Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Complexos Problemas Nacionais e Mundiais

26 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a exagerada subordinação ao decadente Estados Unidos, além das prioridades nacionais, apesar dos muitos esforços desenvolvidos, habilidades para as negociações políticas no Congresso sobre a Previdência Social | 2 Comentários »

As muitas dificuldades que se acumulam para o governo brasileiro sugerem a falta de experientes personalidades que os representem nas complexas negociações com os parlamentares, gerando muitos atritos desnecessários, como os muitos com o atual presidente da Câmara Federal Rodrigo Maia, que procurava desempenhar o seu importante papel. Receber pelos meios de comunicação social que ele estaria representando a velha política, levou-o a questionar o que seria a nova política. Estes lamentáveis episódios deixam resquícios sempre difíceis de serem totalmente superados. Também no cenário internacional, diplomatas brasileiros, inadequadamente preparados, parecem desconsiderar as situações que exigem uma compreensão mais ampla do que estaria em jogo no mundo, clip_image002sem se vincular com prejuízos imediatos aos interesses dos Estados Unidos, deixando o presidente Jair Bolsonaro exposto, ele que não tem nenhuma experiência no cenário mundial.

Mesmo renovado, o Congresso Nacional necessita contar com políticos do governo habilitados para as negociações das prioridades nacionais, como os da Previdência Social, compatibilizados com os mandatos que os parlamentares receberam de seus eleitores nas últimas eleições

As negociações no Congresso Nacional sempre são difíceis exigindo a participação de políticos do novo governo que já comprovaram suas competências no passado, que lhes dão credibilidade pelas meras palavras dadas que elas sejam consideradas quase sagradas. A simples designação do novo Executivo não é suficiente, mesmo que seja de um ministro da economia como Paulo Guedes, que não conta com credenciais de trabalhos executados no passado nestes tipos de negociações. Deixa-se, lamentavelmente, para trás o próprio presidente Jair Bolsonaro que, apesar dos seus diversos mandatos como deputado federal, não conquistou a fama de bom negociador e nem tem disposição para tanto. O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que deveria conduzir estas negociações, também não obteve esta imagem na sua carreira no Parlamento, sendo uma figura relativamente apagada, do chamado baixo clero.

Muitos ministros do novo governo, como Sérgio Moro, não conseguem compreender que os projetos de sua área são importantes, mas sem a aprovação prioritária de um mínimo razoável na Previdência Social este governo não tem condições de se manter no poder. São evidentes a falta de consistência dos membros do novo governo em variadas frentes, deixando o Parlamento e a opinião pública inseguros com relação ao futuro do país. Não se sabe mais o que o Brasil persegue em setores fundamentais, como a Educação e as pesquisas, que deixariam os brasileiros mais competitivos.

A imprensa nacional e internacional constata que Donald Trump conseguiu com Jair Bolsonaro tudo que desejava na recente viagem, sem proporcionar ao Brasil nenhuma vantagem substantiva. Mesmo o acordo sobre o uso da base de lançamento de foguetes de Alcântara, no Maranhão, os norte-americanos dispõem de alternativas, enquanto o Brasil não. O apoio dos Estados Unidos para ingresso do Brasil na OECD é altamente discutível, implicando na imediata eliminação brasileira das vantagens como país emergente na OMC. Os brasileiros ficarão sem a possibilidade de uso do câmbio na política comercial, passando a depender somente dos juros que já é elevado no país. É preciso reconhecer que os Estados Unidos estão sendo superados pelos chineses na qualidade de suas universidades bem como nos desenvolvimentos de pesquisas de ponta, que ajudam os países a se manterem competitivos no mundo, sem a concessão de subsídios ilegais, como o que vem acontecendo com os produtos agropecuários norte americanos.

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O Itamaraty está perdendo o pragmatismo que assegurava ao Brasil uma posição internacional relevante, acabando por ser envolvido em considerações ideológicas que podem prejudicar seu interesse comercial e financeiro externo

Os Estados Unidos estão envolvidos no constrangimento da Venezuela, induzindo a colaboração brasileira. A Rússia está enviando aviões, alguns militares, e equipamentos bélicos para aquele país, mesmo sem a intenção de se envolver mais profundamente na América do Sul. Muitos analistas internacionais estão entendendo que os russos pretendem usar o episódio como moeda de troca. Forçarão a redução da presença dos Estados Unidos na Europa por intermédio da NATO, para a qual o Presidente Donald Trump deseja que o Brasil colabore, mesmo que não tenhamos nenhuma condição para desempenhar um papel relevante nas relações do Hemisfério Norte. Também nas disputas que estão ocorrendo na Ásia, que continua aumentando sua importância no mundo, tudo indica que as pressões para continuidade da saída dos Estados Unidos parecem evidentes.

O Brasil, preso a considerações mesquinhas do ponto de vista ideológico, parece abandonar o pragmatismo que permitia colocar produtos brasileiros tanto no Oriente Médio como na Ásia. Ainda que informe que a China continuará sendo o principal parceiro do Brasil, superando até os Estados Unidos, acaba semeando dúvidas desnecessárias pela falta de uma política internacional mais clara. Assim, tanto internamente como no mundo, o novo governo não consegue deixar claro as prioridades que persegue, quando o país exige posições consistentes no mundo que está conturbado.


2 Comentários para “Complexos Problemas Nacionais e Mundiais”

  1. Mauricio
    1  escreveu às 17:36 em 30 de março de 2019:

    Ate no governo militar..Geisel sabia que nem tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil tanto que buscou se aproximar da China na década de 70
    Dentre os militares acho que já deve haver algum racha em relação a essa exagerada submissão aos EUA

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:57 em 4 de abril de 2019:

    Caro Mauricio,

    Quem tem um bom relacionamento com os militares brasileiros sabem que eles são profissionais, ficando exclusivamente na sua área. Os ex-militares depois de passarem para a reserva não possuem nenhuma influência sobre os que estão na ativa. A preocupação com a tendência do atual governo pender as posições dos Estados Unidos é uma questão de política externa, que deve ficar restrito ao governo e ao povo brasileiro, representado no Congresso Nacional.

    Paulo Yokota