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Sessenta Anos do Casamento do Imperador do Japão

10 de abril de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: as dificuldades com o controle rígido da Agência da Casa Imperial, atual imperatriz Michiko, casamento do imperador Akihito com a plebeia, próxima sucessão ao príncipe herdeiro Naruhito

Uma matéria distribuída pela agência noticiosa japonesa Kyodo e publicada nos principais jornais japoneses informa sobre a cerimônia, nesta quarta-feira, que marca os 60 anos do clip_image002casamento do atual imperador Akihito com a princesa Michiko, a primeira plebeia que sofreu muito com o rigoroso controle dos protocolos da Agência da Casa Imperial no Japão.

O imperador Akihito e a imperatriz Michiko recebem os cumprimentos do príncipe herdeiro Naruhito e da princesa Masako, bem como do príncipe Akishito e da princesa Koko pelos 60 anos do seu casamento. Foto distribuída pela Agência de Administração da Casa Imperial

Apesar de todos eles estarem bem acomodados atualmente com o rígido controle imposto pela Agência de Administração da Casa Imperial do Japão, é público que a atual imperatriz Michiko, que nasceu plebeia, enfrentou muitas dificuldades. A ponto de sofrer uma forte depressão, chegando de perder a sua fala por um bom período.

Algo semelhante também ocorreu, em menor gravidade, com a princesa Masako que deverá se tornar imperatriz no próximo mês, com a abdicação do atual imperador ao atual príncipe herdeiro Naruhito, alegando problemas de saúde para continuar aos 85 anos com o encargo de imperador. Ela, também plebeia, era uma promissora diplomata, sendo o seu pai um ex-diplomata que chegou ao topo da sua carreira.

Tanto o atual imperador como o próximo estudaram na Inglaterra e estão atualizados com o que ocorre nas diversas casas imperiais que ainda existem em diversos países do mundo. O Japão sempre foi mais rígido nos seus protocolos, não permitindo a liberdade que outros nobres já contam nas suas vidas em outros países. Mas vêm ocorrendo aperfeiçoamentos, notadamente nas possibilidades de conversas com eles, quando no passado os interlocutores só podiam falar quando perguntados, evitando-se assuntos políticos e outros que pudessem provocar constrangimentos.

Muitos entendem que certo controle seja desejável para se evitar problemas como os que têm acontecido no Reino Unido ou os que ocorrem nos bastidores em outros países, pois todos estes nobres continuam sendo seres humanos com suas limitações naturais. Como os imperadores no Japão são chefes de estado, ainda que não sejam mais atualmente chefes de governo, parece conveniente que seus comportamentos pessoais não comprometam a imagem do seu país. Mas deve se entender que os atuais nobres são mais bem informados, bem mais sensatos que muitos burocratas que desejam controlar suas vidas.

Estes casamentos com as plebeias se tornaram necessárias pelo número restrito de nobres no Japão, que estavam provocando problemas graves de consanguinidade. Com maiores flexibilidades, os poucos nobres japoneses, principalmente membros da família imperial, devem enfrentar menos dificuldades.

Tudo indica que com o novo imperador haveria um passo a mais para reduzir o controle de suas vidas, aumentando as possibilidades de mostrarem suas qualidades de seres humanos, sensíveis aos problemas do seu povo como do resto do mundo.