Difícil Discussão de uma Política Econômica Liberal
12 de abril de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: o problema dos países emergentes neste cenário mundial, The Economist coloca em discussão o populismo e a política econômica liberal, uma taxa de juros baixa no mundo com economia caminhando para um crescimento mais modesto
Do ponto de vista teórico não haveria dúvida que uma economia liberal em que o governo não interferisse na fixação da taxa de juros e no câmbio seria a mais adequada. No entanto, com a tendência de redução do crescimento econômico mesmo com juros baixos, até nos países desenvolvidos observam se pressões dos políticos no sentido de concessões de incentivos adicionais para estimular o crescimento, ainda que nem sempre se obtenha resultados animadores com os mesmos. Os países emergentes como o Brasil, neste cenário mundial, procuram formas de intervenção governamental para minorar os danos na sua economia, no mínimo para conseguir condições para não piorar sua situação, notadamente para minorar os seus agudos problemas do desemprego, que aparenta ser mais dramático.
Ilustração constante no The Economist, sugerindo que o governo de Donald Trump procura interferir até no FED nomeando diretores que procura manter os juros baixos para evitar a tendência de redução do crescimento de sua economia
Segundo a revista The Economist, algo semelhante também estaria ocorrendo em outros países até desenvolvido como os da Europa. Nos países emergentes como o Brasil, procura-se manter um câmbio que não produza efeitos deletérios sobre a sua economia, bem como reduzir as taxas de juros, na esperança que com um crescimento mais elevado para que haja condições de reduzir o seu desemprego que continua em níveis alarmantes.
O fato concreto é que muitos países desenvolvidos como os Estados Unidos, Europeus e até a China proporcionam subsídios de diversas formas para as suas produções para continuar competitivos no mercado internacional. Como o Brasil, que conta com inúmeros problemas que aumentam seus custos de produção, poderia se defender destas situações com uma economia liberal que evitasse interferir no câmbio e nos juros, ainda que isto ficasse mais elegante? Trata-se de uma situação dramática que acaba exigindo um pragmatismo realista.
A equipe econômica comandada por Paulo Guedes, com muitos membros formados na tradicional Universidade de Chicago, conhecida por recomendar uma economia mais liberal, acaba enfrentando problemas até com o presidente Jair Bolsonaro, como a decisão de evitar o aumento do preço do diesel, alegando que ele não entende de economia. A equipe econômica gostaria de evitar artifícios no preço deste combustível, prejudicando a Petrobras, que certamente seria impopular, podendo provocar até uma nova paralisação dos transportadores de cargas.
Também na autonomia do Banco Central do Brasil, tudo indica que haverá muitos atritos internos dentro do próprio governo, ainda mais no Congresso Nacional. Como afirma o presidente Jair Bolsonaro, o melhor projeto é aquele que tem condições de obter a aprovação dos parlamentares, mesmo dentro de um governo mal articulado com as forças políticas.
Tudo indica que as diversas reformas que a equipe econômica entende como indispensável exigirá diversas verdadeiras batalhas no Congresso nos próximos meses. Enquanto tudo isto não deslanchar, seria sobre humano exigir que empresários brasileiros e estrangeiros assumissem os riscos necessários efetuando substanciais investimentos no Brasil. Acaba-se desconfiando que em determinado momento Paulo Guedes e seus seguidores acabem ficando cansados de tomarem tantos tiros nas suas costas.