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Reflexões Sobre o Lamentável Massacre em Suzano

15 de março de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a disseminação irresponsável de jogos violentos pelos meios de comunicação, a tendência de imitação perigosa de outros acontecimentos no Brasil e no exterior, as causas das fragilidades de alguns jovens, as várias facetas envolvidas no lamentável massacre numa escola pública de Suzano

Pensando mais profundamente sobre as possíveis causas dos lamentáveis problemas como os que eclodiram na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, no Estado de São Paulo, precisamos reconhecer que todos nós somos responsáveis por parte dos mesmos que atingem alguns jovens mais frágeis, que se tornaram criminosos violentos. Levaram dois deles ao ato tão bárbaro que ceifou 10 vidas, deixando outros feridos e sequelas psicológicas que afetaram muitos estudantes e a toda população brasileira.

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Visão Geral da Escola Estadual Professor Raul Brasil em Suzano, SP, que materialmente aparenta estar bem instalado

Suzano, parte da Grande São Paulo, tem um nível de IDH invejável no Brasil e é hoje uma pequena cidade com muitas indústrias, serviços e população que trabalha na Capital, que há décadas contavam com muitos imigrantes japoneses que produziam frutas, legumes e hortaliças. A Escola Estadual Professor Raul Brasil localiza-se numa área relativamente nobre de Suzano.

As reflexões nos levam a reconhecer que alguns jovens são mais frágeis por terem sido criados em condições onde os pais não puderam proporcionar em seus lares as formações básicas antes mesmo que fossem para as escolas. Hoje, lamentavelmente, muitos casais estão separados por variadas razões, deixando os filhos para serem cuidados por outros, como os avós e parentes com o encargo de serem responsáveis por sua formação. Mesmo muitos pais ou responsáveis não têm condições de identificar possíveis problemas que estes jovens estejam enfrentando, como os dos bullyings que os afetam, ou outros que afetam suas vidas que são complexos e difíceis de serem diagnosticados.

Eles também são influenciados pelos jogos violentos transmitidos intensamente pelos meios eletrônicos, que os levam ao vício do seu uso desregrado e a tendência de pensar a realidade como algo parecido com estas fantasias. Acabam sendo afetados pelas notícias de muitos lamentáveis acontecimentos semelhantes no Brasil e no exterior, que entendem como formas de superar os problemas que não conseguem administrar.

Os meios de comunicação social, que passam no Brasil e no mundo por uma crise de grandes proporções, também não contam com mecanismos eficientes para as adequadas transmissões das imagens destes lamentáveis acontecimentos. Mesmo neste caso de Suzano parece que muitos estavam ávidos a transmitir cenas chocantes que chegariam a ser ofensivas às memórias das vítimas e seus familiares, mortos ou feridos. Como em outros casos, parece que existe uma tendência para outros desequilibrados procurarem copiar lamentáveis acontecimentos que tenham uma ampla repercussão pública, mesmo com suas mortes.

Parece evidente que dotar os professores e outros responsáveis pelas escolas com armamentos de fogo não seja a solução mais adequada, que pode ter como efeito aumentar as vítimas. Como imaginar que pesados investimentos na segurança das escolas sejam capazes de inibir a ação de desequilibrados. Desafios adicionais e mais difíceis de serem superados podem proporcionar efeitos não esperados junto àqueles que desejam aparecer na mídia para afirmarem que eles existem.

Há que se registrar que avanços vieram ocorrendo na educação, mesmo com todas as limitações dos recursos disponíveis. Muitas escolas contam com orientadores educacionais competentes, bem como serviços de psicólogos que estão aumentando nestas instituições. Eles são capazes de identificar, muitas vezes, os alunos que enfrentam problemas e necessitam de ajuda profissional para os superarem. Ainda que sejam soluções de prazo mais longo, há que se procurar soluções nas raízes dos problemas.

Cada caso é um caso, não cabendo uma generalização. Mas os depoimentos de seus familiares tendem a afirmar que eles eram normais, talvez com excesso de uso de jogos eletrônicos. Não são profissionais capazes de identificar comportamentos anormais. O processo de dotar as escolas de mais orientadores educacionais, de preferência com formações em psicologia, talvez consiga estancar a tendência de aumento deste tipo de eventos. Seria desejável que também os meios de comunicação social façam autocríticas, pois apontar posteriormente as deficiências da segurança não parece contribuir para a redução destes comportamentos que não podem ser aceitos como normais.