Incertezas do Agronegócio Brasileiro no Novo Governo
8 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: disputas que ocorrem de forma desorganizada entre o Ministério da Agricultura e da Economia, o financiamento das pesquisas como da Embrapa, o problema do seguro rural, os volumosos recursos indispensáveis para a agricultura brasileira
Ainda que a agricultura e todo o sistema que lhe dá suporte venham sustentando parte importante da economia brasileira nos últimos anos, as discussões que estão ocorrendo, parcialmente abordada nos artigos como os publicados no Valor Econômico, evidenciam a falta de uma clara política do novo governo sobre o assunto. Pragmaticamente, o Ministério da Agricultura procura manter os créditos e subsídios equivalentes aos dos últimos anos, concentrando os nos pequenos e médios produtores, enquanto o Ministério da Economia procura reduzir os recursos orçamentários envolvidos, gerando uma incerteza que pode inibir perigosamente os empresários do setor num prazo mais longo.
Agricultura empresarial mecanizada no Centro Oeste brasileiro
Segundo artigos publicados no Valor Econômico, até a Fiesp se envolve nestas discussões, pois as empresas industriais, além de fornecer equipamentos e insumos, também industrializam parte de sua produção. Fazem parte do chamado agronegócios, que se tornou importante no Brasil nas últimas décadas. Também o sistema bancário e parte dos financiamentos concedidos, tanto aos produtores como os que operam com os produtos agropecuários, sendo o seguro rural crucial, envolvendo altos riscos e volumes substanciais de recursos para fazer frentes aos muitos problemas climáticos e outros problemas inerentes ao setor. A Embrapa, que era o suporte principal das pesquisas do setor, enfrenta substanciais cortes de recursos orçamentários para elas, muitas feitas em colaboração com o setor privado.
Mas existem ainda outros problemas, como a tributação dos ganhos de capital, que vieram proporcionando elevadas rentabilidades não contabilizadas aos proprietários rurais. Como eles estão na alçada municipal, as autoridades locais não têm interesse em tributar os que lhes dão suporte político nas eleições. Mas as limitações atuais das receitas tributárias podem obrigá-las a recorrerem também desta possibilidade.
São assuntos de vital importância sobre os quais o novo governo já deveria ter uma opinião consensual na sua equipe, mas não havendo uma definição mais clara, deixa todos os envolvidos nestas questões com muitas e perigosas incertezas. Os esclarecimentos se tornam urgentes, pois o resto do mundo não para, evoluindo de forma dinâmica neste setor, tanto da parte dos produtores que são concorrentes dos brasileiros como os importadores que consideram alternativas.