Renault Alerta os Promotores Japoneses Sobre Carlos Ghosn
7 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: acumulam-se problemas para Carlos Ghosn, alerta para os promotores japoneses, intenção de transferir recursos da Holanda para a Suíça, investigações internas feiras pela Renault, o caso Versalhes | 88 Comentários »
Mais problemas para Carlos Ghosn fazem parte do alerta da Renault para os investigadores japoneses que, mediante investigações dentro da empresa, localizaram indícios de irregularidades, possivelmente cometidos por ele. Para obter o uso do Palácio de Versalhes para o seu casamento, Carlos Ghosn teria feito pagamentos para um ministro francês de forma, no mínimo, duvidosa. Teriam também indícios que recursos que estão na Holanda em seu nome, num paraíso fiscal, estariam planejados para ser transferidos para a Suíça. O assunto consta tanto do artigo no Nihon Keizai Shimbun como do jornal francês Le Figaro.
Foto do casamento de Carlos Ghosn no Palácio Versalhes
Infelizmente, quando a Renault também levanta suspeita de irregularidades cometidas por Carlos Ghosn, sua situação acaba ficando mais complicada. Tudo indica que ele se empolgou com o prestígio internacional que obteve e os ganhos elevados das três empresas das quais obtinha recursos apreciáveis, acabando por se convencer de que poderia fazer o que bem desejasse.
Muitos levantavam hipóteses que os japoneses estavam sendo exageradamente rigorosos, evidenciando que haveria necessidade de aperfeiçoamentos da legislação japonesa para se aproximar das que são adotadas por diversos países ocidentais. Certamente, devem ocorrer estes avanços como nas regras de governanças das grandes empresas japonesas para que as decisões importantes tenham ampla participação dos seus dirigentes não ficando restrita a uns poucos.
Lamentavelmente, aumentam os seus riscos de punições pesadas, podendo ficar preso por anos, se assim for condenado pelos juízes japoneses que costumam acatar as recomendações dos promotores. Tudo isto deverá consumir ainda muitos meses e os dirigentes das empresas envolvidas procuram manter as condições para a continuidade da aliança que interessa a todos. Mas deve-se admitir que o clima criado por estes problemas e as diferenças culturais não são obstáculos que podem ser superados com facilidade, mas exigindo um longo prazo.
Também no Ocidente deve ficar claro que as empresas de grande porte, principalmente de atuação internacional, não devem conceder demasiado poder para um executivo, ainda que ele seja de grande competência. As regras de governança das mesmas devem cuidar do assunto, pois boas atuações dependem de uma grande equipe de auxiliares, nos mais variados setores, sendo um trabalho coletivo.
Mesmo que haja hoje uma exagerada valorização da economia liberal, tudo indica que uma melhor distribuição de renda seja conveniente até para a ampliação do mercado, não sendo adequado um agravamento da distribuição de renda, mesmo que os bons executivos devam ser estimulados.
Yokota,
Pois é… Até na Renault o Carlos Ghosn andou “aprontando”. Considerava muito estranho identificarem desvios de conduta apenas na Nissan.
Cada vez que surgem mais “malfeitos” do Ghosn, acho que a tese de golpe dos executivos japoneses contrários a fusão da Nissan e da Renault acaba enfraquecendo. De clareza solar, que o ex-executivo sofre as consequências da sua ganância.
É mister ressaltar que o Carlos Ghosn foi colocado na Nissan pela Renault e não pelos nipônicos. Se o brasileiro provocou prejuízos à montadora de Yokohama e, por conseguinte, aos seus acionistas minoritários, a empresa francesa e o Ghosn devem indenizar a Nissan Motor.
Torna-se patente a necessidade de discutir, racionalmente, a questão das participações acionárias cruzadas, a fim de promover um equilíbrio maior entre as três principais montadoras da parceria franco-japonesa, ou seja, Renault, Nissan e Mitsubishi.
Se alcançado o objetivo, com certeza, todas ganharão.
