Banco Central na China e no Brasil
8 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo publicado no Project Syndicate, as mudanças que estão ocorrendo no Banco Central da China de forma tranquila, as necessidades brasileiras de ajustes
Um analista chinês de um think tank daquele país, China Finance 40, Miao Yanling, informa no artigo publicado no Project Syndicate que desde que o governador Yi Gang assumiu o comando do Banco Central da China uma revolução tranquila está ocorrendo naquela instituição, ajustando-se ao que é necessário atualmente para a política monetária e cambial do País do Meio.
Yi Gang, novo governador do Banco Central da China
Além do controle monetário e creditício, aquele Banco Central necessita preocupar-se com o câmbio, fundamental para seu balanço comercial com dos fluxos financeiros internacionais. Uma atualização do seu sistema bancário também figura como uma das tarefas importantes, o que está sendo feito de forma tranquila, sem grandes estardalhaços.
No Brasil, o atual Banco Central necessita contar com outras alterações que envolvem o Conselho Monetário Nacional, que era formado somente pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e o presidente do próprio Banco Central. As metas inflacionárias, por exemplo, eram fixadas por este Conselho para ser perseguido pelo Banco Central. No entanto, com a criação do Ministério da Economia, só resta o seu titular e o presidente do Banco Central, exigindo uma rápida e urgente alteração, pois também o câmbio influi de forma decisiva, tanto na inflação, juros, internos como no equilíbrio das contas externas, além do controle adequado dos meios de pagamento e do crédito.
Como o atual governo ainda não consolidado, já ocorrem riscos adicionais, com o governo concedendo prioridade para a Previdência Social, cujo rombo precisa ser estancado. Mas sem os juros e o câmbio adequados, toda a economia fica com maiores incertezas, acabando por provocar um crescimento bem abaixo do que seria desejável.
Mesmo sabendo que existem outras prioridades, os juros e o câmbio são “preços” vitais para a economia brasileira, que não pode aguardar por muito tempo as reformas fundamentais que precisam aprovadas. As autoridades necessitam chupar cana e assoviar ao mesmo tempo, enquanto o tempo vai desgastando o pequeno cabedal que foi acumulado nas eleições. Erros adicionais aceleram o desgaste das poucas reservas políticas disponíveis, num cenário interno e internacional bastante complicado.