Conhecendo um Pouco do Japão Mais Autêntico
20 de setembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a face japonesa diferente das grandes metrópoles, o Nishiyama Onsen Keiukan, o ryokan mais antigo do mundo do ano 705 | 2 Comentários »
É natural que as grandes metrópoles japonesas sofram as influências do exterior, ainda que mantenham muitas características próprias do Japão. Mas, no interior do país, onde ficam os chamados onsens, termas que contam com aguas quentes naturais, estão mais preservadas as tradições japonesas. Uma fundada no ano 705 ainda continua funcionando, considerado o hotel mais antigo do mundo. Foi objeto de um artigo escrito por Joshua Meyer, casado com uma japonesa, e publicado no Japan Today.
O Nishiyama Onsen Keiunkan é gerido pela 52ª geração da mesma família. Foto do autor do artigo
Muitos destes onsen estão isolados entre as montanhas nas florestas que continuam preservadas, onde são muitos os riachos de águas límpidas, apresentando variações acentuadas nas vegetações durante as estações do ano. As suas instalações costumam estar atualizadas, ainda que obedecendo à arquitetura tradicional que usa muitas madeiras e tatamis, além de contar com papéis japoneses que costumam dividir os espaços nestes estabelecimentos.
Além dos espaços reservados para os casais, muitos recém-casados em lua-de-mel, também recebem aposentados que anualmente podem viajar dentro dos programas previdenciários do país, que garantem o seu uso constante destes onsens. Os atrativos principais são os banhos termais que vão desde os coletivos, em dependencias integradas na natureza externa, como banhos reservados para os casais.
Costumam existir variados locais para os banhos termais, inclusive no exterior em contato direto com a natureza. Foto do autor do artigo
Os desfiladeiros dos arredores deste estabelecimento convidam os clientes para caminhadas relaxantes nos contatos com a natureza. Foto do autor do artigo
A região entre o leste e o oeste japonês conta com as elevadas montanhas que fazem parte do chamado Alpes Japoneses, onde existem muitos lugares que permitem uma visão privilegiada do Monte Fuji.
Como estes estabelecimentos recebem também turistas estrangeiros além dos locais, costumam contar com amplos espaços para o relaxamento dos clientes, onde serviços de elevada categoria servem chás finos e confeitos japoneses.
Foto do lobby do Nishiyana Onsen Keiunkan
Quarto de tatami para um casal dormir, com portas com papel shoji que se transforma também numa sala onde podem ser servidas as refeiçoes, com o tokonoma que conta com um pergaminho kakejiku de um autor famoso
As refeições servidas nestes estabelecimentos costumam ser soberbas, verdadeiros banquetes de produtos locais frescos que podem ser servidos nos quartos. Mas também existem espaços mais amplos para a convivência com outros frequentadores, muitos em grupos. As decorações costumam contar com obras de artes de artistas consagrados, principalmente no tokonoma, o espaço principal destinados para eles.
Café da manhã em estilo japonês servido no quarto
A arquitetura destes antigos estabelecimentos já tinham uma grande preocupação na integração interior/exterior, sendo normal que as visões para as florestas e riachos fossem possíveis simplesmente abrindo as janelas de papel shoji. No início do inverno, ao acordar e abrir as janelas, havia noites em que as neves já enfeitavam o belo panorama da região. No outono, as folhas costumam estar avermelhadas, num colorido inesquecível e na primavera nota-se as flores de ume (ameixeira) ou cerejeiras.
Vista do riacho e da floesta da janela do ryokan, foto do autor do artigo.
Estas regiões montanhosas contam com muitas facilidades para os clientes efetuarem seus passeios e caminhadas, inclusive pontes tradicionais para o cruzamento de alguns desfiladeiros.
Foto do autor do artigo de uma ponte sobre um desfilareiro.
O Japão apresenta uma ampla variedade de atrações para os seus visitantes, mas alguns dias relaxantes num onsen é certamente um programa que além de ajudar na saude, permite ter uma visão do que é mais caro na cultura daquele país milenar.
Poxa que lugar bonito embora elegante mantem se discreto bem diferente da gourmetização que temos em vários lugares por aqui
Caro Mauricio,
Obrigado pelo comentário. O que temos no Brasil são somente algumas termas, como em Poços de Caldas, mas sem as montanhas ou matas que são comum no Japão.
Paulo Yokota