Caro Caio Santos,
Lamentavelmente existem problemas complexos. Os japoneses, muito diferentes dos norte-americanos não costumam recorrer ao Judiciário por prejuízos ocorridos nas Bolsas de Valores, pois os investidores deveriam também tomar os seus devidos cuidados. São operações de alto risco, para especialistas, principalmente quando se envolvem empresas de diferentes países.
Paulo Yokota
Já li sobre a biografia do Carlos Ghosn, sendo que ele veio de família humilde. É triste ler notícias vinculando o nome do titã da indústria automobilística a atos de corrupção, seja na Renault, seja na Nissan.
Pelo status que alcançou, presumo que o brasileiro teve a sensação de que tudo pode. Ganhou condecoração do imperador Akihito e em outros países, bem como foi eleito um dos homens mais poderosos do mundo pela Revista Forbes etc mexeram muito com a sua vaidade.
Foi muito poder nas mãos de uma única pessoa por longo período de tempo.
Caro Tadeu G.Silva,
É preciso tomar muito cuidado com estas ascensões, que podem mudar até a cabeça de pessoas bem preparadas.
Paulo Yokota
Imagine o que se passa na cabeça do funcionário da Nissan que foi demitido quando o Carlos Ghosn foi o “chefão” da fabricante japonesa? Ele tinha a fama de “cortador de custos”, a fim de manter sempre certo percentual de lucro da empresa…
Como é cediço, a Nissan Motor bancava todo o estilo de vida luxuoso do ex-executivo. Jato de 250 milhões de reais, mansão no Líbano de R$ 60 milhões etc.
Quem errou, deve pagar!
Caro Sandro Gomes,
Isto já acontecia na Renault, que reduziu muitos empregos e os demitidos ficaram contrariados como Carlos Ghosn.
Paulo Yokota
Que assustador! Um homem poderoso como o brasileiríssimo Carlos Ghosn abusando dos ativos da Nissan e da Mitsubishi para fins pessoais. Ele era um orgulho para o nosso amado Brasil.
Cara Nayara Furtado,
Isto acontece com frequência, recomendando que o poder sempre seja temporário.
Paulo Yokota
Amigo:
Literalmente, o sucesso subiu a cabeça do nosso conterrâneo Sr. Carlos Ghosn. Parece que ele se achava um DEUS! Meu Deus!
O Dr. Ghosn extrapolou demais! A releitura da Aliança Renault-Nissan deve ser realiza sem tardança.
Ruy Aguiar,
Isto acontece com certa frequência, e costumamos dizer que foi mordida pela “mosca azul”. Precisamos tomar cuidado com sucessos súbitos.
Paulo Yokota
Provavelmente, a FUSÃO da Renault e da Nissan não ocorrerá, pois o Ghosn precisará, primeiramente, resolver a CONFUSÃO em que se meteu.
Cara Ana Maria Mota,
Tanto os franceses como os japoneses desejam manter a Aliança, mas existes sequelas que precisam ser superadas e elas são gigantescas.
Paulo Yokota
Queria dar uma de malandro na “Terra do Sol Nascente”? Na penitenciária, o Carlos Ghosn deveria ler livros sobre o Bushido.
Caro Henrique Lopes,
É sempre difícil lidar com culturas diferentes, mas mesmo os que acham que possuem o seu domínio, ela pode ser parcial.
Paulo Yokota
Sou a favor da Aliança Renault-Nissan, mas ela precisa de uma revisão para torná-la mais equilibrada.
Cara Helena Rossi,
Os franceses já revelaram que aceitam ajustes neste acordo, mas as sequelas deixadas são respeitáveis.
Paulo Yokota
Ótima cobertura da decadência da carreira do ex-executivo brasileiro Carlos Ghosn.
Caro João Azevedo,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Caro João Azevedo,
Muito obrigado pelo seu comentário.
Paulo Yokota
Yokota:
Fiquei bem atualizado com os seus artigos. Obrigado.
Caro Marcelo B.T.,
Obrigado pelo comentário.
