
Há possibilidade de se supor que estes volumosos valores, como os que também foram extraídos no Brasil, notadamente em Minas Gerais, mas chegando até Cuiabá no Mato Grosso, acabaram direta ou indiretamente financiando a revolução industrial que ocorreu a partir da Inglaterra, que não se resume somente ao seu começo com a indústria têxtil. Os piratas ingleses e franceses se interessaram também pelo domínio de partes do Brasil que, mesmo sendo colônia de Portugal, tinha na sua retaguarda os ingleses.
Se eles construíram variados projetos de infraestrutura no mundo, como ferrovias, abastecimento de gás e água, iluminação pública, geração de energia nos séculos que se seguiram, nos mais variados países, certamente forneceram os equipamentos e as tecnologias que começaram com a máquina a vapor, mas chegaram até as de comunicações como os telefones. No Brasil, são abundantes os exemplos destes vultosos investimentos ingleses que contaram com substanciais recursos, chegando até a época do café, cujo escoamento pelo porto de Santos ocorria usando a ferrovia construída pelos ingleses para superar a Serra do Mar.
Tanto a América Espanhola como o Brasil não ficaram com nada expressivo, mas o ouro, a prata, as pedras preciosas brasileiros chegando até ao açúcar, o algodão e o café, ainda no período colonial, acabaram estimulando o desenvolvimento inglês, que construiu o Império onde o Sol nunca se põe…
Se eu fosse historiador, este assunto seria aprofundado, pois devem existir dados confiáveis do passado que permitiriam a elaboração de uma tese sobre o tema.