Uma Cultura Que Valorize a Vida
28 de janeiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: aparente economia de curto prazo, não aprendemos nada com os sacrifícios anteriores, necessidade de revisão dos cuidados preventivos, o rompimento da barragem em Brumadinho
O mais lamentável no recente rompimento da barreira da Vale do Rio Doce em Brumadinho, com a ainda não totalizada perda de preciosas vidas, mostra que nada aprendemos com o desastre anterior semelhante, que depois de anos ainda não se chegou à conclusão definitiva das responsabilidades que não podem ser somente materiais.
Não basta ficar lamentando os prejuízos de muitas vidas humanas do rompimento da barragem da Companhia Vale do Rio Doce em Brumadinho, em Minas Gerais. Ele é a repetição de outro desastre, que depois de anos ainda nem se indenizou as famílias que tiveram seus membros atingidos, bem como outros prejuízos materiais na ecologia que se estendem de Minas Gerais até o Oceano Atlântico. Nossa cultura não está dando o devido valor às vidas humanas, como se tratassem somente de valores das indenizações. Não providenciamos mecanismos mais rigorosos para que estes tipos de desastres não se repitam, relevando exames preventivos bem como manutenções adequadas destas represas.
Com a intenção de estimular novos investimentos, muitos dos cuidados quando da aprovação dos projetos bem como a continuidade dos exames das manutenções não estão merecendo o devido cuidado, até pelo contrário. Visão de curto prazo, pois considerando num período mais longo, o país está pagando com vidas humanas e prejuízos ambientais o que poderia ser evitado. Não se noticiam casos semelhantes no resto do mundo, mesmo em países que se consideram menos avançados que o Brasil.
Todos nós, brasileiros, sabemos que não será desta forma que conseguiremos um país desenvolvido com o qual todos sonhamos. A vida humana deve estar entre as coisas que mais valorizamos na nossa cultura, mesmo com um sacrifício temporário de um aparente crescimento econômico mais modesto. Estas vidas perdidas não alicerçam adequadamente um simples inchaço econômico de curto prazo. A cultura envolve tudo, desde os aspectos econômicos como políticos e sociais.
Lamentavelmente, muitos desastres evitáveis não estão sendo coibidos. Os engenheiros devem imaginar que vidas dos seus familiares e companheiros estão sendo ignoradas. As medidas preventivas, como as manutenções, são indispensáveis para que possamos ser considerados civilizados, não se tratando de um capricho. Espera-se que estes choques que emocionam a população, inclusive o presidente Jair Bolsonaro que sobrevoou a região, mudem as orientações que parecem que estão prevalecendo em alguns setores do recém-governo empossado.