Paulo Yokota
Paulo:
Se houve “golpe” de executivos da Nissan, como é sustentado pelo Ghosn, eu não sei. Mas entendo que quem cometeu crimes fiscais e desviou patrimônio da montadora japonesa para fins pessoais deve pagar.
Cara Jucimar,
Obrigado pelo comentário.
PAULO YOKOTA
Querido Yokota:
Busquei me informar, cuidadosamente, sobre o tema, a fim de emitir uma opinião segura. Infelizmente, a minha conclusão é a de que Carlos Ghosn é um homem excessivamente ganancioso e sem escrúpulos.
Fez o bem no passado e, com o seu talento, ajudou a recuperar a Nissan e a criar a exitosa parceria franco-japonesa envolvendo a Renault e a Nissan Motor. Mas, lamentavelmente, a partir de certo momento, passou a ter conduta ética questionável.
Não me cabe fazer uma análise técnico-jurídica sobre os supostos delitos imputados ao Ghosn, pois não sou bacharela em Direito do Japão. Destarte, causa-me espécie observar jornalistas norte-americanos e europeus desenvolvendo teses para inocentar o ex-executivo brasileiro.
Parece que os maiores juristas do Japão não estão na Terra dos Samurais, mas, sim, nos EUA e na Europa. Simplesmente, hilário.
Na França, o Ghosn também é investigado pelo “dieselgate” da Renault. Ou seja, não é perseguição nipônica.
Resta saber como tudo isso acabará. Presumo que Ghosn será condenado, mas a injusta participação societária cruzada entre a Renault e a Nissan será revista? É mister uma releitura, uma atualização da aliança tornando-a mais equilibrada para o lado japonês.
Mas, decerto, o Estado francês defenderá os seus interesses com unhas e dentes. A Nissan, ao longo de anos pagou dividendos bilionários para a sua parceira francesa e, assim, creio que a Renault relutará em vender ações da empresa japonesa. A França, como é cediço, quer a liderança da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Numa atitude de humildade, creio que Ghosn deveria vir a público e se curvar pedindo desculpas, como é o costume japonês. Mas a arrogância e a vaidade dele…
Outra coisa: a família Ghosn e uma parte da imprensa estrangeira adotam uma estratégia sórdida de tentar desmoralizar e pressionar a Justiça Criminal japonesa. Não vem funcionando, pois Ghosn continua preso, sem qualquer perspectiva de ser solto. Considero um perigo conceder fiança a ele, pois há o risco de destruir provas, influenciar testemunhas e fugir.
O Japão, a meu sentir, dá um exemplo ao mundo, pois é deveras importante combater os criminosos do colarinho branco. É preciso pulso firme e punir de maneira vigorosa.
A Renault e o Ghosn necessitam indenizar todos os prejuízos causados à Nissan e aos seus acionistas minoritários. É medida de Justiça!
Cara Milena Gomes,
Obrigado pelo seu cuidadoso comentário Tudo indica que tanto os franceses como os japoneses pretendem corrigir as distorções das participações acionárias cruzadas, para proporções mais razoáveis. Além da troca de tecnologia para o futuro, de carros elétricos e movidos sem motorista. No entanto, as sequelas que ficaram deste caso parecem difíceis de serem superados, mesmo com bastante tempo. Também a dimensão para competir com a Toyota e a Volkswagen são atrativas. Culturas muito diferentes precisam de uma disposição reciproca muito elevada. Se conseguirem estabelecer as condições indispensáveis, pode ser que, no longo prazo haja uma pequena possibilidade.
Paulo Yokota
sã
Parece-me que o senhor já disse no blog Ásia Comentada que conheceu, pessoalmente, o Carlos Ghosn. Pode confirmar isso? Em caso afirmativo, o economista da USP esperava que o brasileiro tivesse um fim de carreira tão trágico?
Caro Fernando Cruz,
Não conheço pessoalmente o Carlos Ghosn. Ele já foi rigoroso na Renault na França, quando ficou famosos pelo corte drástico das despesas, pois as estatais francesas também têm os mesmos defeitos das de outros países. Lamentável que o rigor era com os outros, pois depois parece que ele foi mordido pela famosa “mosca azul”, cometendo muitos desvios dos quais precisa ser responsabilizado.
