Avanços Políticos Por Caminhos Tortos
12 de outubro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a necessidade de uma situação e uma oposição, tentativas de retrocessos com composições complicadas, uma grande reformulação no Congresso
O pior cego é aquele que não quer ver o que já aconteceu no primeiro turno das eleições no Brasil neste ano. Mesmo os que procuram interpretar a seu modo o que está acontecendo na política brasileira devem admitir a realidade que sempre exige uma situação e uma oposição para o funcionamento adequado da democracia, que se inverteu no país pelo voto neste ano. O candidato à Presidência da República pelo PSL, sensível para interpretar antecipadamente o que já estava acontecendo com os eleitores, empunhou a bandeira do combate à criminalidade e da necessidade de renovação radical do quadro político-partidário. Já obteve parte importante do avanço pretendido que agora deve se consolidar com sensatez no novo quadro que se abriu, ainda que seu oponente procure se travestir sob o manto de uma aliança nacional. No nível do Estado de São Paulo, mesmo com a pecha de traidor e de ter enriquecido ocupando posições em estatais no passado, há o que procurar preservar seus interesses pessoais, pouco pensando na situação da mais importante unidade da Federação.
Nem o presidente do Senado Federal, Eunício Oliveira, conseguiu se reeleger e dos 32 senadores que se candidataram somente oito conseguiram se salvar
Na Câmara Federal, apesar da concentração dos recursos orçamentários destinados aos partidos nas mãos dos que procuravam se reeleger, a renovação superou a 50%, quando o histórico era em torno de 30% e se esperasse que fosse mais baixo neste ano. O PSL, que era considerado um partido nanico, já se tornou a segunda bancada na Câmara Federal e nos próximos meses deve receber outros eleitos cujos partidos devem se inviabilizar pelas condições de barreiras já vigentes, deixando de contar com verbas e horários nas televisões e rádios. Alguns dos seus candidatos conseguiram votações expressivas, superando os que aparecem mais nas mídias por razões que não são políticas.
O candidato à Presidência da República, que quase conseguiu a vitória no primeiro turno, afirma que aceita adesões adicionais sem a política do “toma lá, dá cá” que vem sendo utilizado no chamado presidencialismo parlamentarista, e que volta a ser utilizado pelo seu concorrente, na tentativa de conseguir vencer o segundo turno. Deixando as características de um petista que conseguiu chegar a nova etapa, corre o risco de enfrentar dificuldades com seus eleitores e até daqueles que se dispõem a uma “adesão crítica” como do PDT, cujo líder já viajou para a Europa para se preservar para as futuras eleições.
Os problemas que precisam ser enfrentados pelo próximo governo e pelo Brasil não são fáceis e nem populares. Constituir uma equipe coesa e experiente, notadamente na gestão, não é algo fácil. Mas existem muitos funcionários de carreira que podem ser aproveitados e que possuem conhecimentos profundos das alternativas já estudadas, havendo necessidade de lideranças políticas fortes e determinadas, capazes de aprovar e implementar as muitas reformas radicais indispensáveis para a economia brasileira, mesmo que elas não tenham apoio unânime.
Os que possuem “cascas grossas” que já suportaram críticas pesadas, mesmo as mais justas, podem prosseguir com duras penas na renovação que já se iniciou. Mesmo que não seja um governo popular na opinião pública, com alguns resultados adicionais, espera-se que haja possibilidade para uma nova “onda” que pode provocar tsunamis adicionais, mesmo com aparências imediata de caos. Mudanças são sempre difíceis, mas indispensáveis, com objetivos claros de longo prazo e definição dos recursos necessários, principalmente de recursos humanos.