Transformar Limão em Limonada Senão o Barco Afunda
20 de fevereiro de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: a grave crise que a demissão de Gustavo Bebianno deixou exposta, correções urgentes das deficiências do atual governo, reconhecimento dos erros e avanços para sistemas sustentáveis
A atual estratégia do governo de Jair Bolsonaro tentando ocupar a pauta com a apresentação das reformas indispensáveis, ignorando a profundeza da atual crise, pode resultar num desastre. Há que se reconhecer todos os graves erros cometidos, aprender as lições e introduzir rapidamente as mudanças indispensáveis no próprio governo.
O presidente Jair Bolsonaro foi à Câmara Federal entregar o projeto de Reforma da Previdência. Foto constante do artigo publicado no site do UOL, que vale a pena ser lido na íntegra, como se a situação política estivesse normal
Por mais duro que seja, o governo precisa reconhecer que cometeu diversos erros, necessitando fazer correções de monta se deseja continuar com o seu mandato, efetuando as reformas indispensáveis para a economia brasileira. O presidente necessita mudar radicalmente os meios que vem utilizando para se comunicar diretamente com os eleitores pelas redes sociais, pois o país dispõe de um sistema representação pelos eleitos. Ele já tinha sido advertido que deveria usar o sistema criptografado que o governo dispõe. Não pode continuar com os seus familiares imiscuindo em assunto do governo e necessita contar com as recomendações diárias dos que ocupam postos importantes no Palácio do Planalto, submetendo-se às suas recomendações onde figuram experientes ex-militares que estão acostumados com sistemas de Estado Maior, com disciplina e hierarquia claras. Mas os problemas se concentram nos funcionários públicos, que não são militares.
Diversos assuntos paralelos afloraram nesta crise. Há que se contar com uma imprensa mais diversificada, sem que uma única organização que também enfrenta seus problemas econômicos tenha quase o monopólio dos recursos oficiais voltados à comunicação social. A oportunidade da criação de uma nova rede de comunicação deve ser aproveitada para ajudar a estabelecer um sistema mais equilibrado. A imprensa é fundamental para a continuidade de uma verdadeira democracia.
A população sente o exagerado agigantamento do Judiciário, que conta com parentes de seus membros atuando ativamente em importantes escritórios de advocacias que defendem muitas questões contra o governo. Isto acontece com decisões que deveriam ser do âmbito do Legislativo. Aproveitando a CPI, que deve examinar o assunto dos exageros necessitam ser corrigidos, deve se promover a verdadeira harmonia entre os poderes.
Há que se reconhecer que muitos ministros foram escolhidos sem que tenham a mínima experiência no Executivo. As mudanças administrativas são assuntos de especialistas e as fusões e enxugamento de funcionários devem contar com uma grande equipe de especialistas, num programa de longo prazo e de execução por muitos anos e de forma sustentável. A desburocratização deve também constar da pauta de atividades permanentes.
Tudo indica que o governo atual está subestimando as dificuldades para a aprovação das reformas mínimas indispensáveis. Além de fornecer os projetos adequados, há que se atuar intensamente junto aos parlamentares, prestigiando os partidos e compreendendo como age cada um deles tentando atender os seus eleitorados e suas aspirações individuais, que nem sempre se confundem com os interesses nacionais. O governo necessita contar com uma equipe de políticos que tenham ampla vivência com os parlamentares e todos os seus auxiliares, que são predominantemente funcionários públicos, que vivem dos recursos públicos. A maioria dos dirigentes do Congresso Nacional leem as notas preparadas pelos seus auxiliares na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
O presidente Jair Bolsonaro deve entender que a campanha eleitoral já terminou com a sua vitória. Agora é preciso governar, até para atender os pontos fundamentais de seu programa e os desgastes políticos são naturais na medida em que projetos que afetam privilégios sejam aprovados. Parece indispensável que o governo persiga na redução do seu custeio, de forma que mais recursos possam ser mobilizados, no futuro, para os projetos que ajudem a acelerar o desenvolvimento nacional, de forma sustentável. É sempre duro escolher as prioridades que utilizam mais dos recursos disponíveis, mas eles são sempre escassos.