Paulo Yokota
O povo do Japão, felizmente, não tem que se preocupar com magistrados como os nossos ministros do STF (Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello etc.). O Carlos Ghosn, certamente, ficará preso até o julgamento.
Cara Isabele Costa,
Obrigado pelo comentário O que é lamentável e que temos muitos jovens brasileiros presos no Japão, sendo submetidos a um rigoroso sistema de recuperação.
Seus programas diários começam às 5 horas da manhã, estudam e trabalham, e só saem das prisões depois de aprender uma profissão. Uma amiga minha, madre brasileira frequentava sempre essas prisões, e me contava sobre o sistema extremamente rigoroso da Justiça japonesa, até exagerada para os nossos padrões,
Paulo Yokota
Cara Isabele Costa,
Obrigado pelo comentário. Mas, parece que existem alguns aspectos que na legislação japonesa merecem ser revistos, como os interrogatórios dos suspeitos sem a assistência de um advogado. Também as prisões preventivas são muito longas, chegando a alguns casos a mais de um ano. Mas, precisamos compreender que cada país tem a sua legislação, não podendo ser pressionado do exterior.
Paulo Yokota
O japoneses mostram como se deve combater os criminosos do colarinho branco. Necessitamos copiá-los. Ghosn merece punição severa.
Caro Gustavo Farias,
Obrigado pelo seu comentário, com o qual nem todos concordam.
Paulo Yokota
Paulo:
A Renault é que deveria ser subsidiária da Nissan e não o inverso. Agora, se praticou crimes, o Ghosn deve pagar por eles. O resto é conversa fiada (golpe, conspiração, traição etc.)
Caro Leonardo Ribeiro,
Obrigado pela opinião. Os franceses parecem ter comunicado aos japoneses que aceitam mudar a atual situação acionária para uma mais equilibrada.
Paulo Yokota
Doutor Paulo,
Por favor, leia este excelente artigo:
Nissan Needs More Power To Continue With Renault Alliance
https://www.forbes.com/sites/neilwinton/2018/11/26/nissan-needs-more-power-to-continue-with-renault-alliance/#378cc0ca449c
Caro Olavo Alves,
Obrigado pela informação. Tudo indica que os franceses já comunicaram aos japoneses que aceitam mudar a atual situação acionária.
Paulo Yokota
Observo muitas pessoas manifestando-se nas rede sociais para dizer que foi golpe da Nissan que deseja ser, mais uma vez, independente. Mas e os delitos supostamente praticados pelo brasileiro Carlos Ghosn? E se ele for, realmente, condenado?
É o rouba, mas faz, muito comum por aqui entre os políticos (Lula etc.)? Se os japoneses estão utilizando as “condutas indevidas” do Ghosn é culpa totalmente do ex-executivo.
Quer dizer que é “normal” sonegar impostos? Quer dizer que “não há nada de mais” desviar patrimônio da Nissan para enriquecer parente para não fazer nada e comprar imóveis de luxo a custo zero?
Faça-me o favor!!!
Caro Bruno P. Oliveira,
Estes processos que envolvem mais que um país são de grande complexidade, devendo se esperar muito até o julgamento final. Devemos evitar tomar partido antecipadamente, mesmo com tudo que vem sendo divulgado. Mas, os indícios contra Carlos Ghosn parecem ser consistentes.
Paulo Yokota
Economista:
O Carlos Ghosn trocou de advogados. Será desespero para livrar-se solto? O Motonari Otsuru não conseguiu habeas corpus para o ex-executivo brasileiro…
Caro Mizael Santos da Silva,
É do seu direito escolher o advogado com o qual se sente melhor defendido. Ainda que o novo tenha conseguido resultados expressivos, tudo indica que a situação de Carlos Ghosn é muito difícil, dentro da legislação japonesa.
