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Tentando Preservar a Memória

26 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: evidências científicas, práticas que ajudam neste processo, tentando preservar a memória mesmo com o envelhecimento

clip_image002Se existe algo inevitável, é que todos envelhecemos e tendemos perder parte da nossa memória. Um artigo interessante publicado no site da UOL pelo VivaBem, além de informar sobre algumas pesquisas efetuadas com ratos, fornece recomendações práticas para preservar ao máximo nossas memórias, que muitos já estão executando.

Ilustração publicado no artigo da UOL, que vale a pena ser lido na íntegra

Resumindo o que consta do artigo da UOL, um grupo de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Augusta, na Geórgia, nos Estados Unidos, descobriu que o estrogênio no cérebro é importante para manter os neurônios se comunicando e a memória ativa. A pesquisa foi publicada no periódico científico altamente credenciado, o Journal of Neuroscience, nesta segunda-feira (25), e revela que, ao restaurar os níveis desse hormônio no cérebro, pode ser um novo caminho para prevenir os déficits de memória. Este site conferiu a informação naquele Journal.

Os cientistas chegaram a essa conclusão eliminando uma enzima que converte a testosterona em estrogênio do cérebro de camundongos. Eles realizaram exames e testes comportamentais nos animais e ainda incluíram camundongos fêmeas, que também tiveram seus ovários removidos para controle, a fim de garantir que nenhum estrogênio circulante fosse parar no cérebro das cobaias.

Os resultados da pesquisa mostraram que os ratos sem estrogênio tiveram menos funcionalidade no processo pelo qual se fortalecem para formar uma memória. Um importante fator de transcrição, conhecido por desempenhar um papel fundamental no aprendizado e na memória, foi reduzido. Quando os cientistas restauravam os níveis de estrogênio nesses animais, o hipocampo, que tem um papel na memória de longo prazo e na memória espacial, voltou a funcionar normalmente em poucos minutos.

Restaurar os níveis de estrogênio na área do cérebro resgata essas funções prejudicadas, relatam Darrell Brann, presidente interino do Departamento de Neurociência e Medicina Regenerativa, e seus colegas, daquela Universidade de Augusta, nos Estados Unidos.

O UOL publicou artigo do VivaBem, que elaborou nove dicas para cuidar da memória e manter o cérebro jovem por mais tempo, em fins de 2017, ao qual se adicionou algumas observações atuais deste site:

1. Faça yoga ou medite

Um estudo recente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein revelou que fazer yoga regularmente pode preservar áreas do cérebro relacionadas à memória. O trabalho analisou 42 idosas com os mesmos hábitos e condições de saúde e observou-se que, entre as adeptas, o córtex pré-frontal era mais espesso. Já existem organizações especializadas que estão difundindo estas práticas e alguns médicos procuraram aperfeiçoamentos sobre o assunto até no Japão.

2. Mexa-se

A atividade física está associada à formação de novos neurônios e a uma melhora da resposta cardiovascular, o que também é importante para o cérebro, que depende do bom fluxo sanguíneo. Além disso, o exercício regular pode aumentar o volume do hipocampo, área que armazena e processa as memórias, além de proporcionar vantagens gerais para a saúde humana.

3. Malhe a mente

Valem palavras cruzadas, sudoku, xadrez e outros jogos que provoquem o intelecto, incluindo o videogame. Mas se você já está habituado a alguma dessas atividades, busque outras novas. Preservamos o cérebro por mais tempo quando somos confrontados constantemente com novos desafios.

4. Nunca pare de aprender

Quando aprendemos algo, novas conexões se formam entre os neurônios e a memória é exercitada como nunca, afinal de contas, precisamos ouvir, processar e armazenar informações inéditas. Por isso, não importa tanto o que se vai estudar, desde que seja algo diferente do que você já viu ou sabe, e que esse estímulo seja constante. Pelo mesmo motivo, o hábito da leitura é também indispensável. Idosos que continuam ativos continuam com sua memórias mais ativas, enquanto comparados com os “aposentados” que tendem a piorar rapidamente na sua capacidade de memorizar conhecimentos.

5. Enriqueça o cardápio

A lista de ingredientes benéficos é longa, mas merece destaque a dieta mediterrânea, uma das principais aliadas do cérebro. Ela inclui azeite, grãos, legumes e verduras, mas principalmente prioriza o peixe em vez da carne vermelha. Os flavonoides, presentes no cacau, nas frutas e em muitos outros vegetais também têm papel importante aqui. Para se ter uma ideia, um trabalho norte-americano de 2012 mostrou que o consumo regular de frutas vermelhas adiou em até 2,5 anos o declínio cognitivo de mulheres na terceira idade. É notório que muitos idosos que adotam estas dietas se encontram melhor mentalmente, como também muitos idosos japoneses que consomem peixes, vegetais e frutas em grande quantidade.

6. Durma bem

É durante o sono que as memórias se consolidam. Ou seja, enquanto dormimos, o registro de tudo o que aprendemos e vivemos durante o dia vai se estabilizando no hipocampo, de onde as informações poderão ser resgatadas quando forem necessárias mais uma vez. E não basta só fechar os olhos, o sono deve ser de qualidade. Existem pessoas que, mesmo consultando especialistas no assunto, não conseguem sonos longos e profundos como os desejáveis, lamentavelmente. Parece que muitos exercícios físicos ajudam neste processo.

7. Evite o estresse

Agendas muito cheias e rotinas extenuantes custam caro para a massa cinzenta. Quando estamos estressados, temos dificuldades de nos concentrar e reter novas informações. A longo prazo, a tensão crônica danifica a memória, mas há também uma relação imediata. Parece evidente que fazer o que dá prazer pode ajudar neste processo,

8. Maneire na bebedeira

Em excesso, o álcool é tóxico para o sistema nervoso, pois ataca os neurônios e bagunça o processo de retenção das lembranças. Tudo indica que o consumo do cigarro também tende a agravar o problema.

9. Mantenha a saúde em dia

Para que o cérebro funcione, o sangue tem que abastecê-lo sem falhas. Por isso, doenças cardiovasculares e diabetes, assim como níveis elevados de gorduras e açúcar no corpo, podem também agravar os esquecimentos com o avançar da idade. Poderia se acrescentar o excesso de sal, que tende a agravar a obesidade.

Fontes sobre as 9 dicas: Eduardo Mutarelli, neurologista e coordenador do Núcleo de Neurociência do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo; Cristoforo Scavone, bioquímico coordenador do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP; Pedro Calabrez, neurocientista e pesquisador do Instituto de Neurociências Aplicadas da Universidade Federal de São Paulo, consultados para a matéria do dia 18/12/17, publicado pelo VivaBem.

Evidentemente, como esses assuntos estão relacionados com a saúde humana, sempre é conveniente que se consultem os médicos, como os neurologistas que estão habilitados a recomendar o que seria adequado para cada paciente que está se tornando um idoso.