Naomi Osaka Campeã da US Open 2018 Feminino
9 de setembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: esperança de maiores miscigenações étnicas no Japão, estrangeiros como no sumô, no vôlei e judô, outros destaques japoneses como na natação, tênis internacional não é um esporte tradicional do Japão
Pela primeira vez, uma tenista, cuja mãe é japonesa e o pai haitiano, com cidadania do Japão, vence uma competição de importância mundial como o US Open de 2018. Naomi Osaka é uma “half”, de apenas vinte anos e já participou de outras competições, mas sem destaque como esta competição.
Serena Willians e Naomi Osaka se cumprimentam antes do início da partida final da US Open 2018
Naomi Osaka venceu o primeiro set por 6 x 2, quebrando duas vezes o saque de Serena. No segundo set, havia um razoável equilíbrio, mas Serena acabou sendo punida pelo juiz por duas irregularidades, comportando-se como não se esperava, pois não conseguia deslanchar na partida. Acabou sendo dominada pela Naomi que, pela primeira vez, levou uma tenista japonesa a vencer esta competição, considerada entre as mais importantes do mundo. Ela jogava muito bem, com calma e força nos seus lances, notadamente nas bolas profundas.
Tudo indica que Naomi continuará se destacando nos próximos anos, enquanto Serena luta para voltar a ter destaque depois do parto a que se submeteu há pouco tempo, tendo todas as condições para permanecer competitiva por mais alguns anos. Parece inevitável que jovens tenistas venham a ganhar importância e naturalmente as mais veteranas sofram com o peso da idade.
Naomi Osaka ergue o troféu. Foto do artigo no Japan Today, que vale a pena ser lido na íntegra
O que parece relevante é que este fato acaba destacando a importância dos chamados “half” no esporte do Japão, reduzindo a discriminação que ainda existe naquele país, que conta com baixa miscigenação étnica, notadamente entre as estrelas esportivas. Naomi Osaka tem uma estatura de 1,80 metro e saca e bate nas bolas com a velocidade que costuma ser dos melhores atletas masculinos. E explora os limites das quadras, com colocações de bolas profundas e precisas, mantendo-se como não estivesse sob pressão.
Muitos atletas japonesas já se destacaram em esporte que são tradicionais no Japão. Até no sumô, destacam-se atletas estrangeiros, mas poucos são os que ganham importância em esportes internacionais que contam com grande visibilidade, diante da televisão que transmite instantaneamente as partidas que estão sendo disputadas.
Não seria exagero constatar que, com os “halfs”, muitos atletas conseguem condições físicas que não são características normais dos japoneses. Espera-se que esta vitória de Naomi Osaka ajude a reduzir as resistências veladas que existem no Japão, pois mais uma heroína com estas características ganhou projeção mundial.