Paulo Yokota
Paulo:
Deveríamos, urgentemente, enviar os nossos juristas, a fim de estudar o Direito do Japão. Quem sabe, aprenderíamos como combater a impunidade no Brasil.
Exemplar o caso envolvendo o Carlos Ghosn, sendo que é patente o fato dos japoneses não tolerarem os crimes do colarinho branco.
Yokota, percebeu que os parentes do Carlos Ghosn, ultimamente, estão mais quietinhos? Notou, também, que de tempos em tempos surgem novas denúncias? Agora, foi com a Renault… Ficará difícil sustentar a teoria da conspiração, não é mesmo? Até a montadora francesa está revelando as condutas deveras questionáveis do franco-líbano-brasileiro Ghosn.
Beijos!
Caso a japonesa Nissan aumente a sua participação na Renault para 25% ou mais, então, os direitos de voto sobre as participações da Renault na Nissan seriam anulados sob as disposições da Lei de Empresas do Japão.
Torço pela Nissan Motor!!!
Em que lugar o senhor leu que a Renault venderá parte das ações da Nissan? Acho difícil…
O Dr. Yokota acredito que haverá, no futuro, um equilíbrio maior entre a Renault e a Nissan?
Caro Yuri Machado,
Isto saiu em muitos jornais japoneses, em decorrência dos contatos dos representantes da Nissan com os da Renault. Algum tipo de mudança certamente ocorrerá, se pretenderem manter a Aliança.
Paulo Yokota
Para mim, o Ghosn ficará alguns anos preso no Japão. Mas o que ocorrerá com a parceria Renault-Nissan? O amigo acha que acabará? Beijinhos!!!!
Cara Monique G.T.
Parece evidente que Carlos Ghosn está mobilizando muito a imprensa internacional, mas não acho que isto inclua em algo as autoridades japonesas em questões que ocorreram no Japão.
Paulo Yokota
Parece-me que o senhor não acompanha a imprensa estrangeira, pois o mundo considera Carlos Ghosn INOCENTE!
Doutor Yokota:
O Carlos Ghosn é outro brasileiro que envergonha o nosso país no exterior. Ele deveria parar de inventar desculpas burlescas e se curvar, pedindo desculpas ao país que tão bem o acolheu. Falta de gratidão e honradez.
Caro Leonardo Miranda,
Obrigado pela sua opinião.
Paulo Yokota
A ganância do Carlos Ghosn lembra muito a do ex-governador do RJ Sérgio Cabral Filho que está preso por corrupção.
Caro Rafael Bordeaux,
Obrigado pela sua opinião, mas muitos não concordam com ela.
Paulo Yokota
Recomendo que o senhor leia com muita atenção o artigo “Nissan Enlisted Japanese Government to Fend Off Renault Merger” que foi publicado no “The Wall Street Journal”.
Posteriormente, por gentileza, mantenha os seus leitores informados.
Obrigada!
Cara Patricia Fonseca Neves,
Pelo que conheço do governo japonês (e tive pessoalmente muitos contatos com eles), ainda que este tipo de pedido tenha sido feito pela Nissan, eles não se imiscuem em assuntos entre empresas.
Paulo Yokota
Prof. Dr. Paulo Yokota:
Francamente, acho que o governo japonês deveria parar de agir apenas nos bastidores e tomar uma atitude nesse imbróglio entre a Renault e o Estado Francês de um lado e a Nissan e a Mitsubishi do outro.
Entendo que o Estado nipônico poderia comprar uma parte das ações que a montadora francesa tem na Nissan Motor. A Renault teria, no máximo, 24,99% das ações ordinárias da empresa japonesa e vice-versa.
Pela Lei Societária do Japão, se a Nissan adquirir 25% ou mais do capital social da Renault, os direitos de votos desta última são cancelados.
Assim, a Nissan, outrossim, compraria, no máximo 24,99 das ações ordinárias da Renault.
Ficaria algo mais equilibrado.
Caro Gilberto Pinto de Almeida,
As partes já são discutindo mudanças nestes relacionamentos. O governo japonês não se imiscui em assuntos das empresas, mesmo as japonesas, como muitos países no mundo.
