Empresas Japonesas Usam Startups Chinesas
15 de abril de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo de Shuhei Yamada do Nikkei sobre o assunto, as preocupações norte-americanas com as utilizações ilícitas das tecnologias, grandes empresas japonesas utilizam iniciativas criativas chinesas
Quando no passado era o Vale do Silício nos Estados Unidos que contava com muitas iniciativas inovadoras, hoje a China está superando o mundo no desenvolvimento de novos conhecimentos, fazendo com que até grandes empresas japonesas procurem utilizar estas criatividades.
Shenzhen na China conta com startups que estão sendo utilizadas por grandes empresas do mundo, inclusive dos Estados Unidos e do Japão
O artigo publicado por Shuhei Yamada no site do Nikkei Asain Review informa que grandes empresas japonesas, como a Toyota e a Hitachi, estão utilizando startups de Shenzhen, na China, quando no passado muitos consideravam perigosos o uso de organizações chinesas que costumavam se apropriar de conhecimentos tecnológicos de empresas estrangeiras. Todos sabem que os chineses estão atualmente muito agressivos nas inovações e mesmo grandes organizações, como a Airbus e a Intel, estão utilizando startups chinesas.
Informa-se que a Toyota está se associando com a chinesa IngDan para localizar startups chinesas interessantes, notadamente na “internet of things – IoT”. A empresa chinesa IngDan está trabalhando com cerca de 15 mil destas iniciativas, contando com uma vasta cadeia de suprimentos em Shenzhen. Também a Kyocera japonesa está abrindo um escritório em Shenzhen afiliada à prestigiosa Universidade de Tsinghua, com um centro de incubadoras de startups, notadamente nas maneiras de utilizar suas peças eletrônicas. A Daikin Industries japonesa planeja criar instalações na mesma Shenzhen para o desenvolvimento conjunto de produtos de ar-condicionado IoT.
A Hitachi realizou um concurso em Xangai, sendo a China o segundo país onde ela realiza este tipo de evento. Quinze equipes chinesas de funcionários e estudantes de startups participaram deste concurso. Os vencedores poderão ter suas ideias premiadas em serviços de fintech.
Na China, o cenário para startups explodiu nos últimos anos em áreas que vão desde o compartimento de automóveis até inteligência artificial. Afirma-se que aquele país já abriga cerca de 80% dos chamados unicórnios, ou empreendimentos de capital fechado que já estão sendo avaliados em US$ 1 bilhão ou mais.
A Airbus europeia tem um projeto para trabalhar com vídeos para aeronaves de passageiros com o chamado Royole, um unicórnio chinês que produz painéis de diodos emissores de luz orgânicos. A Royole ganhou a atenção mundial por vencer as coreanas Samsung Eletronics e Huawei Technologies no lançamento do primeiro smartphone dobrável.
A Intel uniu-se a IngDan em 2016 e, desde então, tem ajudado a empresa chinesa a desenvolver uma startup que fez robôs rodando em chips da empresa norte-americana. A BMW e a XNode realizou um concurso para desenvolver equipamentos de áudio para os automóveis. O governo chinês está estimulando empresas estrangeiras a fazerem estes investimentos, assegurando a proteção das propriedades intelectuais das mesmas.
O Brasil conta com tímidas iniciativas deste tipo, ainda que alguns jovens venham revelando seus talentos. Sem um desenvolvimento tecnológico robusto, o país tende a se tornar pouco competitivo no mundo e o atual governo não aparenta dar prioridade para estas iniciativas, lamentavelmente.