Vigilância das Pessoas Pelos Meios Eletrônicos
15 de abril de 2019
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: artigo de Jianan Qian no The New York Times, critica ao totalitarismo político, desde 1949 com o livro de George Orwell 1984, pseudônimo de Eric Arthur Blair
Quando Eric Arthur Blair, sob o pseudônimo de George Orwell, publicou em 1949 o livro “1984”, indicando que os seres humanos poderiam ser vigiados por um governo totalitário, o assunto vem ganhando versões mais atualizadas, com base até na realidade atual, que lamentavelmente não conta com limites morais.
Capa da versão inglesa de 1984 de George Orwell
Jian Qian, uma escritora chinesa que vive atualmente nos Estados Unidos, publicou um artigo no The New York Times informando que há um ditado chinês: “tian gao, huangdi yuan”, que significa que “o imperador está tão longe quanto o céu”. Usam a expressão para afirmar que num país com uma população gigantesca como a China, o governo não consegue monitorar a todos. Mas os novos meios eletrônicos estão tornando isto possível, permitindo que as pessoas possam ser reconhecidas até pelas suas fisionomias captadas por câmeras postadas em lugares estratégicos.
A autora informa que no início, quando isto começou a ser usado na China, a população entendia que seria um mecanismo destinado à sua defesa com relação a potenciais criminosos. Hoje, muitos que são potenciais dissidentes, ameaçando o poder constituído, acabam tendo suas vidas acompanhadas, podendo ser presos em poucos minutos.
Isto não acontece somente na China, mas até em países considerados democráticos. Além das autoridades, há notícias que funcionários das empresas são vigiados, pois podem se apossar de dados que possam ser usados contra as mesmas ou se apropriar de informações confidencias sobre os segredos até tecnológicos dos produtos com os quais trabalham. Agências de informações de muitos países procuram colher informações estratégicas do ponto de vista militar ou diplomática, substituindo as espionagens tradicionais. No fundo, estes meios podem ser utilizados, como sempre, para o bem e para o mal.
Também muitas informações são obtidas utilizando-se os meios de comunicação. As autoridades policiais vêm usando muitas, até em juízos, para acusar criminosos de práticas ilícitas. Nas atividades empresariais, quando alguém faz uma compra de um produto pela internet, estas informações acabam sendo utilizada e até vendidas para os que desejam aumentar seus lucros, sem que os compradores sejam informados que estão sendo vigiados sem a sua autorização.
É muito comum que um comprador de uma viagem de turismo, ou algo semelhante, receba outras ofertas semelhantes em quantidades absurdas, na suposição que eles são potenciais clientes para produtos assemelhados. As autoridades não conseguem uma regulamentação eficiente, para formas de aproveitamento destes dados com aperfeiçoamentos contínuos. Meios de inteligência artificial fazem com que as empresas saibam mais sobre os clientes do que eles mesmos, ainda que não tenham autorizado o uso destes dados pessoais.
Há muitas informações que muitos destes dados captados de forma ilícita em países considerados democráticos estejam sendo utilizados politicamente, até para se obter vantagens eleitorais. Ainda que as transparências dos governos sejam anunciadas com insistência, o fato concreto é que, lamentavelmente, muitas distorções estão ocorrendo com grande velocidade, quando os controles das irregularidades caminham a passos de tartaruga.