Paulo Yokota
É bom o senhor ler as notícias abaixo:
OAB envia carta a federação japonesa de advogados em defesa de Ghosn
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/oab-envia-carta-a-federacao-japonesa-de-advogados-em-defesa-de-ghosn.shtml
OAB envia carta ao Japão acusando país de torturar Carlos Ghosn
https://www.metro1.com.br/noticias/mundo/68953,oab-envia-carta-ao-japao-acusando-pais-de-torturar-carlos-ghosn.html
Caro Ângelo R. Moraes,
Se qualquer entidade representativa dos advogados japoneses viessem dizer que o Brasil teria que mudar os procedimentos como o do Lava Jato no Brasil, a OAB ficaria satisfeita? Acho que estas manifestações são contra produtivas. Cada país tem a sua legislação e não vai mudar por causa da OAB.
Paulo Yokota
Yokota, no Brasil, há especialistas em Direitos Humanos como a professora Flávia Piovesan, o prof. Valerio Mazzuoli. Eles poderiam ensinar o Japão como se deve tratar os detentos, bem como melhorar o seu sistema criminal que é arcaico.
Nesse ponto, nós temos muito a ensinar!
Como o governo brasileiro permite que um nacional (Ghosn) seja torturado para extrair uma confissão?
Agnes Lacerda,
Cada país tem a sua legislação e não cabe a outros países tentarem interferir sugerindo o que acham correto. No Brasil não temos penas de morte, mas brasileiros que tentam introduzir drogas em alguns países asiáticos estão sujeitos a esta penalidade máxima, mesmo que não concordemos. Não acho que Carlos Ghosn esteja sendo torturado, como muitos outros brasileiros que sofrem penalidades duras no Japão.
Paulo Yokota
Caro Paulo:
A Ordem dos Advogados do Brasil está preocupado com os Direitos Humanos do Carlos Ghosn? Mas no Brasil há incontáveis casos de desrespeito aos Direitos Humanos…
Faça-me o favor! Que vergonha!
Caro Caio Moura,
Obrigado pelo seu comentário.
Paulo Yokota
Prezado Yokota:
Somente um jornal japonês disse que a Renault estaria disposta a vender parte das ações da Nissan. Contudo, a França negou categoricamente a notícia.
O senhor sabe que a montadora francesa costuma receber polpudos dividendos da parceira nipônica. Ademais, como é sabido, os franceses desejam a liderança da Aliança Renault-Nissan, bem como a presidência da Nissan Motor.
Presumo que o economista precisa ser mais cauteloso em seus comentários e se fundamentar em artigos confiáveis. A imprensa do Japão está sendo imparcial na cobertura do caso?
Duvido que a Renault venderá as ações da Nissan! A empresa japonesa é a galinha dos ovos de ouro da firma francesa!
É como crer em Coelhinho da Páscoa, Papai Noel, Curupira etc. O blogueiro Yokota não entende de indústria automobilística!
Caro Maicon,
Com a sua respeitável opinião, não sei porque V. continua comentando o assunto neste site. Para que a galinha dos ovos de ouro proporcionar seus frutos, sem a adesão de fato dos funcionários como da Nissan, a Aliança não tem sentido para as vantagens tecnológicas do futuro. Todos afundarão juntos, o que eles tentam evitar. As ações e os dividendos flutuam, e com os resultados de 2018 devem diminuir. O que interessa é a tecnologia que o corpo de funcionários possuem, principalmente nos carros elétricos e nos que movimentam sem motoristas. Este é o último comentário que faço sobre as suas participações, pois V. acha que são inúteis.
Paulo Yokota
Paulo, busquei diversos sites do Brasil e do mundo e não me parece que a Renault deseja diminuir o seu investimento na Nissan. Os franceses querem que o novel presidente da fabricante japonesa seja o Jean-Dominique Senard.
Caro Ayrton Bastos de Paula,
Realmente, o chairman da Nissan deve ser ele. No entanto, os franceses sabem que sem a adesão dos corpo de funcionários da Nissan não há como conseguirem as vantagens da Aliança. Já informaram aos representantes da Nissan que estão dispostos a mudanças, sem as quais não conseguem as vantagens de fato.
