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Avanços Possíveis do Governo na Infraestrutura

2 de novembro de 2018
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: influências das concepções militares de Estado Maior, nada é muito fácil com as limitações dos recursos, privatizações, redução da corrupção que elevam a eficiência na execução das obras

Ainda que nada seja muito fácil para o novo governo, dadas às limitações dos recursos disponíveis, será no setor de obras de melhoria da infraestrutura de transportes que o aumento dos investimentos indica ser mais viável, criando empregos e aumentando a produtividade de toda a economia brasileira.

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Rodovias precárias para o escoamento da produção agrícola brasileira

Se existe um razoável consenso no Brasil é que a infraestrutura, principalmente de transportes, necessita de grandes investimentos para permitir o escoamento eficiente da produção agropecuária para o mercado interno e externo. As informações disponíveis indicam que possivelmente um militar já na reserva, de alto escalão, seja designado como ministro da área. Isto apresenta algumas vantagens importantes: os militares possuem uma formação chamada de Estado Maior que lhes proporciona uma visão sistêmica, considerando também as cargas de retorno, interligando as diversas modalidades de transportes possíveis no Brasil. Parece claro que se envolverá o setor privado com a privatização de muitas obras, proporcionando recursos adicionais aos disponíveis nos orçamentos públicos. Com a redução substancial da corrupção, pode-se esperar uma maior eficiência na aplicação dos recursos disponíveis.

Na minha carreira no setor público, contei com a substancial cooperação, principalmente do setor de engenharia do Exército Brasileiro construindo milhares de quilômetros de estradas até pelas regiões pioneiras e pude constatar a elevada eficiência dos trabalhos comandados por eles, inclusive com algumas terceirizações com empresas privadas. Comparando com os problemas enfrentados pelo Brasil com os caminhoneiros neste ano, com o estabelecimento desastroso de tarifas mínimas, sem respeitar a complexidade do sistema que envolve muitas cargas variadas de retorno, a concepção dos militares suprem muitas das deficiências importantes constatadas.

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Até a execução do Rodoanel de São Paulo enfrentou muitas dificuldades de coordenação adequada de diversas empreiteiras

Todos sabem que o setor de construção pesada foi onde ocorreram substanciais corrupções nos últimos anos, com a divisão das obras entre grupos de grandes empreiteiras, que maximizavam os seus ganhos, não se preocupando com a eficiência na execução das obras. Depois de instalados os canteiros de obras, estas empresas já estavam faturando, mesmo que as obras mal projetadas estivessem paralisadas pelas mais variadas razões.

É indispensável que bons projetos sejam elaborados com todos os detalhes possíveis, para que haja necessidade de alterações futuras que acabam provocando atrasos e elevação dos seus custos, recurso muito utilizado pelas empreiteiras para aumentar seus ganhos. As avaliações dos retornos possíveis precisam ser efetuadas para estabelecerem as suas prioridades, como no passado era feito pelo GEIPOT – Grupo Executivo da Política de Transporte, criado no regime militar e recriado recentemente como empresa pública diante da sua importância. As concorrências para os diversos projetos necessitam de toda a transparência como prometida pelo novo governo.

São medidas usuais em outros países, como os asiáticos, onde, por exemplo, algumas linhas modestas de metrô são construídas em menos tempo do que se constrói uma estação no Brasil. Elas não precisam contar com obras exuberantes para acomodar outras atividades comerciais que proporcionam lucros para os seus dirigentes, quando em muitos países aproveita-se o acesso pelo subsolo a grandes edifícios para baratear os seus custos. Há que se pensar sempre na redução da máquina administrativa do governo e a privatização ou a parceria com o setor privado pode ajudar na sua racionalização.

Dificuldades sempre existirão, mas tudo indica que existem ganhos políticos possíveis em curto prazo para o novo governo, que aumentará a possibilidade de execução de importantes reformas que exigem um detalhamento e negociação política sérios, visando a sua aprovação de interesse do Brasil. Os problemas brasileiros só serão enfrentados nas mais variadas áreas quando a economia brasileira esteja crescendo mais do que no passado recente.