Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cultura Que Não Valoriza a Vida

11 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: não basta ficar indignado, sucessão de lamentáveis acontecimentos, uma cultura que não preza a vida

O Brasil foi atingido neste início do ano por uma série de lamentáveis acontecimentos que caracterizam uma cultura que não preza a vida humana. Começando pelo mar de lama de clip_image002Brumadinho, as mortes provocadas pela enxurrada no Rio de Janeiro, dos jovens jogadores de futebol nas dependências do Flamengo e até as de confrontos de policiais com marginais nas favelas cariocas confirmam esta tese.

Já se aproximam de duas centenas os mortos localizados em Brumadinho

Não se trata somente das lamentáveis mortes já confirmadas em Brumadinho, mas as evidências que as construções muitas represas não consideraram devidamente os seus riscos, principalmente os decorrentes da mineração. Depois do leite derramado, improvisa-se a revisão de muitas outras que ainda apresentam riscos elevados para a população. Antes tarde do que nunca.

A cada temporada de chuva em todo o Brasil, que tem elevações ainda recentes quando considerados geologicamente, populações que habitam áreas de elevados riscos morrem às dezenas, como agora no Rio de Janeiro. A tolerância das autoridades permitindo estas ocupações em áreas de elevado risco, lamentavelmente, faz parte da cultura brasileira.

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No mesmo local no Rio de Janeiro já ocorrem mortes com chuvas intensas

As mortes dos jovens jogadores de futebol nas dependências do Flamengo, que já teria sido insistentemente multado pelas faltas de autorizações mínimas acabam chocando o mundo todo. Não se trata de acidente, mas de falta de consideração com a vida destes jovens, havendo que se punir exemplarmente os responsáveis.

Nos confrontos entre policiais com marginais nos morros do Rio de Janeiro, muitos são os depoimentos dos moradores que mesmo os que já tinham se rendido foram simplesmente executados. Ainda que fossem criminosos que enfrentaram os policiais, eles mereciam no mínimo ser julgados. Ainda que o novo governo federal proponha uma série de medidas mais rigorosas no combate à criminalidade, sem providências profundas visando à mudança da cultura atual com relação à vida, corremos o risco de continuar numa situação que já tende a ser eliminado no resto do mundo há alguns séculos.

Existem mundo afora muitos exemplos de sistemas que conseguem recuperações de marginais punidos, mediante o ensino de novas profissões, dentro de um regime considerado duro. Já conseguiram melhorar situações que pareciam incontroláveis, como nos Estados Unidos, no Japão e muitas outras localidades.

É evidente que mudar uma cultura é uma tarefa de alta complexidade que vai exigir muito tempo, mas, acima de tudo, medidas de profundidade onde os condenados pagam pela sua recuperação com trabalhos duros.

As irregularidades climáticas estão aumentando os desastres em muitas partes do mundo. Cidades como do Rio de Janeiro contam com condições para grandes estragos, inclusive de vidas humanas. Um preparo mínimo evitando a ocupação das áreas críticas parece algo que precisa ser providenciado.

Não se trata somente de preparo da administração pública. Também a população precisa ser educada, apesar de todas as suas limitações, ou vamos continuar a lamentar as mortes que tendem a crescer no futuro.