Paulo Yokota
O envolvimento da OAB com as suas duras críticas é, naturalmente, constrangedor ao Japão. Os advogados brasileiros estão entre os melhores do mundo, sendo os mais combativos e tecnicamente bem preparados. Nosso escola evolui muito nos derradeiros anos, sendo que temos uma base incrível nos Direitos Humanos.
A pressão de um país como o Brasil, com o seu gigantismo e importância política e econômica, será fundamental para a estratégia de defesa do Sr. Ghosn.
Cara Karine S. Siqueira,
Com todo o respeito à sua opinião, parece-me que no mundo o Brasil e a OAB sejam pouco conhecidos e relevantes.
Paulo Yokota
Se há uma trama por parte de executivos da Nissan que não querem a fusão com a Renault, eu não sei. Trata-se do alegado pelo Carlos Ghosn, mas o que há de CONCRETO é que o brasileiro é réu por crimes de evasão fiscal, quebra da confiança agravada etc.
Parece discurso de políticos brasileiros acusados de corrupção…
Caro Glauco Rodrigues,
Parece que são coisas diferentes, cometidas em países diferentes, ainda que haja algumas poucas semelhanças.
Paulo Yokota
Paulo,
Sempre acreditei na honradez de brasileiros como Dilma e Lula, mas, hoje, os dois respondem a processos criminais por lavagem de dinheiro, recebimento de propinas… Sinto que joguei no lixo os meus votos…
Sou do RJ e ajudei a eleger o Sérgio Cabral Filho… Que horror!
E o que dizer de João Havelange e Ricardo Teixeira? Mais uma vez corrupção…
O franco-líbano-brasileiro Carlos Ghosn era um homem que eu admirava muito, mas está preso no Centro de Detenção de Tóquio. Li muito sobre o assunto e a ganância falou mais alto para o ex-executivo da Nissan.
Por fim, o que falar sobre a “piada” Eike Batista?
PT, Lula, Dilma, Havelange, Ghosn, Cabral, Eike etc. são as VERGONHAS do nosso Brasil!!!
Caro Leandro L. Couto,
Se eles estão sendo punidos, parece que está havendo uma mudança positiva.
`
Paulo Yokota
Querido Paulo:
Lamentavelmente, surgem a cada dia mais denúncias contra o Carlo Ghosn.
Revista diz que Ghosn gastou R$ 1 milhão da Renault para levar amigos ao carnaval do Rio
http://br.rfi.fr/geral/20190220-revista-diz-que-carlos-ghosn-gastou-r-1-milhao-da-renault-para-levar-amigos-ao-carnav
Cara Maria Paula Silva,
Obrigado pelo comentário. Parece que não devemos gastar mais tempo com o caso Carlos Ghosn.
Paulo Yokota
Querido Paulo:
A notícia original publicada na França e, também, no Japão.
Carlos Ghosn et le carnaval de Rio aux frais de la princesse :
https://www.lexpress.fr/actualite/societe/enquete/carlos-ghosn-et-le-carnaval-de-rio-aux-frais-de-la-princesse_2063030.html
Ghosn ‘used company funds’ for Rio carnival trip (NHK):
https://www3.nhk.or.jp/nhkworld/en/news/20190221_12/
Ex-presidente do conselho da Renault teria usado dinheiro da empresa em viagem de carnaval para amigos
https://www3.nhk.or.jp/nhkworld/pt/news/138579/
Cara Maria Paula Silva,
Obrigado pelo comentário. Lamentavelmente, estas mudanças de personalidade acontecem quando se alcança um exagerado sucesso.
Paulo Yokota
Dr. Paulo Yokota:
Meu Deus! Li a matéria abaixo no G1 e estou estarrecido como o brasileiro Carlos Ghosn abusou da Renault e da Nissan. DEPLORÁVEL!
