Ponto de Inflexão Para que Direção?
30 de janeiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: aproveitamento do estado de choque em que se encontra o Brasil, correção dos rumos atual da economia brasileira, uma orientação do governo para o setor privado
O mar de lama que ocorreu em Brumadinho enterrou o Brasil, provocando um ponto de inflexão com relação ao passado. Mas o país espera que o governo Jair Bolsonaro dê as indicações das novas direções em que todos devem caminhar para uma recuperação mais rápida e vigorosa do desenvolvimento nos próximos anos.
O governo precisa informar o Brasil sobre os novos rumos que devem ser perseguidos depois do mar de lama em Brumadinho, que enterrou todo o passado
Tudo indica que os novos projetos a serem executados de agora em diante no Brasil precisam respeitar o meio ambiente e vida da população brasileira. O peso do desastre foi muito pesado para que tudo continue como no passado. É uma rara oportunidade para um novo diagnostico da situação do país e as diretrizes do que deve ser perseguido no futuro nos seus pontos fundamentais que devem orientar as novas atividades, com a redução do setor público e aumento dos empreendimentos privados, na procura de uma maior eficiência dos investimentos indispensáveis. No entanto, é da clara responsabilidade do governo fornecer as diretrizes principais que devem ser perseguidas, não necessitando ser um plano econômico e governamental completo, mas somente das orientações mais relevantes.
Por exemplo, nos investimentos que devem ser efetuados na melhoria da infraestrutura brasileira ainda estão considerando os diversos projetos de forma isolada, em pontos onde as providências para a privatização estão já avançadas. No entanto, para que haja maior eficiência dos investimentos num enfoque atualizado, há que se considerar todo o conjunto sistêmico, onde cada parte esteja adequadamente concatenada com as demais, principalmente nas cargas de retorno que resultam em custos mais baixos dos escoamentos. Também para se evitar efeitos sobre a poluição, deve-se dar prioridade para os usos de veículos e trens elétricos, onde as fontes geradoras estejam próximas dos pontos de sua utilização, mesmo quando eólica ou solar. Os cuidados de uma agência governamental enxuta para a implementação deste conjunto, que não seja vinculado aos interesses de possíveis executores, devem merecer a maior atenção das autoridades, evitando-se a influência político-partidária.
Os monopólios devem ser reduzidos, forçando uma concorrência maior em todos os setores da economia, começando pelos bancos, dando continuidade à redução dos custos dos recursos financeiros a serem utilizados. Já está ocorrendo uma maior participação de novas entidades financeiras, como as chamadas “fintechs”, na economia brasileira, inclusive com o uso de recursos disponíveis nas bolsas. O recomendável parece ser a aceleração deste processo que possa resultar em maior eficiência no conjunto.
Os elevados custos dos recursos utilizados para atendimento das aposentadorias de funcionários privados, públicos e até militares já contam com alternativas que estão em discussão e a sua aprovação com a urgência devida deve ser da maior prioridade, também com a participação do setor privado, como já existem em outros países.
O incremento do comércio exterior é certamente estratégico e deve contar com o suporte de instituições financeiras como o Banco do Brasil, que já contou com uma estrutura adequada para tanto. O suporte para os empresários privados, tanto para a exportação como para a importação, bem como as tecnologias usadas no exterior, deve merecer uma elevada prioridade, pois acelera a absorção do que já vem sendo feito em outros países emergentes, notadamente os asiáticos, que continuam apresentando um crescimento acima da média mundial e da economia brasileira.
Ainda que uma diversificação maior da economia brasileira seja recomendável, a exportação de produtos primários, como os minérios e os produtos agropecuários, continuará sendo importante para o Brasil. Mas aumentar o valor adicionado da economia local pode ajudar a ampliar o emprego indispensável para a população brasileira, incorporando novas tecnologias avançadas. Para isto, se torna indispensável incorporar o que já vem sendo feito nas economias mais desenvolvidas.
Serviços adicionais executados pelos brasileiros também podem proporcionar empregos em maior número, ao mesmo tempo em que se caminha para economias mais sofisticadas. A prioridade nas pesquisas está sendo utilizada por outros países emergentes para conseguir estes intentos.
Além das matérias-primas brasileiras, a ampla biodiversidade disponível no Brasil deve estimular nos produtos que possam ser colocados no mercado internacional. Parece indispensável que a política externa seja suficientemente pragmática para atender às condições impostas pelos vários países importadores.
O Brasil vem se destacando com a produção de celulose. O mundo enfrenta problemas de poluição provocados pelos plásticos petroquímicos que exigem longos prazos para serem absorvidos de forma natural. Parece lógico que se voltem às embalagens que tenham como base a celulose, facilmente biodegradável ou reciclável, resolvendo parte do problema da acumulação de lixos, uma questão que se tornou internacional.
O Brasil tem todas as condições para colaborar com o mundo para a melhoria da qualidade de vida de todos, ao mesmo tempo em que conquiste condições para o desenvolvimento da economia local. Parece que seriam algumas das formas para proporcionar uma nova face do país, tanto internamente como no exterior.
Os chineses sempre ensinaram que o reverso dos problemas são as oportunidades. No Brasil, sempre se afirma que é indispensável transformar o limão em limonada. Parece que estamos neste ponto de inflexão, havendo algumas diretrizes que possam indicar a direção do nosso caminho futuro.