Carlos Ghosn teria convidado amigos para Carnaval no Rio às custas da Renault-Nissan
https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/02/21/ghosn-teria-convidado-amigos-para-carnaval-no-rio-as-custas-da-renault-nissan.ghtml
Caro Ruy W. Souto,
É lamentável, mas isto acontece algumas vezes.
Paulo Yokota
Paulo, não há como negar a ganância do Ghosn, bem como que ele cometeu, provavelmente, delitos. Mas, desculpe-me, pois acredito que certos executivos japoneses estão usando os “deslizes” do Ghosn para eliminar a ideia de fusão da Nissan com a Renault.
Claro que o Ghosn “deu mole” ao pensar que estava acima do bem e do mal e que ele deve pagar por seus crimes. Mas não podemos deixar de lado outros interesses…
Também sou a favor da independência da Nissan Motor, pois, a meu ver, ela sustentou a Renault por quase vinte anos, além de bancar o estilo de vida luxuoso do Ghosn. A francesa “chupou” a tecnologia de ponta da empresa japonesa.
Sou descendente de coreanos, mas não tenho nada contra os japoneses. Sou amigo de muitos nipo-brasileiros.
Caro J. Kim,
Obrigado pelos seus comentários. O que me parece é que quando tanto a Nissan como a Mitsubishi Motors estavam com suas dificuldades, entenderam que Carlos Ghosn que tinha a fama de um grande cortador de despesas poderiam ajuda-los. Ele se revelou como um executivo brilhante que havia entendido bastante da cultura empresarial japonesa que é muito complexa, mais do que a coreana (trabalhei em diversos casos relacionados com a Coreia, tendo ajudado na vinda dos primeiros imigrantes coreanos para o Brasil, como membro do Advisory Committee on Technical Service, com o apoio do Comitê de Refugiados da ONU; supervisionei o escritório que a Cotia Trading – grupo Ovidio de Brito tinha em Seul). Mas, Carlos Ghosn não tinha o conhecimento suficiente da cultura empresarial e jurídica do Japão. Acho que tanto os franceses como os japoneses estão procurando preservar a Aliança, que proporciona parte da tecnologia que a Renault não tem, como os veículos elétricos e sem necessidade de motoristas, bem como conseguir a dimensão para competir com a Toyota e a Volkswagen globalmente. As influências acionárias seriam alteradas, mas tudo isto é também muito difícil, pois sequelas foram deixadas pela crise por que estão passando. As diferenças culturais não devem ser subavaliadas.
Obrigado, Paulo Yokota
Prof. Dr. Yokota:
É sempre um privilégio para todos nós ler os comentários do Dr. Yokota, pois aprendemos muito tanto quanto os seus excelentes artigos. Mesmo diante de leitores “agressivos”, o professor Paulo mantém a serenidade e a educação.
Caro Olavo Alves,
Muito obrigado pelo seu exagerado comentário. Procuramos dar, modestamente, uma visão mais ampla de assuntos sobre os quais nem todos dão a devida atenção.
Paulo Yokota
Prezado Yokota:
Apenas para enriquecer o debate, por favor, indico o citado artigo:
Jean-Dominique Senard: gestor visto como o “anti-Ghosn”
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/jean-dominique-senard-gestor-visto-como-o-anti-ghosn-415195
Muito obrigado e bom dia!
Caro Eduardo de Lima,
Obrigado pelo comentário, mas acho que o “novo” advogado dele está tentando outras estratégias.
Paulo Yokota
Yokota:
Hoje, dia 05 de março de 2019, o Ghosn foi solto pela Justiça japonesa.
Cara Maya Lima,
Felizmente sim, mas ele continua com muitas restrições, não podendo sair do Japão e nem se comunicar com outros que possam destruir provas. Na Justiça japonesa 99% dos casos investigados resultaram na condenação final dos investigados.
Paulo Yokota
Li vários comentários e maioria acha que Carlos Ghosn deveria responder e provar sua inocência em vez de fugir, também li as respostas do Dr. Yokota, é um assunto complexo difícil ter um desfecho que agrade as partes